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Prejuízos pelo desastre se sentem em todos os setores da agricultura e da pecuária do Rio Grande do Sul | NELSON ALMEIDA/AFP/METSUL METEOROLOGIA

O desastre causado pela chuva sem precedentes com enchentes recordes do fim de abril e começo de maio foi um duro golpe para agricultura do Rio Grande do Sul. As enchentes atingiram mais de 206 mil propriedades rurais no estado.

Quase 50 mil agricultores tiveram prejuízos. A quebra na soja chega a quase três milhões de toneladas. Na pecuária, perto de quatro mil criadores experimentaram prejuízos e mais de um milhão de aves morreram nas águas.

Os dados constam de relatório da Emater/RS que aponta que a maior perda na produção primária ocorreu com a soja, com a destruição de 2,71 milhões de toneladas de grãos. Chuvas, inundações e enchentes prejudicaram 48.674 produtores, grande parte de milho e soja em 206 mil propriedades rurais.

O estudo, abrangendo o período entre os dias 30 de abril e 24 de maio, aponta que 34.519 famílias ficaram sem acesso à água potável no meio rural. A contabilidade dos danos aponta ainda que 9.158 localidades foram atingidas. Atualmente, dos 497 municípios gaúchos, 78 estão em estado de calamidade pública (a maior parte no Vale do Taquari e na Região Metropolitana de Porto Alegre), enquanto 340 estão em situação de emergência.

Considerando somente o meio rural, o estudo conclui que 19.190 famílias tiveram perdas relativas às estruturas das propriedades, como casas, galpões, armazéns, silos, estufas e aviários. Em relação à agroindústria, dados preliminares apontam prejuízos para cerca de 200 empreendimentos familiares.

Na produção de grãos, de acordo com o levantamento, as perdas se referem às áreas que não puderam ser colhidas, ou às que foram colhidas e tiveram baixo rendimento, incluindo soja, milho e feijão, entre outros. As perdas nas culturas de inverno foram pontuais e correspondem a áreas recém-semeadas, que deverão ser replantadas.

A estimativa divulgada em março deste ano pela Emater era de uma colheita total de 22,24 milhões de toneladas, em uma área plantada de 6,68 milhões de hectares, com produtividade de 3.329 quilogramas por hectare. Descontando a área afetada pelas chuvas e as perdas, a nova estimativa de produção é de 19.532.479 toneladas, com produtividade média de 2.923 quilogramas por hectare.

O levantamento também traz informações sobre a horticultura e a fruticultura, em especial nas regiões do Vale do Taquari e da Serra, além de regiões próximas à Região Metropolitana, onde se encontra um grande mercado consumidor.

A produção pecuária gaúcha também foi severamente impactada, exigindo longo período para recuperação. As perdas de animais afetaram de forma significativa 3.711 criadores gaúchos. O maior número de animais mortos foi de aves, totalizando 1,2 milhão. Também houve perdas substanciais de bovinos de corte e de leite, suínos, peixes e abelhas.

Além disso, uma vasta extensão de pastagens foi prejudicada, tanto em campo nativo quanto em áreas de cultivo de plantas forrageiras de inverno. Por isso, o relatório prevê um impacto direto na produção de leite e de carne nos próximos meses.

Nem todas as regiões foram afetadas uniformemente. Em algumas, os danos na pecuária foram muito expressivos, como nos vales dos rios Taquari, Caí, Pardo e Paranhana, bem como na região da Quarta Colônia da Imigração Italiana na Encosta da Serra.

O período de chuva extrema coincidiu com a fase final de frutificação de importantes variedades de citros, em especial a bergamota, que já estava em colheita. Em muitos pomares, o solo ficou alagado, não somente em razão da inundação, mas por vários dias com precipitações volumosas.

Os citros, na região dos Vales, e a banana, nas encostas da Serra do Mar, foram as culturas mais prejudicadas, com impacto para 8.381 propriedades. O abastecimento de hortaliças nos centros urbanas foi fortemente afetado. As culturas de folhosas e leguminosas sofreram maior impacto na região Metropolitana, na Serra e nos vales do Taquari e do Caí. Considerando o volume e a área plantada, as maiores perdas foram de batata, brócolis e aipim.

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