Carro queimado após um incêndio florestal perto da vila de Verin, Noroeste da Espanha. Os bombeiros avançam nos seus esforços para apagar o fogo, aparentemente de origem criminosa, que começou ontem na Galícia e já destruiu 600 hectares. | MIGUEL RIOPA/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Bombeiros apoiados por mais de vinte aeronaves combatem um incêndio florestal no Noroeste da Espanha, que parece ter sido iniciado deliberadamente, disseram autoridades locais nesta quinta-feira. Alimentado por ventos fortes e uma onda de calor, o incêndio já destruiu cerca de 600 hectares de floresta e matagais na Galícia, disse o governo regional em comunicado. “Tudo indica que foi iniciado intencionalmente”, afirma.

O fogo começou na quarta-feira em vários pontos perto da cidade de Verin, perto da fronteira com Portugal, que vive sua pior seca em um século. As autoridades disseram que o incêndio não representa atualmente uma ameaça para “áreas habitadas”.

Os cientistas dizem que a mudança climática induzida pelo homem está tornando os eventos meteorológicos extremos, incluindo ondas de calor e secas, mais frequentes e mais intensos. O tempo seco e o calor, por sua vez, aumentam o risco de incêndios, que emitem gases de efeito estufa que aquecem o clima.

A Espanha lutou contra 354 incêndios florestais desde o início do ano, alimentados por temperaturas escaldantes e condições de seca. As chamas destruíram quase 230.000 hectares, mais do que em qualquer outro país da Europa, de acordo com o serviço de monitoramento por satélite da União Europeia EFFIS. As temperaturas atingem mais de 40ºC no Sul e no Leste da Espanha.

As comunidades autônomas terão de elaborar um plano de prevenção e extinção de incêndios válido para todo o seu território no prazo de três meses, que deverá estar pronto e em funcionamento antes do início de 2023. O decreto de medidas urgentes de combate à onda de incêndios foi aprovado pelo governo espanhol.

As regras estabelecem um conjunto de proibições a serem aplicadas quando o risco de incêndio é muito elevado ou extremo. O texto legal reconhece que Espanha se encontra em “situação de emergência” devido à profusão de chamas em quase todo o território, “após um ano hidrológico seco e com temperaturas 40ºC”.

As novas medidas não serão aplicadas ainda neste verão, em que o perigo de incêndios tem sido constante, com mais de 200 mil hectares já queimados. “Estamos em situação de emergência”, é sublinhado no decreto, cuja efetividade só poderá ser verificada na próxima temporada de incêndios, em 2023.