A passagem da frente fria pela Argentina ontem e nas primeiras horas deste sábado trouxe chuva excepcional no Sul da província de Buenos Aires e vendavais que afetaram diversas cidades, inclusive a área metropolitana da capital argentina.
Chuva extrema acima de 300 mm causou inundações graves com ao menos dez mortos na cidade argentina de Bahia Blanca | PABLO PRESTI/AFP/METSUL
O episódio mais grave na Argentina de tempo severo se deu na cidade de Bahia Blanca, no Sul da província de Buenos Aires, onde ao menos dez pessoas morreram devido à chuva excepcional e sem precedentes que atingiu a localidade de 350 mil habitantes.
A chuva em poucas horas somou 290 mm na estação do aeroporto (oficial) e até 350 mm em estações particulares, marcas sem precedente em curto período na história da cidade, o que trouxe inundações catastróficas.
A cidade de Bahia Blanca colapsou. Ruas no Centro e nos bairros se transformaram em rios com a águas subindo um metro ou mais com forte correnteza, invadindo casas e estabelecimentos comerciais.
A água subiu tão rapidamente que muitas pessoas tiveram que se refugiar no altos das árvores ou em telhados das suas casas para escapar da enchente causada pelo que está sendo descrito como o pior temporal de chuva em um século no Sul da província de Buenos Aires.
Nas primeiras horas deste sábado, uma linha de instabilidade na dianteira da frente fria alcançou a cidade de Buenos Aires e sua região metropolitana com vendaval. Na cidade de La Plata, as rajadas chegaram a 97 km/h. Em Morón, o vento foi a 90 km/h.
Os episódios de tempo muito severo, especialmente a chuva extrema ocorrida em Bahia Blanca, trazem naturalmente a preocupação que condições semelhantes possam se repetir quando da chegada da frente fria ao Rio Grande do Sul entre hoje e amanhã.
Os dados analisados pela MetSul Meteorologia, entretanto, indicam que a frente deverá chegar menor atividade ao Rio Grande do Sul e com menor potencial de tempo severo que na Argentina.
Na esmagadora maioria das cidades gaúchas, os volumes de chuva devem ser baixos na atuação da frente fria neste fim de semana com acumulados, em média, de 10 mm a 30 mm.
Isoladamente, uma vez que a frente deve encontrar ar quente em sua dianteira e formar nuvens carregadas, há risco de chuva forte a intensa de curta duração em que os volumes podem ficar entre 30 mm e 50 mm com eventuais acumulados superiores.
Os mapas a seguir mostram as projeções de chuva para 72 horas do modelo de alta resolução WRF inicializado com os modelos norte-americano GFS e o modelo do Centro Europeu (ECMWF).
METSUL
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Como se observa, a tendência é de chover pouco na maior parte dos municípios gaúchos neste fim de semana na passagem da frente fria. É possível, inclusive, que em algumas localidades sequer chova e haja uma virada seca do tempo sem chuva e apenas com mudança do vento e queda de temperatura.
Desta forma, a possibilidade desta frente fria trazer chuva que possa causar cheias de grandes rios com enchentes no Rio Grande do Sul é nula. O máximo que pode ocorrer é a subida eventual de pequenos cursos d´água por ocorrências isoladas de chuva forte.
Os dados indicam um risco maior de chuva forte a intensa localizada na chegada da frente fria em pontos ao Leste dos estados de Santa Catarina e do Paraná, mas, se enfatiza, de forma isolada.
Assim como a chuva, em geral, não deve ser volumosa, o risco de tempo severo na chegada da frente fria é baixo na maior parte do Rio Grande do Sul. Não pode ser descartados temporais, obviamente, com o avanço da frente sobre a massa de ar quente, mas caso ocorram devem ser pontuais e isolados.
O que vai se ver em muitas cidades é a troca da massa de ar de quente para frio com vento moderado a ocasionalmente forte de 40 km/h a 60 km/h e rajadas isoladas superiores. Neste sábado, antes mesmo da chuva, em pontos do Oeste e do Sul, podem ocorrer rajadas de vento com a chegada do ar mais ameno.
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