A MetSul Meteorologia reitera o alerta de que as condições atmosféricas são altamente propícias à ocorrência deste sábado no Rio Grande do Sul com áreas de instabilidade que se formam sobre o estado sob uma atmosfera muito aquecida em altitude.

Granizo que caiu no final da madrugada deste sábado em Bagé | JONAS SILVA
Pouco antes das 6h da manhã deste sábado, temporal com granizo de tamanho variado atingiu o município de Bagé, na região da Campanha, mas não há ainda informações de danos em consequência do granizo. Moradores relatam que em alguns pontos as pedras de gelo tiveram diâmetro maior.
A advecção de ar quente em altitude, combinada com a atuação de uma corrente de jato de baixos níveis (JBN), cria um ambiente atmosférico altamente propício à formação de tempestades localmente fortes e/ou severas com granizo.
Devido à corrente de jato em baixos níveis, que transporta ar quente para o Rio Grande do Sul, a temperatura no começo da madrugada deste sábado estava em 27ºC em áreas elevadas do Centro gaúcho. Algumas cidades, sob vento Norte, amanhecem neste sábado com 24ºC a 25ºC no Centro do estado.
Justamente o ar quente em altitude agrava o risco de ocorrência de granizo à medida que a atmosfera mais aquecida se torna mais instável e favorável à formação de nuvens de maior desenvolvimento vertical com chuva forte, raios, granizo e em alguns casos vendavais.
Conforme a análise da MetSul, o risco maior de granizo isolado na manhã deste sábado é para áreas do Centro e do Sul do Rio Grande do Sul. Da tarde para a noite, há risco de ocorrências localizadas de granizo na maioria das regiões gaúchas.
Advertimos que na maioria dos pontos em que ocorrer granizo as pedras de gelo serão de tamanho miúdo, mas em alguns locais há o perigo de o granizo ser de médio a grande tamanho com possibilidade de danos.
Prever exatamente onde o granizo vai cair é difícil porque ele se forma em partes muito localizadas de uma tempestade, geralmente dentro de fortes correntes ascendentes que podem ter apenas alguns quilômetros de largura. Essas correntes elevam gotas de chuva até grandes altitudes dentro da nuvem, onde elas congelam e crescem, formando pedras de granizo.
A formação e a queda do granizo dependem de processos microfísicos e de mudanças rápidas na estrutura interna da tempestade que os modelos meteorológicos não conseguem captar totalmente, especialmente na alta resolução necessária para prever com precisão. As tempestades também são sistemas altamente caóticos, formando-se e se regenerando com grande rapidez.
Mesmo assim, modelos numéricos são capazes de indicar macrorregiões em que há uma maior propensão para a ocorrência de granizo. Os mapas abaixo trazem as projeções de probabilidade de granizo para a madrugada, manhã, tarde e noite deste sábado, conforme o modelo norte-americano GFS.

METSUL
Com o avanço de uma frente fria, o Rio Grande do Sul terá a formação de mais áreas de instabilidade durante o domingo, assim o risco de ocorrência de granizo isolado persiste no estado amanhã e deve se estender ainda ao território catarinense e pontos do Oeste e do Sul do estado do Paraná.
A mesma atmosfera altamente propícia à ocorrência de granizo no Rio Grande do Sul se registra também no Centro da Argentina e no Uruguai, onde nas últimas horas o fenômeno foi observado em vários pontos, especialmente na província argentina de Santa Fé, que teve pedras de gelo de médio a grande tamanho.
O Serviço Nacional de Meteorologia dos Estados Unidos (NWS) possui quatro categorias para definir o tamanho de granizo: pequeno (menos de 2 centímetros), grande (2 cm a 4,5 cm), muito grande (4,5 cm a 7 cm) e gigante (maior que 7 cm).
Dentro de uma nuvem Cumulunimbus de tempestade, partículas de gelo se desenvolvem a partir de água superresfriada. As partículas caem em direção à parte inferior da nuvem devido à força da gravidade, mas são forçadas a subir por poderosas correntes ascendentes de ar dentro das nuvens (updrafts).
Na parte superior da nuvem, eles encontram mais água superresfriada, que congela sobre as partículas de gelo, adicionando outra camada de gelo, o que se dá de forma repetida.
Assim, os pequenos pedaços de gelo ficam cada vez maiores, tornando-se bolas de gelo, as pedras de granizo. As pedras de granizo finalmente se tornam pesadas demais para serem elevadas de volta ao topo da nuvem e caem em terra. Devido à forma como se formam, o granizo tem uma estrutura em camadas, como uma cebola.
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