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Guaíba avançou sobre o Cais Mauá na maior cheia desde 1941 | GUSTAVO MANSUR/GOVERNO DO ESTADO

27 de setembro de 2023. O dia que reescreveu a história da cidade de Porto Alegre. A capital gaúchos ao longo de seus 251 anos foi assolada por várias enchentes, a maior de todas em abril e maio de 1941, mas desde aquele distante ano da década de 40, recordado por nossos avós e bisavós, nenhuma pessoa nascida em Porto Alegre nos últimos 82 anos havia testemunhado o Guaíba tão alto como hoje.

As águas que orgulham o porto-alegrense pelas paisagens de fim de tarde e seu magnífico pôr do sol avançaram ontem com fúria sobre a cidade e as consequências teriam sido graves, como no passado, não fossem as obras de contenção de cheias executadas há meio século, como os diques da Castelo Branco ou da Avenida Beira-Rio.

O nível do Guaíba, conforme medição da Secretaria do Ambiente, foi a 3,18 metros no Cais C6 do Centro. Mesmo com a área submersa, a MetSul mediu na antiga régua física de madeira do portão central do cais cerca de 3,15 metros no começo da tarde.

Os valores observados superaram, assim, as cotas alcançadas nas duas maiores enchentes desde o trágico abril e maio de 1941: 3,13 metros em setembro de 1967, quando as águas chegaram até as avenidas Júlio de Castilhos e Borges de Medeiros, e os 2,97 metros em outubro de 2015.

Guaíba avançou sobre o que hoje é a Avenida Mauá em 1941 | MUSEU DA COMUNICAÇÃO

Cais inundado hoje e do outro lado do muro a Avenida Mauá seca | FERNANDO OLIVEIRA

Como no passado, em grandes enchentes, o intenso vento Sul associado a um ciclone na costa, que represa o Guaíba no Norte da Lagoa dos Patos, foi determinante para a súbita e acentuada elevação.

O nível que estava perto de 2,80 metros na medição do Cais Mauá no começo da noite de ontem se elevou rapidamente na madrugada e manhã de hoje até atingir os 3,18 metros entre o fim da manhã e o começo da tarde.

Como nas maiores cheias do passado, repetiram-se cenas algumas vezes vistas durante as últimas décadas do Guaíba avançando na orla de Ipanema e suas águas refluindo pela rede pluvial, como na Praia de Belas e Quarto Distrito, causando alagamentos em algumas ruas.

Assim como no outono de 1941, a grande enchente ocorreu no momento em que o clima está sendo influenciado por um forte evento de El Niño com chuva muito acima do normal no Rio Grande do Sul. Este setembro é o mês mais chuvoso da história da capital, superando abril e maio de 1941.