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Depois de semanas alternando anomalias de temperatura da superfície do mar entre valores de neutralidade e de La Niña, o Oceano Pacífico Equatorial apresenta condições mais consistentes de resfriamento típicas de uma fase fria (La Niña).

NOAA

Hoje, conforme o último boletim semanal da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), dos Estados Unidos, a anomalia de temperatura da superfície do mar no Pacífico Equatorial Central-Leste (região Niño 3.4) está em -0,6ºC.

O valor está no limite inferior da faixa de La Niña fraco (-0,5ºC a -0,9ºC), ou seja, como era esperado, as condições são de fraca intensidade e não se trata de uma fase fria do Pacífico de grande intensidade.

É o segundo boletim semanal seguido com anomalia de -0,6ºC. No antepenúltimo, a anomalia de temperatura da superfície do mar no Pacífico Equatorial Centro-Leste foi de -0,3ºC, ou seja, dentro da faixa de neutralidade de -0,4ºC a 0,4ºC.

No Pacifico Equatorial mais a Leste, perto das costas do Peru e do Equador, a anomalia de temperatura da superfície do mar na chamada região Niño 1+2 foi de 0,3ºC no último boletim da NOAA.

O episódio de resfriamento atual se concentra desta forma no Pacífico Centro-Leste, logo é um evento mais centralizado de resfriamento e não em toda a faixa equatorial com águas mais quentes do que a média nas costas peruanas e equatorianas na última semana.

Resfriamento do Pacífico e o começo da safra

Com o resfriamento do Pacifico, a MetSul projeta que neste último bimestre de 2025 já serão sentidos os efeitos do fenômeno no Brasil com redução da chuva e déficit de precipitação em áreas muito ao extremo Sul do Brasil e aumento da chuva com excessos no Centro do país, afetando o Centro-Oeste e o Sudeste. A chuva frequente e volumosa pode prejudicar os trabalhos no campo em áreas do Centro-Oeste, Sudeste e do Paraná.

O fenômeno pode determinar períodos mais prolongados de chuva irregular e abaixo da média agora no final do ano em parte do Sul do Brasil, particularmente mais ao Sul do estado gaúcho, especialmente entre a Campanha e o extremo Sul do Rio Grande do Sul.

Uma vez que o Pacífico na costa peruana e equatoriana está com temperatura agora com valores acima da média e esta região tem grande influência da chuva do Sul do Brasil, por ora não se identifica um cenário agudo de escassez de precipitação. Ao contrário, a chuva deve seguir favorável principalmente entre a Metade Norte gaúcha e o Paraná com regularidade e volumes satisfatórios que garantem umidade para o solo.

Além disso, outro fato é o comportamento dos ventos ao redor da Antártida que deve favorecer chuva na maior parte do Sul e do Centro do Brasil com uma fase negativa atualmente estabelecida por semanas na chamada Oscilação Antártica. Com isso, na maior parte da Região Sul não há risco de estiagem no curto prazo, conforme a avaliação da MetSul Meteorologia.

O que é o fenômeno La Niña e como impacta o Brasil

O fenômeno La Niña tem impactos relevantes no sistema climático global, sendo caracterizado por temperaturas abaixo do normal na superfície do Oceano Pacífico equatorial central e oriental. Essa condição contrasta com o El Niño, sua contraparte quente, e faz parte do fenômeno El Niño-Oscilação Sul (ENOS), que influencia os padrões climáticos em todo o mundo.

Durante um evento La Niña, as águas do oceano Pacífico equatorial central e oriental ficam mais frias do que o normal. Isso tem efeitos significativos nos padrões de vento, precipitação e temperatura ao redor do globo. A última vez em que a fase fria esteve presente foi entre 2020 e 2023 com um longo evento do fenômeno que trouxe sucessivas estiagens no Sul do Brasil e uma crise hídrica no Uruguai, Argentina e Paraguai.

No Brasil, os efeitos variam de acordo com a região. O Sul do país geralmente experimenta menos chuva enquanto o Norte e o Nordeste registram um aumento das precipitações. Cresce o risco de estiagem no Sul do Brasil e no Mato Grosso do Sul, embora mesmo com a La Niña possam ocorrer eventos de chuva excessiva a extrema com enchentes e inundações.

Infográfico de La Niña e El Niño

Além da chuva, o fenômeno também influencia as temperaturas em diferentes partes do mundo. No Sul do Brasil, o fenômeno favorece maior ingresso de massas de ar frio, não raro tardias no primeiro ano do evento e precoces no outono no segundo ano do episódio. Por outro lado, com estiagens, aumenta a probabilidade de ondas de calor e marcas extremas de temperatura alta nos meses de verão no Sul.

Em escala global, quando o fenômeno está presente há uma tendência de diminuição da temperatura planetária, o que nos tempos atuais significa menos aquecimento da Terra. O aquecimento do planeta, entretanto, foi tamanho recentemente que a temperatura média do planeta hoje em um evento de La Niña forte tende a ser mais alta que em um evento de forte El Niño décadas atrás.

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