Dois ciclones extratropicais chamam a atenção nas imagens de satélite desta quinta-feira sobre as águas do Atlântico Sul, sendo um pequeno e não intenso mais perto da Argentina e outro de grande dimensão e intenso mais afastado do continente.
DSA/CPTEC
A MetSul Meteorologia destaca que nenhum dos ciclones oferece quaisquer riscos para o Brasil e que o mais intenso, com pressão de 982 hPa, está muito longe de terra firme e já provocou impactos no começo da semana.
Na segunda-feira, o ciclone maior trouxe vento no Rio Grande do Sul de 101 km/h em Cambará do Sul, 76 km/ em Rolante, 70 km/h em Taquara, 69 km/h em Morro Reuter e 63 km/h em Riozinho. Em Santa Catarina, 84 km/h em Urupema. No interior de São Paulo, o vento causou tempestade de poeira. No Rio de Janeiro, o vento forte fez com que aviões arremetessem no aeroporto Santos Dumont.
Já o segundo ciclone, pequeno e não intenso, que está perto da Argentina, acompanha o avanço de uma massa de ar frio marítima que vai trazer marcas mais agradáveis nos próximos dias mais a Leste do Sul do Brasil e áreas perto da costa em São Paulo e no Rio de Janeiro.
O alto número de ciclones impressiona muita gente, mas não tem nada de anormal e este tipo de fenômeno é recorrente no Atlântico Sul ao longo do ano, especialmente em meses frios do outono, inverno e começo da primavera.
Os ciclones extratropicais fazem parte da climatologia normal do Atlântico Sul e se formam com frequência nas latitudes médias da América do Sul, especialmente entre o Uruguai e o Sul do Brasil. De acordo com análises da MetSul Meteorologia, a região está entre as áreas do mundo com maior número de formações desse tipo de sistema atmosférico.
A principal explicação está no encontro de massas de ar de características muito diferentes. Ao longo do ano, frentes frias impulsionadas por ar polar que desce da Antártica se chocam com o ar quente e úmido vindo dos trópicos e da Amazônia. Esse contraste térmico gera as condições necessárias para a ciclogênese, ou seja, o nascimento de um ciclone.
Ciclone intenso de 982 hPa no começo desta quinta no Atlântico | METSUL
Outro ingrediente fundamental é a atuação da corrente de jato, uma faixa de ventos intensos em altos níveis da atmosfera. Segundo a MetSul, essa corrente funciona como um motor para o desenvolvimento dos sistemas, ao favorecer a queda da pressão na superfície e organizar a circulação ciclônica. Não por acaso, muitos dos ciclones extratropicais observados no Atlântico Sul surgem a partir de frentes frias que ganham força com suporte da corrente de jato.
O oceano também contribui para a frequência desses fenômenos. Na altura do Rio da Prata e da costa sul-brasileira ocorre o encontro da Corrente do Brasil, de águas mais quentes, com a Corrente das Malvinas, de águas frias. Esse choque térmico marítimo potencializa os ciclones que já estão em formação e pode inclusive acelerar sua intensificação.
Conforme destaca a MetSul, esses ciclones têm papel fundamental no clima da região. Eles regulam o regime de chuvas, são responsáveis por episódios de vento intenso e viabilizam a entrada de massas de ar frio que moldam o tempo no Cone-Sul. Embora muitas vezes associados a estragos e transtornos, os ciclones extratropicais são parte essencial da dinâmica atmosférica que garante o equilíbrio climático no Sul do Brasil e países vizinhos.
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