O fim de semana (18 e 19/6) foi marcado pela forte restrição de visibilidade e frio muito intenso o dia todo em Porto Alegre com padrões incomuns. Das 48 horas de sábado e do domingo foram 47 horas com neblina e/ou nevoeiro e 29 horas de nevoeiro na medição do Aeroporto Salgado Filho. No sábado foram 23 horas de neblina e/ou nevoeiro e 11 de nevoeiro. Já no domingo foram 24 horas de neblina e/ou nevoeiro e 18 de nevoeiro. Neste domingo a cerração foi muito persistente, o que já era esperado. Isso porque ainda entre 21h e 23h de sábado o nevoeiro começou a tomar a cidade, e cerração que baixa cedo em regra tarda a se dissipar.
Nevoeiro marcou o domingo inteiro em Porto Alegre com temperatura baixa – Fernando Oliveira
Nevoeiro raso entre os prédios de Novo Hamburgo no começo da noite de domingo – Rafael Cabral
O persistente nevoeiro determinou que o frio seguisse intenso ao longo de todo o dia e as máximas do domingo foram baixíssimas. Na rede do Sistema Metroclima, depois de uma mínima ainda no começo da madrugada de 2,5ºC na Serraria e antes do nevoeiro chegar naquela parte da cidade, as máximas sequer superaram 10ºC na maior parte de Porto Alegre. Foram de 8,1ºC no Moinhos de Vento e na Serraria, 8,6ºC na Tristeza, 8,8ºC no Sarandi e 9,6ºC no Morro da Polícia. No Jardim Botânico, estação usada para referência histórica na cidade, a máxima foi de 10,4ºC. Na onda de frio da nevada na Serra de agosto de 2013, Porto Alegre teve máxima de 10,1ºC no dia 26 de agosto. Em 1916 e 1942, em junho, a Capital teve dias em junho com máximas de apenas 8,7ºC.
Nevoeiro tão prolongado e persistente é incomum, mas acontece às vezes. Fator crucial neste episódio é inversão térmica. A análise é prejudicada pela escassez de mais dados de perfil atmosférico, afinal Porto Alegre não teve lançamento de balão meteorológico, mas em Santa Maria houve na manhã de domingo e foi possível constatar uma camada de inversão significativa entre perto da superfície e 3 mil metros de altitude. Mencione-se ainda a trajetória do ar frio, mais marítimo e carregado de umidade, com o centro de alta pressão de 1030 hPa posicionado no litoral da Argentina.
O forte nevoeiro acabou sendo protagonista no jogo desta noite de domingo do Grêmio contra o Cruzeiro de Minas Gerais vencido pela equipe gaúcha por 2 a 0. O que estamos chamando do “jogo do nevoeiro”. A visibilidade caiu tanto durante a partida iniciada às 19h30m que torcedores que estavam no anel mais superior do estádio foram convidados pelo telão e o serviço de som da Arena no intervalo a ver a partida no nível do gramado, mais próximo do campo, no segundo tempo.
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Foi um jogo excepcional pelas condições meteorológicas como foi o “jogo da neve” para o Grêmio em maio de 1979. Se no Centenário ou Alfredo Jaconi em Caxias do Sul é normal forte nevoeiro com muito frio, não temos na memória partida em Porto Alegre no começo da noite com frio de 8ºC e ainda com tamanha restrição de visibilidade, que é mais comum em horas da madrugada e do amanhecer (Com fotos de Filipe Assunção, Alexandre Aguiar, Pimpo Contursi, Daniel Lemmertz, Thiago Rosenfeld e Felipe Heinrich).