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A Argentina volta a acender o sinal de alerta no campo com o retorno do fenômeno La Niña anunciado pela NOAA, a agência de clima do governo dos Estados Unidos, embora se preveja um episódio muito fraco e de curta duração entre este fim de 2025 e o início de 2026.

A La Niña é caracterizada pelo resfriamento das águas do Pacífico Equatorial central e oriental. Essa alteração afeta os ventos e a circulação atmosférica, desviando a umidade e reduzindo as chuvas sobre o Cone Sul da América do Sul. Na Argentina, o fenômeno costuma estar associado a estiagens, altas temperaturas e perdas agrícolas significativas.

Nos últimos anos, a repetição do evento trouxe impactos profundos. Entre 2020 e 2023, três safras consecutivas foram afetadas por secas históricas, com quebras expressivas de soja e milho. A economia sofreu com a redução das exportações, e o campo ainda se recupera das perdas.

Apesar disso, os especialistas mantêm o otimismo. O consultor climático da BCR, Alfredo Elorriaga, destacou que o solo ainda apresenta bom teor de umidade após as chuvas da primavera. Segundo ele, as precipitações convectivas típicas desta época do ano seguem ativas e podem sustentar a recarga hídrica em boa parte das áreas agrícolas.

Outro fator importante é o comportamento do oceano Atlântico. A BCR sublinhou que o Atlântico Sul se tornou o principal modulador do clima argentino e segue aquecido. Esse calor extra favorece a formação de nuvens e pode neutralizar parte dos efeitos de uma La Niña fraca, como já ocorreu em fevereiro deste ano, quando as chuvas se mantiveram regulares apesar do Pacífico frio.

Mesmo assim, a situação exige atenção. No centro-oeste e no nordeste da província de Buenos Aires, o excesso de umidade nos solos atrasou a semeadura do milho. Agora, com a possibilidade de semanas mais secas, os produtores temem que o ciclo climático vire bruscamente, prejudicando a germinação e o desenvolvimento das lavouras.

A safra 2025/2026 é crucial para o país. O governo de Javier Milei depende da entrada de divisas do setor agroexportador, que representa cerca de US$ 30 bilhões por ano. Uma nova quebra de safra poderia agravar o desequilíbrio fiscal e dificultar o ajuste econômico em curso.

IRI

Os mapas acima mostram a projeção multi-modelo da Universidade de Columbia de probabilidade de anomalia de precipitação para os trimestres de novembro a janeiro e de dezembro a fevereiro, compreendendo grande parte da safra de verão 2025-2026.

Como se observa nos mapas, a tendência é de irregularidade maior da chuva com valores abaixo da média principalmente neste fim de ano e no começo de 2026, sobretudo no Centro argentino.

A MetSul acredita que no decorrer do verão, com o provável fim das condições de La Niña, a chuva aumente na Argentina. Além disso, a chuva muito acima da média do inverno deste ano nas áreas agrícolas do país deixou maiores reservas hídricas, o que sugere um risco baixo de repetição das grandes secas de 2020 a 2023.

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