Dois enormes ciclones aparecem junto ao Sul da América do Sul nas imagens de satélite. As imagens do Sul do continente impressionam. Um ciclone pode ser visto sobre o Pacífico Sul, a Oeste do Sul do Chile, e outro sobre o Atlântico, a Leste da Patagônia.
As duas imensas espirais de nuvens são características de ciclones extratropicais intensos, o que é corroborado pela análise dos modelos numéricos. O ciclone no Pacífico Sul tem pressão central de apenas 965 hPa enquanto o do Atlântico apresenta pressão atmosférica mínima central de 975 hPa.
O sistema a Oeste da América do Sul se formou no meio do Pacífico e ruma para o extremo Sul do Chile, na região de Magalhães. Este ciclone deverá provocar muita chuva no Chile da região dos lagos até o Sul chileno, além de muita neve na Cordilheira e na Patagônia chilena. Os acumulados de chuva e neve devem ser expressivos e com risco de transtornos.
O ciclone do Atlântico, por sua vez, se formou na quarta-feira na costa do Uruguai e desde então vem se afastando do continente e movendo-se no sentido Sul e Sudeste. No começo da noite, o centro do ciclone estava a 2,5 mil quilômetros a Sudeste de Porto Alegre.
Nenhum dos ciclones oferece risco para o Brasil. O do Pacifico não vai cruzar a cordilheira e vai permanecer no Sul do continente. O do Atlântico se formou perto do Sul do Brasil, mas já percorreu mais de dois mil quilômetros se distanciando do Rio Grande do Sul. O seu destino é o Oceano Antártico.
Um ciclone não é nada mais que uma área de baixa pressão, em torno da qual os ventos sopram no sentido horário no Hemisfério Sul. Isso se deve ao fato de que os ventos sopram de alta para baixa pressão. Esses sistemas de tempestades são chamados de ciclones frontais de latitude média, ciclones extratropicais, ciclones de ondas ou simplesmente ciclones frontais.
Os ciclones extratropicais têm ar frio em seu núcleo e derivam sua energia da liberação de energia potencial quando massas de ar frio e quente interagem. Essas tempestades sempre têm uma ou mais frentes conectadas a elas e podem ocorrer sobre terra ou oceano.
Os ciclones que se desenvolvem perto das costas do Uruguai e do Sul do Brasil, como este do Atlântico, estão associados em níveis médios e altos da atmosfera a um cavado (área de baixa pressão atmosférica) ou uma baixa segregada fria em altitude (cut-off low) que se move do Pacífico para o Oceano Atlântico, descreve a literatura técnica.
Esses ciclones não aparecem imediatamente logo após a baixa pressão cruzar a Cordilheira dos Andes. Ao contrário, a ciclogênese ocorre muito mais a Leste dos Andes, a aproximadamente mil quilômetros da cordilheira.
Ciclones extratropicais se formam mais frequentemente na costa da Argentina e junto ao Rio da Prata, como ocorreu com o que atua no Atlântico, as duas principais regiões ciclogenéticas (de formação de ciclones) na América do Sul.
Fatores que criam condições favoráveis para esse desenvolvimento incluem um gradiente (diferença) horizontal na temperatura do ar com temperatura do ar quente sobre o continente e temperatura da superfície do mar fria (devido às correntes do Brasil e das Malvinas, e ar úmido no lado Leste do ciclone, com ar seco no lado Oeste.