O inverno deste ano pode ser um dos mais frios dos últimos anos no Sul do Brasil, de acordo com análise da MetSul Meteorologia com base no que já foi registrado agora em junho e o que se espera ainda neste mês e no restante da estação.

CRIS FAGA/NURPHOTO/AFP/METSUL
O inverno climático ou meteorológico, que é usado na climatologia por ser um período fixo e não uma data móvel como pelo critério astronômico, o que permite comparações, teve início no primeiro dia de junho e vai até 31 de agosto. Já o inverno astronômico, que é uma data móvel, começa com o solstício hoje à noite às 23h42.
O inverno marca o período mais frio do ano no Sul do Brasil. As jornadas mais frias costumam ocorrer sob influência de ciclones extratropicais intensos no Atlântico Sul e que são responsáveis por impulsionar massas de ar muito gelado para o Sul do país.
Quando o frio está acompanhado de ciclone potente, é comum os gaúchos terem o vento Minuano, sensação térmica negativa, mínimas muito baixas, geada ampla e em alguns casos neve.
Sob intensos ciclones acompanhando massas de ar frio de maior intensidade, o vento pode ser muito forte no Rio Grande do Sul com rajadas perto ou acima de 100 km/h no Sul e no Leste gaúcho que proporcionam ainda grandes ressacas marítimas no litoral e sensação térmica muito baixa.
Junho e julho, historicamente, são os meses de temperatura mais baixa do inverno no Centro-Sul do Brasil enquanto agosto e setembro tendem a ter temperatura mais alta, inclusive com alguns dias de forte a intenso calor que lembram jornadas de verão com marcas perto ou acima de 35ºC.
Quase todos os anos, o mês mais frio do inverno ou é junho ou é julho. Dificilmente, o mês de agosto acaba sendo o mais frio da estação, embora possam ocorrer eventos de frio muito intenso no oitavo mês do ano.
A tendência é de um inverno mais frio que o do ano passado no Rio Grande do Sul, mas não de frio persistente. Haverá períodos de temperatura mais agradável e até calor em agosto e setembro, como ocorre na esmagadora maioria dos anos. A frequência e a intensidade das massas de ar frio, porém, parece maior neste ano desde o fim de maio.
Embora junho transcorra todo ele no chamado inverno climático, dois terços do mês estão no outono pelo critério do inverno astronômico. Com o que já se registrou de temperatura neste mês e se espera para a última semana do mês, é quase certo que este junho seja o mês mais frio de 2025 no Rio Grande do Sul, não sendo superado em médias por julho e agosto.
O fato de junho despontar como o mês mais frio de 2025 não significa que deixará de fazer frio em julho ou agosto. Ao contrário, massas de ar frio seguirão chegando e vão trazer dias de temperatura baixa ou muito baixa.
Nesse sentido, a tendência é de um inverno com temperatura perto da média no Rio Grande do Sul com possibilidade se ser mais frio que o normal em parte do estado, como em pontos do Oeste e do Sul gaúcho. Em Santa Catarina e no Paraná, a estação deve ter temperatura sem grandes desvios da média em muitas cidades, mas no território paranaense é provável que a temperatura fique ao menos acima da média em parte do estado.
Considerando o trimestre do inverno meteorológico, de junho a agosto, as condições observadas nestes primeiros 20 dias de junho e os que modelos de clima projetam para este fim de junho e julho, é muito possível que este trimestre de inverno seja o mais frio em anos no Sul do Brasil, em particular no Rio Grande do Sul, podendo ser o de menor temperatura média desde 2022 ou 2018, mais provavelmente 2022.
Invernos nos últimos anos foram menos frios
Os últimos dois anos, em especial, foram de temperatura acima a muito acima da média durante o inverno no Sul do Brasil, efeito do El Niño muito forte de 2023-2024 e de um padrão de temperatura do mar muito alta no Atlântico Tropical. Mas, nos últimos dez anos, a grande maioria dos invernos foi de menos frio e temperatura quase todos os anos acima da média no trimestre de inverno (JJA) no Sul do Brasil.

Anomalia de temperatura no trimestre de inverno (JJA) no periodo 2015-2024 | METSUL
O último inverno mais rigoroso foi o de 2016, que registrou um altíssimo número de dias com temperatura abaixo de zero no Sul do Brasil. Em 2017, uma estação mais quente que a média. Em 2018, mais frio que o normal no Rio Grande do Sul e mais quente no Paraná. Os anos de 2019 e 2020 tiveram uma estação mais quente que o normal. Em 2021, o sinal de temperatura foi misto. De 2022 a 2024, as temperaturas trimestrais de inverno ficaram acima da média.
Sempre é importante pontuar que médias trimestrais mascaram extremos, assim vários destes invernos de temperatura trimestral acima da média tiveram episódios ou períodos de muito frio. No ano passado, por exemplo, o fim de junho e a primeira metade de julho tiveram frio no período como se não via naquelas datas desde 2000.
Mudanças no clima
É inquestionável que as mudanças no clima com o aquecimento do planeta favorecem invernos menos frios aqui e em outras partes do mundo. Ano a ano, contudo, variáveis influenciam o clima para que ele seja mais ou menos frio na estação. El Niño, por exemplo, historicamente traz invernos mais úmidos e menos frios no Sul do Brasil.
O inverno de 2025 se inicia sob condições de neutralidade no Oceano Pacífico Equatorial e que devem persistir durante grande parte da estação, mas no fim do inverno pode ser observado um resfriamento das águas superficiais, embora um evento de La Niña seja improvável na estação.
Neste momento no Oceano Atlântico Tropical um resfriamento em torno do equador, entre a África e a América do Sul, quando nos últimos dois anos esta região apresentava temperaturas da superfície do mar extremamente altas e recordes.
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