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Um rápido e acentuado resfriamento das águas superficiais do Oceano Pacífico junto aos litorais do Peru e do Equador coloca fim a um episódio curto de El Niño Costeiro que teve início no mês de fevereiro, mostram os dados oceânicos no Oeste da América do Sul.

Pacífico Equatorial Leste se resfriou muito nos últimos dias | NOAA

Nos últimos dias, depois de semanas de temperatura acima da média nos litorais do Peru e do Equador, as águas do Oceano Pacífico na região, conhecida na climatologia como Niño 1+2, apresentaram forte resfriamento.

As anomalias de temperatura da superfície do mar passaram a ser consistentemente positivas a partir de meados de fevereiro, levando a condições do chamado El Niño costeiro enquanto as condições de La Niña desapareciam gradualmente no Pacifico Equatorial Central.

Os dados da NOAA semanais indicaram anomalias na região Niño 1+2 de 0,9ºC em 12/2; 1,0ºC em 19/2; 1,1ºC em 16/2; 1,6ºC em 5/3; 1,3ºC em 12/3; 0,9ºC em 19/3; 1,2ºC em 26/3; 1,3ºC em 2/4; 1,2ºC em 9/4; e 0,6ºC em 16/4.

As condições de El Niño costeiro surgiram no Pacífico Equatorial Leste no momento em que as condições de La Niña no Pacífico Equatorial Central enfraqueciam e deixavam de existir entre fevereiro e março, levando a uma condição de neutralidade.

Assim, no presente momento, estas duas áreas do Oceano Pacífico estão em condição de neutralidade, sem grandes anomalias positivas ou negativas, o que os dados indicam devem persistir.

As condições de El Niño costeiro dos últimos dois a três meses foram responsáveis por chuvas volumosas com inundações e deslizamentos de terra tanto no Peru como no Equador, tendo provocado ainda temperatura acima da média em cidades costeiras, como a capital peruana Lima.

O que é o El Niño Costeiro

El Niño Costeiro é um fenômeno climático caracterizado pelo aquecimento anômalo das águas superficiais do Oceano Pacífico ao longo da costa Oeste da América do Sul, especialmente no Peru e no Equador.

El Niño Costeiro se distingue do chamado El Niño clássico ou canônico por sua ocorrência restrita às áreas litorâneas da região mencionada, sem necessariamente impactar o restante do oceano de maneira significativa.

O El Niño Costeiro influencia diretamente as condições meteorológicas da costa pacífica da América do Sul, provocando mudanças no regime de chuvas e temperaturas. O fenômeno pode levar ao aumento da umidade e precipitações intensas em algumas áreas, resultando em enchentes, deslizamentos de terra e danos à infraestrutura.

O El Niño Costeiro ocorre quando ventos fracos reduzem a ressurgência de águas frias provenientes das profundezas do oceano, permitindo que as águas quentes se acumulem na superfície.

Esse aquecimento interfere nos padrões normais da circulação atmosférica, alterando o clima local e potencialmente contribuindo para eventos climáticos extremos. Os impactos desse fenômeno podem ser amplos e prejudiciais.

Foto aérea mostra casas atingidas por enchentes em Yaguachi, província de Guayas, no Equador, em 25 de fevereiro de 2025. Chuvas intensas castigam o país e aumentaram nos últimos dias com o Pacífico mais quente na costa. | MARCOS PIN/AFP/METSUL

Lavouras inundadas pela enchente em Yaguachi, província de Guayas, no Equador, em 25 de fevereiro de 2025 | MARCOS PIN/AFP/METSUL

Moradores retiram os seus pertences de casa em fevereiro de 2025 com a subida das águas em Yaguachi, na província de Guayas, no Equador | MARCOS PIN/AFP/METSUL

No Peru, com o aquecimento do Pacífico na costa, as últimas semanas registraram vários episódios de chuva intensa com alagamentos e inundações. Alguns pontos sofreram ainda com deslizamentos de terra.

No Peru, por exemplo, o El Niño Costeiro tem sido historicamente associado a períodos de chuvas torrenciais e enchentes devastadoras, que afetam cidades costeiras e comunidades agrícolas.

No Equador, que foi mais afetado nas últimas semanas, a ocorrência do fenômeno também pode resultar em inundações e outros desastres naturais. Além disso, as mudanças nas temperaturas do mar podem afetar a biodiversidade marinha, prejudicando a pesca, uma atividade econômica essencial para essas nações.

O El Niño Costeiro de 2017 foi um evento de grande impacto que afetou principalmente a costa do Peru e do Equador. O evento foi responsável por chuvas intensas, enchentes e deslizamentos de terra, causando destruição em diversas cidades.

Entre janeiro e abril de 2017, chuvas torrenciais atingiram várias regiões do país, especialmente o norte, incluindo Piura, Tumbes, Lambayeque e La Libertad. As enchentes deixaram centenas de mortos, milhares de desabrigados e prejuízos bilionários. Infraestruturas como pontes, estradas e habitações foram severamente danificadas.

O fenômeno também teve impactos na economia, afetando a agricultura, pesca e transporte. No Equador, embora os danos tenham sido menores do que no Peru, houve inundações e perdas agrícolas significativas.

O que esperar para os próximos meses

O ENFEN, escritório do governo peruano dedicado ao estado e ao monitoramento das condições oceânicas e climáticas relacionadas ao Pacífico e seus fenômenos, mudou o seu status de El Niño Costeiro de “Vigilância” para “Inativo”, projetando condições neutras para o Pacífico na costa peruana nos próximos meses.

Já para o Pacífico Central, a região onde ocorrem os fenômenos El Niño e La Niña em suas formas tradicionais, a tendência é a mesma com previsão de condições neutras – sem El Niño e La Niña – para os próximos meses.

Conforme a mais recente atualização mensal da NOAA, publicada poucos dias atrás, para o trimestre abril a junho de 2025, os valores informados de probabilidade foram 7% de La Niña, 91% de neutralidade e 2% de El Niño.

NWS/NOAA

No trimestre de maio a julho, 11% de Niña, 81% de neutralidade e 6% de Niño. Já no trimestre de junho a agosto, o de inverno, 19% de probabilidade de Niña, 68% de neutralidade e 13% de Niño.

Por sua vez, no trimestre de julho a setembro, 26% de probabilidade de Niña, 59% de neutralidade e 15% de Niño. No trimestre de agosto a outubro, 31% de La Niña, 52% de neutro e 17% de El Niño.

No trimestre de primavera, de setembro a novembro, a NOAA projeta hoje probabilidades de 34% de Niña, 48% de neutralidade e 18% de Niño. Finalmente, no último trimestre do ano, de outubro a dezembro, as probabilidades são de 37% de La Niña, 45% de neutro e 18% de El Niño.

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