O furacão Fiona atingiu categoria 3 na escala Saffir-Simpson – que vai até 5 – e se tornou, assim, o primeiro intenso (categorias 3 a 5) do ano no Atlântico, informou o Centro Nacional de Furacões (NHC), dos Estados Unidos. A tempestade no Caribe alcançou categoria 3 no momento em que castigava as as Ilhas Turks e Caicos no começo desta terça.

Fiona causou inundações descritas como “catastróficas” pelo Serviço Nacional de Meteorologia dos Estados Unidos | GUARDA NACIONAL DE PORTO RICO/AFP´/METSUL METEOROLOGIA

O furacão já trouxe inundações e deslizamentos de terra catastróficos para Porto Rico, e causou falta de energia em toda a ilha. Enquanto as chuvas irregulares que seguem a tempestade permaneciam em Porto Rico e na República Dominicana, as precipitações mais generalizadas e fortes cessaram.

Agora, as Bermudas estão na trajetória do sistema à medida que avança para o Norte e ganha velocidade. A previsão é que a tempestade faça uma passagem com alto risco de danos pelas Bermudas na noite da quinta-feira, antes de acelerar ainda mais e seguir em direção a Terra Nova (Newfoundland), no Canadá.

Fiona deixou dois mortos e grandes inundações no Caribe. Com ventos máximos de quase 185 km/h, o furacão deve se fortalecer ainda mais, disse o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos. Até agora, Fiona deixou dois mortos: um homem, cuja casa foi arrasada no território francês de Guadalupe; e outro, na República Dominicana, morto enquanto derrubava uma árvore para se proteger da tempestade.

O presidente da República Dominicana, Luis Abinader, declarou três províncias do Leste como zonas de desastre: La Altagracia, que abriga o popular balneário de Punta Cana; El Seibo; e Hato Mayor. Várias estradas foram inundadas, ou bloqueadas pela queda de árvores, ou de postes de luz nos arredores de Punta Cana, o que deixou a localidade sem energia.

Imagens da imprensa local mostraram moradores da cidade litorânea de Higuey com água até a cintura, tentando salvar seus pertences pessoais. O NHC disse que “chuvas fortes e inundações repentinas localizadas que põem a vida em risco” continuarão nesta terça-feira em áreas da República Dominicana.

Enquanto isso, o presidente americano, Joe Biden, declarou estado de emergência em Porto Rico, o que autoriza a Agência Federal de Gestão de Emergências a fornecer assistência ao território livre associado aos Estados Unidos. O governador Pedro Pierluisi disse que a tempestade causou danos catastróficos com algumas áreas enfrentando mais de 760 milímetros de chuva.

Em Porto Rico, Fiona causou deslizamentos de terra, bloqueou estradas e derrubou árvores, linhas de energia e pontes, relatou Pierluisi. Um homem morreu como consequência indireta do apagão, ao morrer queimado, enquanto tentava abastecer seu gerador, conforme as autoridades.

Ontem à tarde, Nelly Marrero voltou para sua casa em Toa Baja, no norte de Porto Rico, para limpar a lama que se acumulou no interior. “Graças a Deus tenho água e comida”, disse ela por telefone à AFP. Há cinco anos, quando o furacão Maria atingiu a ilha, Marrero perdeu tudo.

Fiona causou grande apagão e deixou Porto Rico sem luz | AFP/METSUL METEOROLOGIA

Fiona deixou sem energia grande parte de Porto Rico, uma ilha de três milhões de habitantes. De acordo com o governador, a energia foi restaurada para alguns clientes ainda na segunda-feira. As autoridades locais também informaram que o furacão deixou cerca de 800 mil pessoas sem água potável como resultado da falta de energia e do transbordamento de rios.

Depois de anos de problemas financeiros e de recessão, em 2017, Porto Rico declarou quebra, a maior já anunciada por uma administração local dos Estados Unidos. Mais tarde, neste mesmo ano, o duplo golpe de dois furacões, Irma e Maria, aprofundou a miséria e devastou a rede elétrica da ilha, que há anos sofre grandes problemas de infraestrutura. A rede foi privatizada em junho de 2021 em um esforço para resolver a ocorrência de apagões, mas o problema persiste. No início deste ano, por exemplo, toda ilha ficou sem luz.