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Dois furacões podem estar prestes a protagonizar um espetáculo raro e perigoso no Atlântico. A interação entre o furacão Humberto, que foi rebaixado à categoria 4 após alcançar o máximo da escala Saffir-Simpon, e a tempestade tropical Imelda, que se organiza no Caribe deve passar a furacão, pode gerar o chamado Efeito Fujiwhara.

Tempestade tropical Imelda (E) e furacão Humberto (D) lado a lado no Atlântico | NOAA/CSU

O Efeito Fujiwhara foi descrito em 1921 pelo meteorologista japonês Sakuhei Fujiwhara. Ele ocorre quando dois ciclones tropicais se aproximam a ponto de influenciarem mutuamente suas trajetórias e até mesmo sua intensidade.

A distância crítica depende do porte das tempestades. Nos sistemas maiores, o fenômeno pode ocorrer a até 850 milhas, o equivalente a 1.370 quilômetros. Em ciclones menores, a área de interação se reduz para cerca de 350 milhas, ou 560 quilômetros.

A partir desse limite, três desfechos principais podem ocorrer. Dois sistemas de intensidade semelhante podem girar em torno de um ponto comum antes de seguirem por caminhos opostos.

Em outro cenário, o ciclone mais poderoso engole o mais fraco, absorvendo sua energia e alterando seu próprio curso. O terceiro caso, mais raro, é a fusão, quando duas tempestades se combinam em um único sistema, potencialmente mais destrutivo.

Embora raro, esse tipo de interação já foi registrado algumas vezes. Em 2017, os furacões Hilary e Irwin, no Pacífico, giraram em conjunto antes de perderem força e se dissiparem.

No Atlântico, em 2016, o furacão Matthew e a tempestade Nicole se aproximaram a ponto de preocupar os meteorologistas, mas acabaram seguindo trajetórias diferentes sem se fundirem.

Outro exemplo emblemático ocorreu no Pacífico Oeste em 2022, quando o poderoso tufão Hinnamnor absorveu uma depressão tropical, alterando completamente sua rota e surpreendendo as previsões da época.

Trajetórias previstas para Humberto e Imelda | NHC/NOAA

No caso atual, a eventual interação entre Humberto e Imelda representa um desafio para os modelos de previsão. Pequenas mudanças, seja na intensidade ou no deslocamento de qualquer um dos sistemas, podem modificar drasticamente o cenário.

As Carolinas do Sul e Norte são apontadas pelos meteorologistas norte-americano como a região mais vulnerável no início da próxima semana, especialmente entre segunda e terça-feira.

Mesmo que os sistemas não toquem terra, o litoral leste já deve enfrentar dias de mar agitado, ressaca, risco de correntes de retorno e inundações costeiras. Além disso, a injeção de umidade tropical na circulação atmosférica poderá provocar episódios de chuva forte e alagamentos no interior da região.

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