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O fim de ano chega e junto o período em que tradicionalmente o fenômeno El Niño chega ao seu pico de intensidade. Neste final de 2023, as anomalias de temperatura da superfície do mar no Oceano Pacífico Equatorial indicam um El Niño de muito forte intensidade, como não se via desde o episódio de 2015-2016.

El Niño em setembro de 2023 | NOAA

São duas semanas seguidas em que o Pacífico está no patamar de Super El Niño, ou seja, com anomalias de temperatura da superfície do mar iguais ou acima de 2,0ºC. Um evento de Super El Niño, porém, demanda mais que apenas duas semana com marcas acima de 2ºC.

Embora muito forte, o El Niño neste momento não é tão intenso quanto outros eventos nesta época do ano, mostram dados semanais da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera, a agência de tempo e clima do governo dos Estados Unidos.

As anomalias neste começo de dezembro estiveram em +2,0ºC. No final de 1982, no Super El Niño de 1982-183, a anomalia no Pacífico Centro-Leste chegou a +2,6ºC ao redor do Natal. No fim de 1997, no Super El Niño de 1997-1998, a anomalia bateu em +2,3ºC. Já no Super El Niño de 2015-2016, a maior anomalia em dezembro de 2015 foi de 2,5ºC, após ter alcançado +3,0ºC em semana de novembro daquele ano.

Com base no índice ONI (Oceanic Niño Index), mantido pela NOAA, que é a referência para análise trimestral das condições do Pacífico ao usar anomalias da região Niño 3.4 (Pacífico Equatorial Centro-Leste), o atual evento de El Niño ainda não teve um trimestre em condições de Super El Niño. O último dado disponível, referente ao trimestre entre setembro e novembro de 2023, indicou +1,8ºC.

No Super El Niño de 2015-2016 foram seis trimestres seguidos com anomalia de ao menos 2ºC, sendo o primeiro entre agosto e outubro de 2015 com 2,2ºC e o último janeiro a março de 2016 com 2,1ºC. O máximo trimestral foi 2,6ºC nos trimestres outubro a dezembro de 2015, novembro de 2015 a janeiro de 2016, e dezembro de 2015 a fevereiro de 2016.

No Super El Niño de 1997-1998 houve cinco semestres com anomalias acima de 2ºC, de agosto a outubro de 1997 a dezembro de 1997 a fevereiro de 1998. Os trimestres mais quentes tiveram anomalia de 2,4ºC, em outubro a dezembro de 1997 e novembro de 1997 a janeiro de 1998.

Já no Super El Niño de 1982-1983, o Pacífico Equatorial Centro-Leste esteve em patamar de Super El Niño, assim com anomalias trimestrais de 2ºC ou mais, em quatro trimestres: setembro a novembro de 1982 (2,0ºC); outubro a dezembro de 1982 (2,2ºC); novembro de 1982 a janeiro de 1983 (2,2ºC); e dezembro de 1982 a fevereiro de 1983.

Uma vez que o El Niño atinge seu máximo de intensidade agora no fim do ano e deve iniciar uma tendência de enfraquecimento a partir de janeiro ou fevereiro, é altamente improvável que haja uma sequência de trimestres com ONI acima de 2ºC, como se viu em 1982-1983, 1997-1998 e 2015-2016.

Portanto, embora um El Niño muito forte, a sua intensidade não deve superar os dos três eventos recentes de Super El Niño. Isso, porém, não significa que os seus efeitos sejam menores que os dos eventos mais fortes anteriores. Os impactos no clima não são lineares com a magnitude das anomalias do Pacífico.

E episódio de 2023, mesmo não sendo tão intenso quanto os últimos três eventos de Super El Niño, trouxe níveis baixos recordes de rios na Amazônia e as maiores cotas desde o El Niño de 1941 de rios no Rio Grande do Sul como Taquari, Caí e o Guaíba, sem mencionar recordes históricos de precipitação excessiva, como Porto Alegre que teve o mês mais chuvoso de toda a sua série histórica iniciada em 1910.

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