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A chuva acumulada nas estações convencionais do Instituto Nacional de Meteorologias nos primeiros dez dias de março foi de apenas 18,2 mm na cidade de São Paulo (Mirante de Santana), 3,6 mm em Belo Horizonte e 0 mm na cidade do Rio de Janeiro (Realengo). Ou seja, choveu muito pouco ou nada nas principais capitais da Região Sudeste.

O motivo para precipitações tão escassas é o posicionamento do canal primário de umidade da América do Sul, o rio voador que traz umidade da Amazônia e favorece chuva. A posição do canal determina onde vai chover mais e menos no território brasileiro. Durante o verão costuma atuar mais na faixa central do Brasil, entre o Norte, o Centro-Oeste e a Região Sudeste, reforçando-se em eventos da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS).

Já no inverno, pelo bloqueio da estação seca do Brasil Central, o canal é forçado para o Sul e o rio voador é frequente no Centro e Nordeste da Argentina, Uruguai, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. É o que explica em grande parte as médias de precipitação serem as mais altas durante os meses de inverno e de começo de primavera no território gaúcho.

Nas últimas duas semanas, entretanto, o rio voador que traz umidade da Amazônia esteve posicionado mais ao Sul que sua climatologia normal desta época do ano. O direcionamento da umidade pelo interior do continente para áreas mais ao Sul fez com que a chuva aumentasse, por exemplo, no Rio Grande do Sul, onde várias cidades já superaram a média de precipitação do mês inteiro nos primeiros dez dias de março.


Rio voador estava direcionado para o Sul do Brasil com menor quantidade de água precipitável sobre o Sudeste | CIMSS

Por outro lado, com o canal de umidade que deveria estar sobre o Sudeste normalmente neste período do ano direcionado ao Sul, a chuva teve uma notável diminuição nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo com uma incomum e longa sequência de dias sem precipitação em vários pontos destes estados. Isso resultou em muitos dias de sol e forte calor com a atmosfera mais seca e o tempo mais aberto.

Frente fria volta a organizar o canal de umidade sobre parte da Região Sudeste do Brasil nos próximos dias | METSUL

Mas este cenário está prestes a mudar. O avanço de uma frente fria a partir do Sul do Brasil vai devolver o corredor de umidade que vem da Amazônia para a Região Sudeste nos próximos dias, trazendo chuva para grande parte da região. Os volumes devem ser maiores principalmente nos estados de São Paulo e no Oeste de Minas Gerais, como no Triângulo Mineiro.

O tempo vai estar instável na cidade de São Paulo nesta sexta, durante o fim de semana e ainda na segunda-feira com chuva a qualquer hora. Há risco de chuva localmente forte a intensa em alguns momentos, o que pode trazer transtornos como alagamentos na capital paulista e na Grande São Paulo.

Na cidade do Rio de Janeiro, a influência da frente fria é menor neste fim de semana e o sol aparece com pancadas, mas na primeira metade da próxima semana o tempo vai estar mais chuvosos e com risco de elevados volumes de precipitação. Será preciso estar atento ao risco de chuva orográfica (associada ao relevo) no estado do Rio pelo avanço de ar frio pelo oceano com aporte de umidade para o continente, o que produz o risco de chuva isoladamente extrema.

Já em Belo Horizonte e região metropolitana, o efeito da frente fria não será relevante. A frequência da chuva volta a aumentar na capital mineira nos próximos dias, contudo não são esperados volumes altos, exceto por temporais isolados que ocorrem mais da tarde para a noite, e sol vai aparecer com nuvens a maior parte do tempo com temperatura elevada.

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