Mais de 80 milhões de pessoas estavam neste domingo sob alertas ou avisos de calor excessivo nos estados do Oeste e Sul dos Estados Unidos, onde temperaturas brutalmente altas e recordes de calor estão atingindo vários estados e desencadeando incêndios.

Bombeiros monitoram e iniciam uma queima controlada pelo incêndio de Rabbit Fire qe arde em Moreno Valley, Riverside County, Califórnia. Temperaturas brutalmente altas ameaçam dezenas de milhões de norte-americanos e várias cidades terão recordes de temperatura sob uma bolha de cúpula de calor implacável. | DAVID SWANSON/AFP/METSUL METEOROLOGIA

O Serviço Nacional de Meteorologia (NWS) alertou sobre “uma onda de calor generalizada e opressiva” em grande parte do Oeste até o Sul, com temperaturas escaldantes continuando nesta semana, aumentando os riscos à saúde de milhões.

“Temperaturas altas recordes generalizadas, bem como mínimas noturnas diárias altas recordes são esperadas em partes do Sudoeste, ao longo da costa Oeste do Golfo do México e no Sul da Flórida”, disse o NWS em um relatório da manhã deste domingo.

Em um canteiro de obras no Texas, nos arredores de Houston, um trabalhador de 28 anos lutava contra o calor escaldante. “Só quando tomo um gole de água fico tonto, com vontade de vomitar por causa do calor”, disse à agência AFP, dizendo que é fundamental manter-se hidratado.

Moradores da metrópole do Sul do estado de Texas foram solicitados a economizar eletricidade das 14h às 22h de sábado a segunda-feira, na tentativa de mitigar a alta demanda pela temperatura extrema.

Os californianos do Sul, que viram os termômetros chegarem a 41ºC a 43ºC no sábado, enfrentam um segundo dia de temperaturas igualmente brutais, com a temperatura devendo chegar a mais de 45ºC em partes da Califórnia, Nevada e Arizona, disse o NWS.

Na tarde de sábado, o famoso Vale da Morte da Califórnia, um dos lugares mais quentes da Terra, atingiu 51ºC com risco de vida e a temperatura prevista para a tarde deste domingo era ainda mais elevada.

Aeronave despeja retardante de fogo durante o incêndio de Rabbit Moreno Valley, no Condado de Riverside, na Califórnia. Bolha de calor assola os estados do Sudoeste norte-americano há dias com sérios riscos à saúde de idosos, trabalhadores da construção civil, entregadores e sem-teto. | DAVID SWANSON/AFP/METSUL METEOROLOGIA

A cidade de Idyllwild, a Leste de Los Angeles e cerca de 1.645 metros acima do nível do mar, ultrapassou seu recorde anterior de máxima. Imperial, Califórnia, a Leste de San Diego, igualou seu recorde diário de calor.

O NWS disse que o calor é a principal causa de mortes relacionada ao clima nos Estados Unidos e instou os norte-americanos a levar o risco a sério. “No total, do Sul da Flórida e da costa do Golfo ao Sudoeste, mais de 80 milhões de pessoas permanecem sob um aviso de calor excessivo ou alerta de calor desde o início desta manhã”, de acordo com o NWS.

As autoridades estão soando o alarme há dias, aconselhando as pessoas a evitar atividades ao ar livre durante o dia e evitar a desidratação, que pode rapidamente se tornar fatal em tais temperaturas.

Uma pessoa recebe atendimento médico de emergência após desmaiar pelo calor em uma loja de conveniência em Phoenix, Arizona. Ambulância foi chamada depois que a pessoa disse que sentiu muito calor, tontura, fadiga e dor no peito. São duas semanas seguidas de calor acima de 40ºC na área de Phoenix. | BRANDON BELL/GETTY IMAGES NORTH AMERICA/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Policiais de Tucson recolhem o corpo de uma pessoa moradora de rua falecida pelo calor. A temperatura corporal era de quase 39ºC no momento da descoberta do corpo sob calor extremo, em Estevan Park em Tucson, Arizona. | REBECCA NOBLE/AFP/METSUL METEOROLOGIA

No Arizona, a capital do estado, Phoenix, registra 17 dias consecutivos acima de 42ºC. A máxima chegou a 118ºF (47,7ºC) na tarde de sábado e permaneceram acima de 32ºC na madrugada deste domingo.

A cidade organizou voluntários para direcionar os residentes para centros de resfriamento e distribuir garrafas de água e chapéus, mas o chefe do programa, David Hondula, disse à estação local da ABC que sua programação de três dias por semana “claramente … não é suficiente”.

As ondas de calor estão ocorrendo com mais frequência e intensidade nas principais cidades dos Estados Unidos, de acordo com a Agência de Proteção Ambiental, com uma frequência de seis por ano durante as décadas de 2010 e 2020, em comparação com duas por ano durante a década de 1960.

“Esta onda de calor não é um calor típico do deserto”, escreveu o escritório do NWS em Las Vegas, especificando que “sua longa duração, temperaturas diurnas extremas e noites quentes” eram incomuns.

Satya Soviet Patnaik se protege do sol enquanto espera na fila para tirar uma foto na histórica placa de Bem-Vindo às Las Vegas durante uma onda brutal de calor em Nevada. O calor extremo é o perigo climático mais mortal nos Estados Unidos, de acordo com dados oficiais, com idosos, muito jovens, pessoas com doenças mentais e doenças crônicas em maior risco. | RONDA CHURCHILL/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Um trailer alugado passa por uma placa alertando sobre perigo de calor extremo no Parque Nacional do Vale da Morte (Death Valley), perto de Furnace Creek, Califórnia. A temperatura supera os 50ºC no parque. | DAVID MCNEW/GETTY IMAGES NORTH AMERICA/AFP/METSUL METEOROLOGIA

No Canadá, que está sofrendo com temperaturas quentes combinadas com meses de chuvas abaixo da média, a quantidade de área queimada por incêndios florestais devastadores até agora em 2023 subiu para um recorde histórico de 24,7 milhões de acres (10 milhões de hectares) no sábado.

“Estamos neste ano com números piores do que nossos cenários mais pessimistas”, disse à AFP Yan Boulanger, pesquisador do Ministério de Recursos Naturais do Canadá.

A fumaça dos incêndios florestais estava criando condições insalubres de qualidade do ar nas partes centrais dos Estados Unidos, semelhantes aos episódios de junho, quando a fumaça canadense cobriu a costa Leste norte-americana com uma névoa nociva.

Embora possa ser difícil atribuir um evento climático específico à mudança climática, os cientistas insistem que o aquecimento global ligado ao homem é responsável pela multiplicação e intensificação das ondas de calor.

Inundações também devastaram partes do Nordeste dos Estados Unidos nas últimas semanas. No domingo, autoridades do condado de Bucks, no leste da Pensilvânia, relataram três pessoas mortas e outras quatro desaparecidas após uma tempestade no sábado que gerou até 180 mm de chuva em uma hora, causando inundações repentinas que varreram veículos.