A fumaça das queimadas do Brasil e países vizinhos cruzou todo o Oceano Atlântico e chegou ao Sul da África, mostra um conjunto de dados de satélite analisados pela divisão de aerossóis da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera, a agência de clima do governo dos Estados Unidos.
Análise realizada a partir dos dados dos satélites meteorológicos NOAA20, NOAA21 e NPP mostraram que a fumaça originada das queimadas na América do Sul foi levada por correntes de vento nos últimos dias até a parte meridional do continente africano.
Não é inusitado que correntes de vento levem material particulado a grandes distâncias com transporte transatlântico fumaça ou poeira. Nas últimas semanas, uma quantidade ínfima de fumaça de queimadas em florestas do Centro da África foi levada de Leste para Oeste e chegou ao litoral do Nordeste do Brasil.
O exemplo mais clássico, porém, de transporte de material particulado a distâncias enormes é o da poeira do Saara. Levada pelo vento, a poeira consegue alcançar áreas da Amazônia, no Norte da América do Sul, países do Caribe e da América Central, e até estados do Sul do Estados Unidos, como a Flórida.
A chegada da fumaça do Brasil e países vizinhos ao continente africano se explica pelo número excepcionalmente alto de queimadas nestes mês na América do Sul, o que liberou na atmosfera uma quantidade de aerossóis muito acima do normal.
Oito estados e o Distrito Federal superaram apenas na primeira quinzena do mês a média histórica de queimadas de setembro inteiro, de acordo com levantamento da MetSul Meteorologia a partir de dados de monitoramento por satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.
O estado com mais queimadas na primeira quinzena de setembro foi o Mato Grosso com 14.659 focos de calor, número acima da média histórica mensal de setembro 1998-2023 de 13.365 focos de calor.
Também registraram mais queimadas nos primeiros 15 dias de setembro que a média histórica do mês todo o Amazonas com 4.243 (média mensal de 3.157), o Distrito Federal com 102 focos de calor (média histórica do mês todo é de 62), Espirito Santo com 184 (87), Goiás 2.538 (2.240), Minas Gerais 3.578 (3.303), Pará 12.945 (9.257), São Paulo 1.873 (848) e Tocantins com 4.700 focos de calor (4.674 de média histórica mensal).
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