A La Niña atingiu nos últimos dias a sua maior intensidade desde que a agência de clima do governo dos Estados Unidos, a NOAA, declarou o retorno do fenômeno no último dia 9 de outubro. O fenômeno, no entanto, segue atuando com fraca intensidade.

NOAA
Hoje, conforme o último boletim semanal da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), dos Estados Unidos, a anomalia de temperatura da superfície do mar no Pacífico Equatorial Central-Leste (região Niño 3.4) está em -0,8ºC.
O valor está na faixa de La Niña de fraca intensidade (-0,5ºC a -0,9ºC). Já são seis semanas seguidas em que as anomalias de temperatura do mar são de La Niña na região Niño 3.4, que é designada para identificar se há El Niño ou La Niña no Pacífico Equatorial Centro-Leste.
A anomalia negativa de -0,8ºC informada no boletim desta semana é maior desde que foi declarada a La Niña há 45 dias pela NOAA. Trata-se ainda da anomalia mais baixa no Pacífico Centro-Leste desde janeiro deste ano.
No Pacifico Equatorial mais a Leste, perto das costas do Peru e do Equador, a anomalia de temperatura da superfície do mar na chamada região Niño 1+2 foi de -0,5ºC. Na semana anterior, a anomalia era de -0,7ºC nesta parte do Pacífico.
Essa zona em especial do oceano costuma ter impacto na chuva do Rio Grande do Sul e quando se resfria nesta época do ano tende a reduzir a chuva no estado gaúcho com impactos na agricultura.
Até quando a La Niña?
Os dados seguem indicando que este será um episódio muito curto e fraco da La Niña no Oceano Pacífico Equatorial com tendência de chegar ao fim no verão, em janeiro ou no máximo fevereiro, retornando as condições de neutralidade.
Última projeção da Universidade de Colúmbia, dos Estados Unidos, indica probabilidade de 67% de La Niña, 33% de neutralidade e 0% de El Niño no trimestre de novembro a fevereiro. Para o trimestre de verão, de dezembro a fevereiro, 53% de La Niña, 46% de neutralidade e 1% de El Niño
No trimestre janeiro a março, 35% de La Niña, 63% de neutralidade e 2% de El Niño. Já n trimestre de fevereiro a abril, 19% de La Niña, 76% de neutralidade e 5% de El Niño. E, no trimestre de outono, de março a maio, 12% de La Niña, 80% de neutralidade e 8% de El Niño.
O que é o fenômeno La Niña e como impacta o Brasil
O fenômeno La Niña tem impactos relevantes no sistema climático global, sendo caracterizado por temperaturas abaixo do normal na superfície do Oceano Pacífico equatorial central e oriental. Essa condição contrasta com o El Niño, sua contraparte quente, e faz parte do fenômeno El Niño-Oscilação Sul (ENOS), que influencia os padrões climáticos em todo o mundo.
Durante um evento, as águas do oceano Pacífico equatorial central e oriental ficam mais frias do que o normal. Isso tem efeitos significativos nos padrões de vento, precipitação e temperatura ao redor do globo. A última vez em que a fase fria esteve presente foi entre 2020 e 2023 com um longo evento do fenômeno que trouxe sucessivas estiagens no Sul do Brasil e uma crise hídrica no Uruguai, Argentina e Paraguai.
No Brasil, os efeitos variam de acordo com a região. O Sul do país geralmente experimenta menos chuva enquanto o Norte e o Nordeste registram um aumento das precipitações. Cresce o risco de estiagem no Sul do Brasil e no Mato Grosso do Sul, embora mesmo com a La Niña possam ocorrer eventos de chuva excessiva a extrema com enchentes e inundações.
Além da chuva, o fenômeno também influencia as temperaturas em diferentes partes do mundo. No Sul do Brasil, o fenômeno favorece maior ingresso de massas de ar frio, não raro tardias no primeiro ano do evento e precoces no outono no segundo ano do episódio. Por outro lado, com estiagens, aumenta a probabilidade de ondas de calor e marcas extremas de temperatura alta nos meses de verão no Sul.
Em escala global, quando o fenômeno está presente há uma tendência de diminuição da temperatura planetária, o que nos tempos atuais significa menos aquecimento da Terra. O aquecimento do planeta, entretanto, foi tamanho recentemente que a temperatura média do planeta hoje em um evento de La Niña forte tende a ser mais alta que em um evento de forte El Niño décadas atrás.

