O governador de Porto Rico, um território dos Estados Unidos no Caribe, disse nesta segunda-feira que o furacão Fiona causou destruição “catastrófica” em áreas urbanas, deixando quase toda ilha sem energia. A tempestade de categoria 1 de lento deslocamento já trouxe volumes de chuva acima de 500 mm e pode provocar acumulados de até 800 mm, disse o Centro Nacional de Furacões.

Chuvas intensas associadas ao furacão estão inundando rios, provocando deslizamentos de terra e destruindo casas, estradas e pontes. O governador estimou “bilhões” de dólares em danos e alertou que a chuva deve continuar caindo até terça-feira à noite.

Fiona atingiu dois dias antes do quinto aniversário do Maria, a tempestade de categoria 4 que deixou Porto Rico no escuro por meses, matando mais de três mil pessoas. O governo federal norte-americano reservou bilhões para reconstrução, mas a lenta recuperação deixa comunidades vulneráveis.

Autoridades confirmaram várias mortes em Porto Rico, mas alertaram que o número total não será conhecido por algum tempo, já que as equipes de emergência continuam lutando contra enchentes, falta de energia e outros desafios. O governador Pedro Pierluisi informou que pelo menos duas mortes foram relatadas. Outra morte foi relatada em Culebra, uma pequena ilha na costa Leste da grande ilha.

O furacão Fiona deixou Porto Rico sem energia elétrica, relatou a Autoridade de Energia Elétrica de Porto Rico, empresa pública de geração de energia elétrica. O órgão conseguiu religar vários geradores, um primeiro passo para o restabelecimento da rede elétrica, afirmou seu diretor, Josué Colón.

Em entrevista transmitida pela televisão local, Colón disse que, segundo os protocolos estabelecidos, assim que conseguir reativar a rede, a autoridade tentará restabelecer em primeiro lugar o serviço em hospitais e em outros prédios governamentais que oferecem serviços essenciais.

O Serviço Nacional de Meteorologia dos Estados Unidos, por meio do seu escritório de San Juan, chegou a emitir um alerta urgente à população para que buscasse terreno mais alto devido às inundações que classificou como “catastróficas” na passagem de Fiona.

“Toda ilha está experimentando um grande acúmulo de água”, informou o governador de Porto Rico. As autoridades reportaram danos graves em muitas localidades, como quedas de árvores e da rede elétrica, deslizamentos, desmoronamentos e obstruções viárias. Em Utuado, no centro da ilha, a cheia de um rio arrastou uma ponte, segundo Pierluisi.

“Os danos que estamos vendo são catastróficos em várias áreas”, declarou o governador. Os rios Grande de Loiza e Cagüitas, no Norte e no centro da ilha, transbordaram em algumas áreas, disse o Serviço Meteorológico Nacional dos Estados Unidos (NWS, na sigla em inglês) no Twitter. Segundo a imprensa local, outros rios transbordaram no Sudeste da ilha, inundando rodovias e áreas urbanas.

Nas áreas de morros, várias famílias perderam os tetos de suas casas pelas rajadas de ventos e tiveram de se abrigar em refúgios habilitados pelo governo. O furacão deixou pelo menos 196 mil pessoas sem água potável devido aos apagões e às cheias dos rios, informaram as autoridades.

De acordo com o Serviço Nacional de Meteorologia, o recorde de Porto Rico de altura da chuva em 24 horas é de 23,75 polegadas (603,2 mm), estabelecido na Floresta Toro Negro em 7 de outubro de 1985, durante a passagem de uma onda tropical que mais tarde se tornou a tempestade tropical Isabel. O Serviço Nacional de Meteorologia informou que Fiona trouxe 22 polegadas (559 mm) durante domingo numa estação. Os pluviômetros perto da cidade de Ponce indicaram 533 mm e perto de Caguas o registro foi de 524 mm.

CBP AMO REGIONAL DIRECTOR SOUTHEAST/DIVULGAÇÃO

CBP AMO REGIONAL DIRECTOR SOUTHEAST/DIVULGAÇÃO

Vento acima de 100 km/h em Nagua, República Dominicana, na chegada do furacão Fiona que deixou estragos no país caribenho | ERIKA SANTELICES/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Após atingir Porto Rico, o furacão atingiu a República Dominicana com chuvas, ventos fortes e inundações. Ruas alagadas, vias bloqueadas e postes de luz derrubados são consequência das precipitações registradas na madrugada de hoje nos setores de Bávaro, Verón e Friusa, na turística Punta Cana. A região está sem energia elétrica.

Ventos e chuvas também castigaram Nagua, ao Norte. A imprensa local relata inundações em outras localidades costeiras deste país caribenho, entre elas Higüey. “O olho do furacão Fiona tocou solo na costa da República Dominicana perto de Boca de Yuma às 3h30 (4h30 no horário de Brasília)”, com ventos estimados em 150 km/h, informou o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos.

As chuvas continuarão “pelo menos até quinta-feira”, disse Francisco Holguín, do Escritório Nacional de Meteorologia (Onamet), em entrevista à televisão. O Centro de Operações de Emergência de Dominicana anunciou hoje que três novas regiões foram declaradas em alerta vermelho, agora em 16 do total de 32 províncias do país. Ainda não há um balanço oficial de danos. A República Dominicana suspendeu o dia de trabalho nesta segunda-feira.