Uma série de temporais, alguns isoladamente fortes a severos, na última noite, causou estragos em diversas localidades do Noroeste do Rio Grande do Sul e do Oeste e do Meio-Oeste de Santa Catarina com queda de árvores, postes, destelhamentos e falta de energia elétrica.
Os ventos passaram de 100 km/h em diversos municípios com rajadas medidas em estações meteorológicas de até 130 km/h. A chuva foi ainda intensa com acumulados em alguns pontos acima de 100 mm em poucas horas.
Vendavais com rajadas acima de 100 km/h causaram estragos em cidades do Noroeste do Rio Grande do Sul no final da segunda-feira. Os vendavais atingiram municípios como São Luiz Gonzaga, São Miguel das Missões, Santa Rosa e Cerro Largo.
Em São Luiz Gonzaga, nas Missões, o vendaval intenso derrubou árvores em diversos pontos da cidade, incluindo na Praça da Matriz. Ao menos 15 residências foram destelhadas pelo vento no município.
Os temporais se estenderam depois ao Oeste e ao Meio-Oeste catarinense. Estragos e transtornos foram registrados como quedas de árvores e destelhamentos de edificações, principalmente nos municípios de Mondaí, Videira, Riqueza, Caibi e Palmitos, dentre outras cidades.
Em Chapecó, o temporal derrubou árvores e causou falta de energia em grande parte da cidade. Quando do início do temporal, perto da meia-noite, mais de 50 mil unidades consumidoras chegaram a ficar sem energia elétrica na cidade do Oeste catarinense. As aulas foram suspensas.
Vento de até 130 km/h
Estações meteorológicas registraram rajadas de vento acima de 100 km/h no Oeste de Santa Catarina. De acordo com o monitoramento meteorológico da Epagri-Ciram, o vento durante a passagem dos temporais pela região atingiu 126 km/h no município de Alpestre e 100 km/h em Chapecó.
A chuva foi também muito intensa e volumosa durante a passagem das tempestades que estavam associada a um sistema convectivo de mesoescala. Algumas cidades anotaram 50 mm a 100 mm em apenas seis horas. Frederico Westphalen, no Médio Uruguai, tem mais de 200 mm acumulados em apenas dois dias. ,
O que é sistema convectivo de mesoescala
Um sistema convectivo de mesoescala se formou sobre o Noroeste do Rio Grande do Sul no começo da noite da segunda-feira e avançou depois para o Oeste catarinense. Este tipo de formação, comum durante a primavera e o verão entre o Nordeste da Argentina, o Sul do Brasil e o Paraguai, costuma estar associada a tempestades e chuva intensa.
Sistema Convectivo de Mesoescala é definido simplesmente como um grupo organizado de tempestades que é maior que uma única tempestade e menor que um sistema de tempestade em escala sinótica. Isso geralmente significa que duram entre três e seis horas e abrangem área maior que uma cidade ou poucas cidades.
Em sendo um aglomerado de tempestades maior que um temporal individual, atinge um número alto de municípios. No entanto, também é menor do que os sistemas de tempestades sinóticas, como por exemplo um ciclone. Estes sistemas são quando o ar resfriado pela chuva de várias tempestades une forças para criar uma área fria maior. Essa área se espalha e atua como uma mini frente fria, desencadeando novas tempestades à medida que avança.
Uma das características mais comuns em sistemas convectivos são os ecos em arco no radar, uma área de alta refletividade que se “curva” à frente do resto da tempestade. A curvatura geralmente é causada por uma forte corrente descendente localizada ou, às vezes, por um canal de ar mais organizado em todo o sistema que flui da parte de trás da tempestade para a frente.
A MetSul Meteorologia havia alertado para fortes temporais com risco de vendavais no Noroeste gaúcho, onde horas antes do vendaval a temperatura havia alcançado 34,4ºC em Porto Vera Cruz, a partir de uma massa de ar superaquecida que elevou as máximas ontem a 45ºC na Argentina, 46ºC no Paraguai e 46,5ºC na Bolívia.