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A um mês do Natal, cidades de maior altitude do Sul do Brasil tiveram nesta terça-feira (25) formação de geada e temperatura muito baixa para esta época do ano com marcas inferiores a 5ºC no Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

MYCCHEL LEGNAGHI/SÃO JOAQUIM ONLINE

No Planalto Sul Catarinense, as baixas e fundos de vales amanheceram cobertos pelo gelo da geada no interior de São Joaquim nesta terça. A geada foi fraca a moderada, embora não generalizada no município.

As mínimas observadas por estações meteorológicas nesta terça-feira em Santa Catarina foram de 3,6ºC em São Joaquim; 5,6ºC em Bom Jardim da Serra; 5,7ºC em Urubici; e 6,5ºC em Painel e em Urupema.

Já no Rio Grande do Sul, as mínimas de hoje foram de 5,7ºC em São José dos Ausentes; 6,8ºC em Pinheiro Machado; 8,2ºC em Cambará do Sul; 9,1ºC em Herval; 9,2ºC em Capão Bonito do Sul; 9,3ºC em Pedras Altas; e 9,8ºC em Soledade.

Frio e geada são muito menos frequentes nesta época do ano, mas não é nada anormal que ocorram. Apenas que são mais esporádicos. Eventualmente, e já se viu em alguns anos, pode gear no Planalto Sul Catarinense até em janeiro.

O que vem destoando do padrão nas últimas semanas é a alta frequência de chegada de massas de ar frio ao Sul do Brasil, o que tem proporcionado muitos dias de temperatura abaixo da média e poucos de calor mais intenso.

São duas condições concomitantes que estão em cena e favorecendo frio muito tardio: uma está na Antártida e outra no Oceano Pacífico, com impactos no clima mundial e que afetam o Sul do Brasil. Como elas devem persistir, esta não será o último frio do ano.

Mudança de ventos na Antártida favorece chegada de ar frio

A chamada Oscilação Antártica (AAO) ou Modelo Anular Sul ou Meridional é uma das mais importantes variáveis que impacta as condições no Brasil e no Hemisfério Sul, tanto na chuva como na temperatura. Desde a metade de outubro ela tem sido negativa e, nos últimos dias, tem estado ainda mais negativa.

Do que se trata? Trata-se de um índice de variabilidade relacionado ao cinturão de vento e de baixas pressões ao redor da Antártida. A Oscilação Antártica tem duas fases. A positiva e a negativa.

Na positiva, o cinturão de vento ao redor da Antártida se intensifica e se contrai em torno do Polo Sul. Já na fase negativa, o cinturão de vento enfraquece e se desloca para Norte, no sentido do Equador, obviamente sem atingir a faixa equatorial.

À medida que há uma maior ondulação da corrente de jato na fase negativa, crescem as chances de episódios tardios de frio porque o ar polar não fica retido na Antártida e consegue avançar até as latitudes médias, como é o caso do Sul do Brasil.

La Niña também impacta

Atualmente, o Pacífico Equatorial está em condições de La Niña, o que proporciona frio tardio na primavera porque altera o padrão de circulação atmosférica na América do Sul. Em anos de La Niña, o jato subtropical costuma ficar mais ondulado, o que facilita a incursão de massas de ar frio que avançam com maior profundidade pelo Cone Sul e alcançam o Brasil mesmo em meses mais tardios da estação.

A primavera em anos de La Niña tende a ser mais dinâmica, com contrastes fortes entre períodos de calor e entradas de ar frio, aumentando a probabilidade de episódios tardios de temperaturas baixas com ciclones e ondas de tempestades severas quando as massas de ar frio e quente se encontram.

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