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Ciclone intenso com rota pelo território gaúcho vai se formar sobre o Rio Grande do Sul nesta terça e vai trazer onda de temporais no Centro-Sul do Brasil, chuva localmente volumosa a excessiva nos estados do Sul e, especialmente, vento que pode ser muito intenso em áreas perto da costa no final da terça e durante a quarta.

Mapa com a rota do ciclone de 8/12/2025 a 12/12/2025

METSUL

O mapa acima mostra a projeção de rota deste ciclone elaborado a partir da análise de vários modelos pela equipe de meteorologistas da MetSul com o deslocamento do centro do ciclone de Oeste para Leste em torno do paralelo 30ºS no Rio Grande do Sul, antes do sistema alcançar o mar e se afastar do continente com uma trajetória Leste-Sudeste na segunda metade da semana.

Hoje (8), um centro de baixa pressão com 1000 hPa se aprofunda muito na segunda metade do dia sobre a província argentina de Corrientes, a Oeste do Rio Grande do Sul, e começa a instabilizar o tempo no Centro-Sul do Brasil.

Amanhã (9), o centro de baixa pressão dá origem a um ciclone extratropical com centro de 994 hPa na primeira metade do dia no Oeste do Rio Grande do Sul. Da tarde para a noite, o centro do ciclone se desloca para Leste e no final do dia deve estar na altura da Lagoa dos Patos, no Leste gaúcho.

Na quarta-feira (10), o centro do ciclone na primeira metade do dia estará na costa rente ao litoral, na altura da Lagoa dos Patos, ainda mais intenso e com pressão atmosférica central em torno de 982 hPa a 984 hPa. No final do dia, o centro do ciclone estará sobre o mar e pouco mais afastado da costa, mas ainda perto do litoral gaúcho.

Na quinta-feira (11), o ciclone começa, finalmente, a se afastar mais do continente. No começo do dia, o centro do ciclone estará com pressão em torno de 983 hPa ainda relativamente perto da costa gaúcha, mas já algumas centenas de quilômetros da faixa costeira. No decorrer do dia, o sistema rapidamente se distancia de terra no sentido Leste-Sudeste.

Uma vez chamamos atenção para o quão incomum é este ciclone. Ciclones ocorrem em qualquer época do ano, mas normalmente os de maior força se dão entre os meses do outono e da primavera, no período frio do ano, logo não é nada habitual ter ciclone tão intenso em dezembro, primeiro mês do verão.

Além disso, a pressão atmosférica no centro deste ciclone sobre o Rio Grande do Sul deve ficar entre 980 hPa e 990 hPa. São valores excepcionalmente baixos, raríssimos de se ver sobre o território gaúcho, e se confirmados serão os menores registros de pressão sobre o continente no Sul do Brasil desde o furacão Catarina de março de 2004, embora se enfatize que este sistema não se trata de um furacão, cuja formação ocorre sobre o mar e não em terra.

Veja as projeções de vento na rota do ciclone

O vento causado pelo ciclone começa a aumentar pelo litoral gaúcho na noite de terça, atinge o seu máximo no decorrer da quarta, mas a quinta-feira ainda pode ter rajadas fortes esporádicas.

Os dados apontam a possibilidade de ventos ciclônicos de 60 km/h a 90 km/h em grande parte das cidades do Sul do Brasil, mas os maiores impactos devem ocorrer no Rio Grande do Sul, em particular no Sul e no Leste do território gaúcho. Mais a Oeste e ao Noroeste do estado, ciclones não costumam produzir vento ciclônico intenso.

A nossa previsão indica rajadas de 80 a km/h 100 km/h no Sul e no Leste do Rio Grande do Sul, especialmente durante a quarta-feira, mas com possibilidade de rajadas de 100 km/h a 120 km/h e isoladamente superiores no Sul, litoral gaúcho e área da Lagoa dos Patos e seu entorno nas duas margens.

De acordo com a maioria dos dados, o Litoral Sul seria mais afetado que o Litoral Norte, embora ambos devam ter vento muito forte a intenso. Conforme as simulações dos modelos de hoje, o setor mais crítico seria a Lagoa dos Patos e seu entorno e a faixa costeira entre Santa Vitória do Palmar e Mostardas ou Palmares do Sul. Assim, no Litoral Norte, o impacto pode ser maior em cidades mais ao Sul – como Pinhal e Cidreira – do que mais ao Norte – como Torres e Arroio do Sal.

Já que Porto Alegre e o Sul da região metropolitana estão no setor Norte da Lagoa dos Patos, a capital e o Sul da Grande Porto Alegre também podem ter vento muito forte. O vento se intensifica no fim da terça e atinge seu pico na quarta. Na maior parte dos bairros de Porto Alegre, o vento na quarta deve ficar entre 70 km/h e 90 km/h, mas com rajadas isoladas mais fortes por efeito de topografia (prédios e morros). Mais ao Sul da capital e perto do Guaíba, o vento pode atingir de 90 km/h a 110 km/h durante a quarta.

Os mapas abaixo mostram a projeção de vento máximo até às 21h dos modelos de alta resolução WRF da MetSul Meteorologia, inicializados com os modelos europeu (ECMWF) e norte-americano (GFS), que você tem acesso clicando aqui.

METSUL

METSUL

O vento na quarta deve soprar muito forte ainda no chamado “paredão” dos Campos de Cima da Serra, junto ao Litoral, no Nordeste gaúcho, com rajadas de vento de 100 km/h a 130 km/h.

Em Santa Catarina, rajadas de 80 km/h a 100 km/h e isoladamente superiores no Leste do estado. No paredão do Planalto Sul junto ao Litoral até os morros da Grande Florianópolis, rajadas de vento de 100 km/h a 130 km/h e superiores na área de Bom Jardim da Serra. No Leste do Paraná, rajadas de 70 km/h a 100 km/h em vários pontos e isoladamente maiores junto à Serra do Mar. O mesmo se prevê para o Leste de São Paulo e ainda o Sul de Minas Gerais.

Quais cidades estão na rota da ventania

Quase todo o Sul e o Leste gaúcho deve ter rajadas fortes a muito fortes e localmente intensas, assim não é possível listar todas as cidades porque são muito municípios, mas o risco compreende pela rota do ciclone as áreas de Bagé, Jaguarão, Chuí, Rio Grande, Pelotas, Camaquã, Porto Alegre, Pinhal, Tramandaí e Capão da Canoa.

Consideramos de maior risco os municípios na faixa costeira e na Lagoa dos Patos e seu entorno, o que inclui o Chuí, Santa Vitória do Palmar, Rio Grande, Pelotas, São Lourenço do Sul, São José do Norte, Turuçu, Mostardas, Arambaré, Camaquã, Cristal, Tapes, Barra do Ribeiro, Guaíba, Eldorado do Sul, Porto Alegre, Viamão, Tavares, Palmares do Sul, Capivari do Sul, Balneário Pinhal, Cidreira, Osório, Tramandaí, Imbé, Xangri-lá e Capão da Canoa com o pior na costa de Tramandaí para o Sul assim como no entorno da lagoa.

O vento deve ser muito forte a intenso junto ao paredão perto da costa (não nas áreas urbanas) nos Aparados da Serra e na Serra em Rolante, Riozinho, São Francisco de Paula, Cambará do Sul e São José dos Ausentes. O mesmo deve ocorrer em Santa Catarina, onde o vento mais forte deve se dar nas elevações e na costa com rajadas intensas no paredão da Serra de Bom Jardim da Serra até os morros de Rancho Queimado, na Grande Florianópolis. Pode ventar muito forte ainda na Serra Dona Francisca, perto de Joinville.

Rajadas fortes a muito fortes afetarão ainda a Serra do Mar, no Leste do Paraná. Por isso, Curitiba e região podem ter muito vento na quarta com rajadas de 70 km/h a 80 km/h e localmente superiores. Cenário parecido na Serra no Leste de São Paulo e no Sul de Minas Gerais. A cidade de São Paulo pode enfrentar rajadas de 60 km/h a 80 km/h na quarta com registros localmente superiores em alguns pontos, especialmente mais ao Sul e perto do litoral.

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