Sucessivos rios atmosféricos transformaram áreas do estado norte-americano de Washington em uma zona de desastre. As chuvas torrenciais provocaram inundações severas, destruição de infraestrutura, deslizamentos de terra e evacuações em massa em dezenas de comunidades.
A situação continua crítica nesta quarta-feira (17), com operações de emergência em andamento e novos alertas climáticos para os próximos dias.
A tragédia já deixou ao menos uma morte confirmada. A vítima, um homem, morreu ao dirigir para dentro de uma área alagada, ignorando barreiras e avisos de perigo. Segundo autoridades estaduais, este é o único óbito publicamente vinculado ao desastre até o momento, embora o número de feridos ainda não tenha sido divulgado.
Comunidades próximas aos rios Green e White enfrentaram alguns dos cenários mais dramáticos. No Sul de Seattle, o transbordamento do rio Green provocou a ruptura de trechos de contenção, o que levou à evacuação imediata de bairros inteiros situados nas margens.
Na cidade de Pacific, localizada no condado de King, a falha de um dique ao longo do rio White inundou uma área residencial e obrigou cerca de 220 famílias a deixar suas casas. Em algumas quadras, a água invadiu apartamentos no meio da madrugada, subindo em questão de minutos. Equipes de resgate precisaram retirar moradores pelas janelas, antes que os veículos de socorro perdessem acesso às residências.
Os danos viários são extensos e ainda estão sendo avaliados. Trechos de diversas rodovias foram arrancados, soterrados ou arrastados pelas correntezas. A Rodovia Estadual 2, que atravessa o Tumwater Canyon, no centro do estado, permanece totalmente fechada após sofrer destruição significativa. Engenheiros preveem que o local poderá ficar interditado por meses, isolando cidades, atrapalhando o comércio e dificultando o acesso a serviços essenciais.
Outro ponto crítico é o trecho da Rodovia 12, ao Noroeste de Yakima, igualmente destruído pela enxurrada. Embora equipes já estejam mobilizadas para reparos emergenciais, a extensão dos danos ainda não é totalmente conhecida.

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O impacto das enxurradas atinge mais de dez condados. Regiões de planícies alagáveis e vales fluviais enfrentam cenário grave. Pastagens viraram lagos. Zonas urbanas foram tomadas por rios que romperam seus limites históricos. Moradores relatam perdas materiais totais e comunidades inteiras seguem isoladas.
Ao longo da crise, milhares de pessoas foram submetidas a ordens de evacuação. Algumas deixaram suas casas mais de uma vez, conforme o nível dos rios subia e descia e conforme novas ameaças surgiam sobre a estabilidade dos diques.
De acordo com o gabinete do governador do estado, ao menos 1.200 evacuações e resgates foram realizados desde o início das enchentes. Soldados da Guarda Nacional de Washington foram mobilizados para auxiliar autoridades locais no socorro às populações. Cerca de 250 integrantes da corporação permanecem em campo, atuando no transporte de moradores, logística e proteção de infraestruturas críticas.
Além dos danos às estradas, o governo alerta que sistemas essenciais seguem sob enorme pressão. Diques, redes de energia, unidades de abastecimento de água e serviços públicos encontram-se expostos ao risco de colapso parcial. Com muitos rios ainda acima da capacidade, as estruturas seguem tensionadas pelas correntes violentas.
O Departamento de Transportes informa que mais de 60 estradas já foram reabertas desde o começo da emergência. No entanto, o número total de vias afetadas permanece incerto. Técnicos ainda não conseguem acessar algumas regiões para verificar a situação, por causa da instabilidade do solo e do nível elevado da água.

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Durante entrevista coletiva em Seattle, ontem (16), o governador Bob Ferguson reforçou a gravidade do cenário. Segundo ele, o estado ainda vive uma fase ativa de emergência, com instabilidade persistente e grandes trechos do território sob risco.
“Estamos no meio de uma crise histórica, e ela continua imprevisível”, afirmou Ferguson. “Ainda não estamos seguros. As pessoas precisam se manter atentas e seguir todas as orientações das autoridades”.
O governador fez um apelo para que os moradores obedeçam aos alertas e ordens de evacuação. Segundo ele, ignorar avisos oficiais pode custar vidas.
Ferguson também expandiu a declaração de emergência para 14 condados atingidos e liberou US$ 3,5 milhões em fundos estaduais destinados a ações imediatas de resposta e reconstrução. Paralelamente, o governo estadual trabalha com a Agência Federal de Gestão de Emergências (FEMA) para a emissão de uma declaração de desastre maior, o que pode abrir portas para recursos federais a indivíduos, municípios e organizações comunitárias.

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O risco segue. Uma nova sucessão de rios atmosféricos avança sobre a Costa Oeste dos Estados Unidos, elevando a perspectiva de mais chuvas intensas sobre áreas já saturadas. Para o Serviço Nacional de Meteorologia, há risco renovado de enchentes, deslizamentos e queda de energia nos próximos dias. Vários rios permanecem em níveis perigosos, e qualquer novo volume de chuva pode romper estruturas fragilizadas.
A Cruz Vermelha americana concentra parte fundamental da resposta humanitária. Mais de 260 voluntários estão mobilizados em abrigos e centros de apoio. Na noite de segunda-feira, cinco abrigos estavam ativos, oferecendo estadia a mais de 165 desabrigados.
Nos abrigos, médicos voluntários prestam assistência básica, ajudando a substituir remédios perdidos e óculos danificados, enquanto equipes de saúde mental oferecem suporte emocional a pessoas traumatizadas pelos danos.
