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ROVENA ROSA/AGÊNCIA BRASIL/EBC

Tempestade severa atingiu a cidade de São Paulo no começo da noite de sexta-feira com estragos e falta de luz em muitas áreas da capital paulista. As rajadas de vento passaram de 100 km/h. Na manhã deste sábado, cerca de 1,6 milhão de clientes ainda estavam sem energia elétrica.

Com o vendaval, a fachada de um shopping center foi arrancada pela tempestade. Voos chegaram a ser cancelados no Aeroporto de Congonhas e a circulação de trens foi afetada pela força da tempestade.

Na cidade de São Paulo, na zona Sul, a estação meteorológica automática do Instituto Nacional de Meteorologia em SESC-Interlagos registrou no começo da noite de ontem uma rajada de vento de 107 km/h.

Embora temporais sejam comuns nos meses quentes do ano, vento tão forte não é frequente na capital paulista. O vento de 107 km/h de ontem superou os 104 km/h do temporal de novembro do ano passado, que deixou muitas áreas da cidade de São Paulo por vários dias sem luz.

Apesar de o pior ter se concentrado em bairros da zona Sul, o temporal com rajadas de vento da noite de ontem atingiu toda a cidade de São Paulo. O vento na cidade chegou ainda a 89 km/h no Campo de Marte e a 80 km/h no Aeroporto de Congonhas, ou seja, ventou muito forte de Norte a Sul na capital paulista.

Mas o que fez com que o temporal fosse tão forte? Nuvens carregadas, obviamente, explicam o temporal. Formações de nuvens do tipo Cumulonimbus costumam causar temporais na cidade de São Paulo nos meses quentes da segunda metade da primavera, quando retorna a umidade, e o verão.

Mas nuvens carregadas apenas não explicam a força da tempestade. Muitas vezes se formam nuvens de grande desenvolvimento vertical na cidade de São Paulo durante o verão e o efeito é apenas chuva forte e não vento.

O vento, principal fenômeno severo observado na tempestade de ontem à noite, foi decorrência principalmente de contraste térmico entre massas de ar, o que costuma ser a causa de ondas de vendavais no Sul do Brasil e não está presente nos temporais comuns de verão que ocorrem em São Paulo, resultantes apenas de calor e umidade.

O mapa abaixo mostra anomalia de temperatura em 850 hPa (nível de pressão em 1500 metros de altitude) na noite de ontem no Sudeste do Brasil, de acordo com a análise d modelo do Centro Meteorológico Europeu (ECMWF).

METSUL

Como se observa, havia um marcado contraste térmico presente no estado de São Paulo. Ar mais frio ingressava a partir de Oeste enquanto mais ao Sul e o Leste do estado ainda havia ar muito quente na atmosfera.

O avanço do ar mais frio sobre o ar quente, com a rápida troca de massas de ar, foi o fator determinante para que o temporal viesse com vendaval forte na cidade de São Paulo e também em vários pontos da Grande São Paulo e do interior do estado.

Imagem de satélite do começo da noite de sexta-feira | METSUL

Mas por que o contraste térmico? Havia dois sistemas meteorológicos atuando. No Sul do Brasil, centro de baixa pressão trazia instabilidade no Sul do Brasil e a frente fria associada avançava por São Paulo. Como é normal neste tipo de situação, ar mais frio avança pelo interior do continente e ingressa no território paulista pelo Oeste, deslocando-se de Oeste para Leste.

Finalmente, a tempestade que atingiu a cidade de São Paulo pode ser considerada como severa porque preencheu ao menos de um dos requisitos elencados no conceito do Serviço Nacional de Meteorologia dos Estados Unidos (NWS). Conforme o NWS, uma tempestade pode ser considerada severa se produz rajadas de vento de pelo menos 93 km/h, granizo de 2,5 cm ou mais de diâmetro e/ou tornado.

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