Ondas de gravidade atmosféricas são um dos fenômenos mais fascinantes e pouco conhecidos do céu. Elas surgem quando uma tempestade poderosa ou outro distúrbio perturba as camadas estáveis da atmosfera, criando ondulações que se propagam a grandes distâncias — um processo parecido com o das ondas que se formam quando uma pedra cai na água.
GABRIEL ZAPAROLLI
O fotógrafo gaúcho Gabriel Zaparolli, especializado em astrofotografia e em documentar fenômenos meteorológicos, conseguiu registrar as ondas de gravidade de coloração esverdeada geradas por uma tempestade que atuava no Sul gaúcho na noite de domingo
Essas ondulações transportam energia e podem se espalhar por centenas de quilômetros. Durante o dia, são visíveis como longas faixas paralelas de nuvens, conhecidas como “undular bores” ou “ondas de flutuação”. As nuvens se formam quando o ar é empurrado para cima nas cristas das ondas, resfriando e condensando a umidade.
À noite, quando é mais raro se captar imagens do fenômeno, o espetáculo ganha um brilho próprio. As ondas de gravidade podem aparecer como faixas luminosas esverdeadas no alto da atmosfera, em um fenômeno chamado airglow — o “brilho do ar”, que não deve ser confundido com as auroras.
Essa coloração esverdeada é resultado de reações químicas entre átomos e moléculas, geralmente entre 80 e 100 quilômetros de altitude. Quando as ondas passam por essa região, elas causam variações de temperatura e densidade que fazem o brilho aumentar ou diminuir, criando desenhos ondulados semelhantes a auroras, embora não sejam auroras.
Além da beleza, essas ondas têm importância científica. Elas podem influenciar a formação de novas tempestades e provocar turbulência severa, afetando a aviação mesmo em grandes altitudes. Meteorologistas e pesquisadores observam o fenômeno para entender melhor como a energia se move pela atmosfera e como isso impacta o clima.
Mas, atenção! Ondas de gravidade atmosféricas não têm relação com as ondas gravitacionais, que são distorções no espaço-tempo geradas por eventos cósmicos, como a fusão de buracos negros. Uma pertence ao domínio da meteorologia; a outra, à Astrofísica.
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