Várias cidades do Rio Grande do Sul testemunharam hoje imagens impressionantes de completa escuridão em pleno dia com tempestades que se formaram sobre o estado. Em muitos municípios, o dia virou noite de manhã com o céu perto do meio-dia mais parecendo meia-noite.
O dia virou noite em cidades do interior gaúcho como Bagé, Jaguarão, Pelotas, Alegrete, Livramento, São Vicente do Sul, Rosário do Sul e outras com nuvens extremamente carregadas associadas a uma frente quente que provocaram chuva forte, vendavais de até 120 km/h e queda de granizo de variado tamanho.
Então, por que escureceu tanto e o céu parecia da noite e não do dia? Foram duas as causas, uma principal e uma secundária que agravou a escuridão que naturalmente já ocorreria. A primeira e principal foi a nebulosidade de grande desenvolvimento vertical com nuvens de até 15 quilômetros ou mais de altura.
Nuvens são feitas de inúmeras gotículas de água. Essas gotículas espalham a luz do sol de modo que apenas uma pequena fração dela atinge nossos olhos. Quanto mais espessa a nuvem, mais escura ela parece.
Muitas vezes, quando olhamos para as nuvens, elas são brancas, mas antes de uma tempestade, você pode notar que as nuvens ficarão mais escuras ou mais cinzas ou até pretas.
As nuvens se formam quando o ar próximo ao solo esquenta, ele começa a subir e dentro desse ar ascendente há vapor de água. À medida que o ar sobe, ele esfria e o vapor de água dentro do ar ascendente se condensa em partículas no ar. O vapor de água ou cristais de gelo se unem, ou se juntam, para formar nuvens.
As partículas na atmosfera espalham mais luz azul do que outras cores, e é por isso que o céu parece azul, mas as pequenas partículas de nuvens espalham todas as cores da luz igualmente, o que compõe a luz branca.
Então, o tom cinza tem tudo a ver com a espessura das nuvens e a altura em que estão. Quanto maiores as gotas de água, mais cinza antes da chuva. Isso ocorre porque a luz é absorvida em vez de ser espalhada, o que significa menos luz passando.
Ou seja, uma nuvem fica mais espessa e densa à medida que reúne mais gotículas de água e cristais de gelo — quanto mais espessa ela fica, mais luz ela espalha, resultando em menos luz penetrando por todo o caminho.
Esse efeito se torna mais pronunciado quanto maiores as gotículas de água ficam, como logo antes de serem grandes o suficiente para cair do céu como chuva, porque elas se tornam mais eficientes em absorver luz, em vez de dispersá-la.
Essa foi a causa principal e primária da escuridão nesta segunda-feira, tanto que passado o temporal voltou a clarear. Imagens de satélite mostravam nuvens com topos de até 80ºC negativos durante a manhã na Metade Sul, logo muito altas e carregadas de chuva e gelo, reduzindo a luminosidade.
Mas havia um fator secundário nesta segunda-feira que agravou a escuridão, mas não foi a causa principal da impressionante redução de luminosidade que se observou em diversas cidades gaúchas durante o período da manhã.
Imagens de satélite geradas nesta segunda-feira pela divisão de aerossóis da agência de clima do governo dos Estados Unidos, a NOAA, em Washington, mostravam uma enorme área da América do Sul coberta por densa fumaça (em marrom).
Na imagem, o Rio Grande do Sul aparece quase todo em cinza, mas isso não significa que não havia fumaça. O branco se dá porque havia nuvens cobrindo o estado, o que impedia o registro de fumaça pelo satélite.
Mas havia fumaça e muita presente na atmosfera do Rio Grande do Sul durante os temporais. Nas áreas imediatamente ao redor do estado, como no Norte da Argentina, se observava o corredor com densa fumaça se estendendo até o Rio Grande do Sul. Assim, a fumaça não causou a escuridão, mas fez com que ela se tornasse maior.
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