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O nível do Guaíba voltou a assustar hoje na cidade de Porto Alegre e atingiu cotas que levaram a um novo alagamento da orla entre o Gasômetro e o Beira-Rio. Com o vento, a ondulação fazia com que as águas do Guaíba alcançassem o piso do Cais Mauá, junto ao Centro.


O nível do Guaíba começou a subir ainda durante a madrugada depois de ter caído no começo do dia a marcas abaixo de 2,70 metros, mas começou uma nova trajetória de rápida elevação durante a manhã e que persistiu no período da tarde.

O motivo para a forte elevação deste sábado foi idêntico ao da última quarta-feira, a ocorrência de vento do quadrante Sul no setor Norte da Lagoa dos Patos, que leva a um efeito de represamento e contribui com o aumento do nível. Há grande volume de água ainda chegando pelas cheias do Caí, Sinos e Gravataí pelo excesso de chuva do começo da semana nestas bacias.

As águas têm maior dificuldade em escoar para a Lagoa dos Patos, que já se encontra com seu nível muito pelo setembro excepcionalmente chuvoso e sucessivas cheias de rios que desaguam no manancial.

A MetSul Meteorologia havia alertado em seu site e nos meios de comunicação que o ingresso de uma massa de ar frio neste fim de semana traria outra vez vento vindo de Sul na lagoa e que a consequência seria uma nova elevação do Guaíba.

Monitorando os dados de nível do Guaíba por régua eletrônica, o cenário passou a ficar claro no final da manhã de que novamente seriam atingidas cotas críticas que poderiam fazer as águas alcançarem o piso do cais.

Sob este cenário, a MetSul dirigiu-se para o Cais no Centro a fim de fazer medições diretamente na régua física, que oferece uma visão instantânea do comportamento do nível.

Às 14h, a MetSul Meteorologia constatou na régua física que o nível no cais estava ao redor de 2,80 metros, mas com as ondas geradas pelo vento e a passagem de embarcações como o Catamarã, as águas subiam para cotas perto e de até 3 metros, fazendo com as águas alcançassem o piso do cais.

O cenário no Cais Mauá que a MetSul presenciou hoje foi muito semelhante ao que já tínhamos vistos na grande cheia de outubro de 2015. O nível não atingia a cota de três metros de transbordamento, mas as águas chegavam ao piso do cais do Centro devido às ondas.

Nas escadarias que existem junto ao pórtico central do Cais Mauá, a todo momento as ondas estouravam e faziam com que a água do Guaíba atingisse o piso do cais, onde já se registrava algum acúmulo de água. O alagamento crescia à medida que o nível subia.

A beira do Guaíba que não tinha ninguém no começo da tarde, exceto a equipe da MetSul que realizava a medição do nível na régua física, encheu-se de jornalistas, técnicos do Dmae e operários de empresas contratadas a partir do final da tarde.

FERNANDO OLIVEIRA

MATEUS RAUGUST/PMPA

Diante da alta, a Prefeitura de Porto Alegre decidiu fechar preventivamente os portões 4, 6 e 11 do sistema de proteção contra cheias. Equipes do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) realizaram o trabalho nas comportas do Cais Mauá.

JONATHAS COSTA/CORREIO DO POVO

MATEUS RAUGUST/PMPA

FERNANDO OLIVEIRA

O catamarã e o barco turístico Cisne Branco ainda operavam na tarde deste sábado, entretanto vão suspender temporariamente as operações. “Atuação é preventiva até o nível do Guaíba estabilizar”, informou o prefeito Sebastião Melo, via Twitter.

A nova orla esteve quase irreconhecível neste sábado pela forte alta do Guaíba. Além do lixo e restos de galhos e vegetação trazidos pelo Guaíba, a força dos ventos formou ondas que avançaram sobre os trechos 1 e 3 da orla, mais uma vez alagando diversos trechos.

JONATHAS COSTA/CORREIO DO POVO

Às sete da noite, o nível do Guaíba estava estabilizado ao redor de 2,85 metros, uma vez que o vento Sul enfraquece durante a noite e aumenta de dia. A previsão da MetSul é de vento Sul na lagoa até parte da segunda, o que vai manter o nível muito alto, mas não muito mais elevado que de agora.

A cheia do Guaíba é de proporções históricas e a maior desde 1941. O nível máximo desta cheia foi alcançado na tarde da quarta-feira no Cais C6, junto ao Centro, com 3,18 metros pela medição da régua da Agência Nacional de Águas (ANA), alagando vários pontos da orla na zona Sul, no Centro, o Cais até o Muro da Mauá e, especialmente, as ilhas.  (Texto e fotos da MetSul na cobertura de Alexandre Aguiar)

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