O nível do Guaíba passou a subir rapidamente a partir do meio e do fim da tarde com forte elevação inicialmente em postos de medição mais ao Sul da cidade e que depois se refletiram em subida nas estações de monitoramento por telemetria junto ao Centro Histórico.

Guaíba subia rápido em Barra do Ribeiro no fim da tarde deste domingo | ALEXIA HOPPE
A forte elevação das últimas horas já era esperada e havia sido prevista pela MetSul em seus boletins. Decorre da atuação de vento do quadrante Sul no Norte da Lagoa dos Patos que gera efeito de represamento e provoca a elevação súbita e rápida do nível.
Dados mostram que entre o começo da tarde e o começo da noite de hoje, em apenas seis horas, o nível do Guaíba subiu cerca de 30 centímetros, o que é uma taxa de subida muito rápida.
Isso, entretanto, é normal quando ocorre vento Sul. Em episódio de represamento por vento Sul, já vimos incontáveis vezes o Guaíba subir 30 a 50 centímetros em poucas horas.
Felizmente, embora forte, o vento Sul não chega a ser muito intenso no Norte da lagoa. Estações meteorológicas mais ao Sul de Porto Alegre registraram rajadas de 63 km/h no meio da tarde. Fosse vento mais forte, como já se viu no passado em ciclone intensos, a subida teria sido ainda maior.
A expectativa de curto prazo é de manutenção da tendência de alta, entretanto com o passar das horas o ritmo de subida deve atenuar bastante e cessar. Ou seja, o vento Sul não costuma na velocidade que se registra sustentar uma alta por muito tempo e em determinado momento o Guaíba estabiliza e/ou apresenta uma baixa.
Em sua mais recente projeção, o Instituto de Pesquisas Hidráulicas da UFRGS em seu excepcional trabalho de orientação técnica indica que o máximo deste repique de cheia se daria nesta noite de domingo e no começo desta segunda-feira, podendo atingir pelo cenário pessimista a cota de inundação (que consideram 3,60 metros para o Gasômetro) já neste domingo.

IPH/UFRGS
A nossa avaliação, entretanto, difere parcialmente. O Guaíba estava ainda a cerca de 25 cm da cota de transbordamento (2,75 metros) no começo do noite na régua do Cais C6 da SEMA, que reflete muito melhor a realidade do Cais da Avenida Mauá do que a medição do Gasômetro. Uma vez que a subida tende a se tornar mais gradual com o passar das horas, entendemos como difícil que a cota de inundação seja alcançada ainda neste domingo, mas o começo da segunda exige atenção.
Em nossa avaliação, à medida que o vento mais forte cede a alta não se sustentará sem vazão ao longo da segunda. E a vazão da chuva do fim de semana ainda está por chegar. Os picos de repique do Caí e do Taquari sequer tinham sido alcançados ainda no começo desta noite de domingo nos vales e o Taquari, que tem muito maior volume de água que o Caí e cujas águas param no Guaíba, ainda se elevava na parte alta da bacia.
Por isso, acreditamos que o pico real da cheia possa ainda acontecer com a chegada da vazão dos rios (principalmente do Taquari) pela chuva deste fim de semana na Metade Norte e cujos volumes ficaram exatamente no intervalo previsto em boletim na sexta-feira da MetSul Meteorologia de 50 mm a 150 mm.
Nesse sentido, esperamos que a vazão dos rios comece a ingressar a partir da tarde ou noite desta segunda-feira e atinja o seu máximo entre terça e quarta, quando deve chegar também a água que se precipitou na parte final do Jacuí com mais de 50 mm em pontos do Vale do Rio Pardo, o que é um volume relevante.
Assim, está mantida a nossa previsão que no melhor cenário (otimista), o Guaíba alcançará marcas próximas do pico da última quarta (ao redor dos 3 metros no Cais Mauá) e no pior cenário (pessimista) atingiria marcas perto ou ao redor dos picos das duas cheias do segundo semestre de 2023 (3,15 metros em setembro de 2023 e 3,45 metros em novembro de 2023 no Cais Mauá). Hoje, sabendo-se o que já choveu, o mais provável é um quadro entre o cenário otimista e da parte intermediária do intervalo das cheias de 2023.
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