
Guaíba segue acima de 4.50 metros com vários bairros inundados | GIULIAN SERAFIM/PMPA
Depois de três dias com o nível descendo de forma sustentada, a trajetória de baixa do Guaíba foi interrompida neste sábado com cotas ainda acima da marca de 4,50 metros, perto do máximo atingido na enchente de 1941 de 4,76 metros.
De acordo com as medições da régua do Cais Mauá, à meia-noite o Guaíba estava com 4,55 metros. Às três da manhã, encontrava-se com 4,56 metros. Às seis horas, o dado indicou 4,53 metros. Às nove da manhã, o nível era de 4,53 metros.
Ao meio-dia, o nível do Guaíba no Cais foi de 4,54 metros. Às três da tarde deste sábado, a régua apontou os mesmos 4,54 metros. E, agora no fim da tarde, às 18h, o nível junto ao Centro de Porto Alegre estava ainda em 4,54 metros. Entre 16h e 17h chegou a ficar cerca de duas horas em 4,55 metros.
Por que o Guaíba parou de baixar? O motivo tem origem meteorológica e hidrológica. No campo hidrológico, está chegando a vazão provocada pela chuva que caiu nas bacias dos rios contribuintes nos últimos três dias. Com os volumes não foram altos, não se observa uma elevação maior e apenas uma baixa mais lenta com estabilidade.
Além disso, neste fim de semana há vento do quadrante Sul no Norte da Lagoa dos Patos, gerando represamento e dificultando o escoamento das águas. O vento Sul não é forte, mas impacta o nível.
Mesmo breves oscilações de pequena alta como vistas hoje vão se repetir e este padrão de estabilidade é temporário, afina a tendência geral é manter a curva de baixa nos próximos dias.
A MetSul reforça reiteradamente que a enchente vai se prolongar ainda por muito tempo e que Porto Alegre vai começar junho ainda sob condições de cheia no Guaíba com áreas da cidade ainda com água.
Por que será uma enchente de longa duração? Esta é maior cheia já documentada em 150 anos de medições no Guaíba. O pico do começo do mês foi mais de meio metro superior ao de 1941. A enchente de 1941 durou mais de um mês e foi menor do que a atual.
O Guaíba, mesmo baixando, ainda está 1,55 metro da cota de transbordamento e 2,5 metros da cota de cheia, quando as ilhas começam a alargar com 2,00 metros. Vai chover na segunda metade da semana que vem e haverá um episódio de vento Sul forte a muito forte em torno do dia na lagoa, o que não vai levar a um novo máximo nesta enchente, mas retardará o caminho da normalização com altas temporárias.
Há o agravante da Lagoa dos Patos que está com nível muito acima do normal, o que torna a baixa do Guaíba mais lenta. Com o grande volume de água que já desceu para o Sul e com que ainda se espera de chuva, o processo de baixa do Guaíba será lento e gradual, fazendo com que a enchente demore a terminar e se mantenha até meados do mês de junho.
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