Os volumes de chuva no último trimestre em muitas cidades do Rio Grande do Sul não alcançaram a metade do normal para o período. O enorme déficit de precipitação agravou a estiagem que ocorre desde novembro do ano passado, causando perdas bilionárias na agricultura e falta de água para consumos humano e animal.
Em muitas cidades, o volume no trimestre de fevereiro a abril ficou em torno de 30% do normal para o período de 90 dias. A resposta do sistema hídrico foi proporcional à escassez de chuva e o nível dos rios vem diminuindo de forma preocupante nos últimos meses em todo o Sul do país, que passa por severa estiagem.
Segundo o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) o subsistema Sul (composto principalmente pelos rios Iguaçu, Jacuí e Uruguai) está com apenas 15% da capacidade dos reservatórios.
Um estudo histórico da ENA (Energia Natural Afluente) do trimestre fevereiro, março e abril conduzido pela Electra Energy com base na média ponderada (MP) do trimestre, mostrou um impacto imenso no sistema elétrico regional.
De acordo com o meteorologista Gustavo Verardo, a média ponderada da ENA do trimestre FMA de 2020 foi a menor de toda a série histórica do subsistema devido à baixa vazão dos rios que o compõem, como consequência da forte estiagem que assola todo o Sul do país.
A série teve início no ano de 1931, ou seja, foi o pior trimestre dos últimos 89 anos. Os anos que tiveram os menores valores da média ponderada de ENA foram 2020, 1952, 1943, 1945 e 1935.
Apesar desse cenário desolador, a banderia tarifária para o mês de maio será a verde pelo quarto mês consecutivo. Segundo análise A ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), o motivo é a combinação do nivel dos reservertórios das hidrelétricas com niveis relativamente elevados em outros submercados do sistema e as medidas de combate a pandemia do coronavírus sobre o consumo de eletricidade. Os grandes consumidores de energia se concentram na indústria e a redução da atividade econômica provocou uma grande diminuição da carga.
Com isso é possivel atender a demanda de energia do Sistema Interligado Nacional (SIN) sem a necessidade de acionamento do parque termelétrico de forma sistêmica.
A Energia Natural Afluente do submercado Sul chegou a cair abaixo de 1000 MwMed no começo desta semana, um valor incomum pela maior regularidade da chuva no Sul do Brasil ao longo de todo o ano, particularmente no Rio Grande do Sul.
A meteorologista da MetSul Estael Sias antecipa que esse cenário de ENA excepcionalmente baixa não deve se manter no Sul do Brasil à medida que a chuva deve aumentar na região nas próximas semanas.
Na primeira metade da semana que vem se espera um novo episódio de chuva no Sul do Brasil (mapa) e há tendência de mais chuva até o fim do mês. A grande expectativa é para o mês de junho que pode marcar um significativo incremento da chuva no Sul do Brasil com acumulados de precipitação acima a muito acima das médias históricas em diversas áreas.
Um fator complicador é que muitos rios estão com seus níveis excepcionalmente baixos, praticamente irreconhecíveis na observação visual, o que fará com que o tempo de resposta para o sistema elétrico seja maior com a volta da chuva mais abundante.