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Como será o clima em janeiro? Janeiro é o mês mais quente do ano na maioria das áreas do Centro-Sul do Brasil pelas normais da climatologia histórica. O segundo mês do verão climático (trimestre dezembro a fevereiro) marca, assim, o auge da estação com muitos dias quentes e chuva principalmente de natureza convectiva, ou seja, associada ao quente e úmido.

Clima em janeiro chuvoso em São Paulo

Clima em janeiro deve ter aumento da chuva no Sudeste do Brasil com excessos localizados que podem causar transtornos como alagamentos, inundações repentinas e deslizamentos de terra | CRIS FAGA/NURPHOTO/AFP/METSUL

No Sul do Brasil, historicamente, o mês não costuma ser muito chuvoso na maioria das áreas. A exceção é para o Leste de Santa Catarina, do Paraná e às vezes o extremo Nordeste gaúcho por conta da atuação da Zona de Convergência do Atlântico Sul, um canal de umidade que se origina na Amazônia, passa pelo Centro-Oeste e chega ao Sudeste. Às vezes, a inclinação da ZCAS traz chuva abundante para áreas mais ao Leste do Sul do Brasil, exceto o Litoral Sul gaúcho.

Porto Alegre tem em janeiro as suas maiores médias de temperatura do ano. De acordo com as normais 1991-2020, a temperatura mínima média é de 20,7ºC, idêntica ao mês de fevereiro e superior a de dezembro de 19,4ºC ou março de 19,5ºC. Já a média máxima histórica do mês na capital gaúcha é de 31,0ºC, a mais alta entre os meses do ano, superior a de fevereiro de 30,5ºC e à de dezembro de 30,0ºC.

Em São Paulo, a média mínima histórica para o Mirante de Santana é de 19,4ºC, a segunda mais alta do ano, somente atrás dos 19,6ºC de fevereiro. Por sua vez, a média máxima mensal de 28,6ºC é a segunda mais alta da climatologia anual, sendo inferior à de fevereiro de 29,0ºC.

A chuva média histórica de janeiro em Porto Alegre é de 120,7 mm. Trata-se da quinta mais alta entre os meses do ano, somente sendo superada por meses de inverno e primavera.

Já em Florianópolis, a média mensal de precipitação de janeiro é de 241,3 mm, a mais alta entre os meses do ano. Em Curitiba, média mensal de chuva no mês de 226,3 mm, o maior valor da climatologia anual.

Na cidade de São Paulo, média de 292,1 mm, a mais alta de chuva de ano. Já em Belo Horizonte, janeiro é o mês mais chuvoso na climatologia anual com 330,9 mm. É o auge da estação chuvosa em muitas cidades do Sudeste do Brasil que têm em janeiro o seu mais chuvoso do ano pela influência da instabilidade tropical com ar quente e úmido que traz os temporais, além da influência dos episódios da Zona de Convergência do Atlântico Sul.

La Niña ainda presente no começo do ano

O mês de janeiro começará com as águas do Pacífico Equatorial com temperatura abaixo da média e ainda sob condições de La Niña, que foram declaradas pela agência de clima dos Estados Unidos em outubro.

Hoje, de acordo com o último boletim da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), dos Estados Unidos, a anomalia de temperatura da superfície do mar no Pacífico Equatorial Central-Leste (região Niño 3.4) está em -0,7ºC. O valor está no limite inferior da faixa de La Niña fraco (-0,5ºC a -0,9ºC).

NOAA

No decorrer deste janeiro, a tendência é que as anomalias de temperatura do mar no Pacífico Centro-Leste da faixa equatorial permaneçam ao menos em parte do mês ainda sob condições de La Niña. Mais para o final de janeiro, não são descartadas condições já de neutralidade. Se não ocorrerem ainda em janeiro, é altamente provável que cheguem em fevereiro.

Clima em janeiro tem chuva irregular e extremos

A tendência para dezembro que chega ao fim em grande parte não se confirmou por dois sistemas meteorológicos cujos modelos de clima de longo prazo não conseguem antecipar semanas antes e que fugiram demasiadamente da curva histórica, um ciclone atipicamente raro na primeira quinzena de dezembro (trouxe menor pressão atmosférica em décadas em Porto Alegre) e excepcional e incomum bloqueio no final do mês por um Vórtice Ciclônico em Altos Níveis (VCAN) no final do mês com sucessivos recordes de calor em São Paulo, o que evidencia o quão desafiadoras são as previsões de clima nesta época do ano (em regra de baixa a média confiabilidade).

Janeiro, como mês do auge do verão, tem a comum irregularidade da chuva com significativa variabilidade nos totais de chuva de uma área para outra. Em um mês, ponto de um município pode ter muita chuva e outros baixos volumes de precipitação. Os volumes são determinados demais por pancadas que são isoladas.

Por isso, é muito difícil haver uma tendência regional homogênea porque é comum que locais dentro de uma mesma microrregião em que os volumes ficam acima ou abaixo da média, tal a irregularidade na distribuição da chuva que ocorre no verão.

Os mapas abaixo mostram a tendência de anomalia de chuva semana a semana para o mês de janeiro do modelo de clima europeu. Os mapas são meramente ilustrativos e não necessariamente representam o prognóstico final da MetSul Meteorologia.

ECMWF

Já o mapa a seguir apresenta a projeção de chuva acumulada na primeira quinzena de dezembro, desta vez pelo modelo de previsão do tempo do Centro Meteorológico Europeu (ECMWF).

METSUL

No geral, no Sul do Brasil a chuva terá uma enorme variabilidade de volumes. Pontos da Metade Norte gaúcha, Santa Catarina e Paraná têm maior probabilidade de terminar o mês com chuva acima da média e isoladamente muito acima, mas mesmos nestas regiões haverá locais em que a precipitação no mês deve ficar em torno ou pouco abaixo da climatologia.

Mais ao Sul e parte do Oeste gaúcho, sobretudo em áreas perto do Uruguai, janeiro tem probabilidade de precipitação abaixo da média em diversos pontos, o que pode causar estresse hídrico e impacto para a agricultura. O risco é especialmente maior entre o extremo Sul gaúcho e pontos da Campanha. Apesar disso, temporais isolados podem gerar volumes altos localizados.

No Centro do Brasil, igualmente, se espera enorme variabilidade de volumes durante o mês, uma vez que a chuva se originará essencialmente de convecção por calor e umidade que gera pancadas e temporais principalmente da tarde para a noite.

Pontos do Triângulo Mineiro, Centro e o Sul de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Sul do Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo têm uma maior probabilidade de acabar o mês com chuva perto ou acima da média, mas em São Paulo não são esperados volumes muito altos que sejam suficientes para causar uma maior elevação dos reservatórios de água hoje em níveis preocupantes.

Uma vez que é o auge do verão, são comuns volumes muito altos e até extremos de chuva em curtos intervalos de maneira muito isolada acompanhando temporais localizados que ocorrem precipuamente da tarde para a noite, sobretudo em dias de calor mais intenso. Estes temporais de verão podem vir com granizo, vendaval e em casos mais extremos até tornados.

Temperatura em janeiro

Grande parte do Centro-Oeste e do Sudeste do Brasil deve ter temperatura perto ou pouco acima da média em janeiro. No Sudeste e no Centro-Oeste, devido a um padrão de chuva mais frequente, na maior parte das áreas a temperatura deve ficar perto da média com alguns pontos registrando até valores abaixo da climatologia histórica, sobretudo mais perto da costa pelo avanço de ar frio oceânico.

Projeção de anomalia de temperatura para janeiro do modelo CFS. Mapa ilustrativo e não necessariamente representa o prognóstico final da MetSul Meteorologia. | METSUL

Mais ao Sul do Brasil, grande parte da região terá um mês quente com temperaturas acima da média. Pontos mais próximos da costa entre o Nordeste gaúcho e o Leste do Paraná podem ter marcas menores com temperatura no mês perto da média ou ocasionalmente pouco abaixo.

Uma massa de ar frio traz temperatura baixa agora no começo de janeiro, mas ao longo do mês serão numerosos os dias de calor no Sul do Brasil com alguns intervalos de marcas mais agradáveis, especialmente sob chuva. Os dados hoje não indicam nenhuma onda de calor prolongada, embora sejam previstos vários dias de temperatura muito altas no decorrer de janeiro.

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