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Rúben López/IGN/Divulgação

Quando 2021 começou os moradores da ilha de La Palma, no arquipélago das Canárias, jamais poderiam imaginar que o Natal seguinte seria diferente de qualquer outro em suas memórias. Tudo começou a mudar em um domingo, no dia 19 de setembro, quando o vulcão Cumbre Vieja passou a expelir lava na mais longa e forte erupção na ilha em meio milênio.

Rapidamente, La Palma ganhou atenção mundial e a erupção foi parar nas capas dos principais jornais do planeta. Junto com a atenção mundial, vieram os cientistas. Especialistas vieram da Espanha continental e de outras partes do mundo para acompanha a erupção.

Entre eles, Rúben López do Instituto Geográfico Nacional (IGN), da Espanha.  Dele surgiu a iniciativa, junto com um pároco local, de fazer uma representação diferente do nascimento de Jesus em um Natal diferente de qualquer outro.

Domingo Guerra, padre da igreja de Tajuya, e Rubén López, geólogo do Instituto Geográfico Espanhol, queriam usar os restos vulcânicos para um presépio a fim de recordar a erupção de quase três meses que tanto sofrimento causou à população local e destruiu quase três mil casas de moradores de La Palma.

“Vamos fazer com lava e cinzas para que tenha uma representação do vulcão, já que estamos a apenas três quilômetros de distância”, disse López, 42 anos. “Queríamos fazer uma iniciativa pelo espírito natalino, em local como este, onde as pessoas estão tristes e preocupadas”, acrescentou.

Rúben López/IGN/Divulgação

Guerra, de 65 anos, disse que López procurou o material para o presépio em zonas de lava e cones vulcânicos. O presépio, que fica em frente ao altar da igreja que se manteve aberta durante toda a erupção aos fiéis, tem o berço do menino Jesus colocado sobre pedaços de lava negra, enquanto as pedras formam o pano de fundo do cenário e as cinzas vulcânicas se espalham ao redor dos três reis magos.

Rúben López/IGN/Divulgação

A erupção, que enviou rios de lava derretida descendo as encostas do Cumbre Vieja por semanas na ilha, foi a mais longa em La Palma desde que os registros começaram em 1500. Desde o início da erupção em 19 de setembro, milhares de pessoas foram evacuadas, pelo menos 2.910 edifícios foram destruídos e o principal meio de subsistência da ilha, as plantações de banana, ficou ameaçado.

Apesar da destruição do vulcão, o Natal chega a La Palma como uma forma de mostrar a força da população e como um gesto de esperança que se transmite dos adultos às crianças numa ilha onde as tradições ainda são respeitadas. Assim, as ruas ficam cheias de luzes, as árvores decoradas e as vitrines repletas de doces típicos.

“A manjedoura é uma tradição que minha mãe me ensinou desde pequeno e que toda a minha família praticava. Fiquei fascinado e animado. Estou há alguns anos tentando negar meus sentimentos e memórias, mas não vou perder um pingo de ilusão de memórias de minha infância. Uma dica: tente manter sua ilusão sempre que puder”, escreveu em seu Instagram o geólogo que fez o presépio vulcânico.

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