Boeing Company/Reprodução

A pandemia do coronavírus que avança com mais de meio milhão de casos confirmados paralisa o mundo e afeta, acredite, também a previsão do tempo. Como? Os modelos de prognóstico gerados por supercomputadores são alimentados por dados proporcionados, dentre outras fontes, por aviões.

Já em 1919, o Bureau de Meteorologia dos Estados Unidos usava aviões, porém foi a partir de 1998 que os dados foram massificados pela Organização Meteorológica Mundial com o Meteorological Organization Data Relay Panel, sistema automatizado mundial que antes da crise do coronavírus, com a aviação normal, coletava 700 mil observações diárias, a maior parte no Hemisfério Norte.

Com parte da aviação mundial parada, há menos dados. E não é uma situação inédita. Logo após os atentados 11/9/2001, com menos aviões no ar, o Centro Meteorológico da Europa (ECMWF) viu queda de 4% a 5% na acurácia dos modelos. Agora, segundo o centro, os dados diminuíram 40% desde 1º de março e, diferentemente, de 19 anos atrás, a crise serámais longa.

“Dados de aviões estão entre as cinco principais fontes”, destaca o cientista do Centro de Pesquisa Atmosférica de Boulder (EUA) Chris Davis.

O ECMWF fez exercício no ano passado em que se perderiam todos dados de aviões e a confiabilidade das projeções de vento e temperatura caiu 15%. Já o centrodos Estados Unidos acredita que a perda de acurácia não vai ser tão grande porque, mesmo sem aviões, bilhões de dados alimentam computadores diariamente a partir de satélites, sondas em balões e estações de superfície.

Os modelos em 2020, ademais, são muito mais avançados que em 2001. E, lembra, ainda há muitos aviões voando mesmo com a pandemia, sobretudo de carga e militares.