O código de barras do clima ganhou uma listra nova nesta quinta-feira após a NOAA, NASA e a Berkley Earth anunciarem o balanço da temperatura planetária de 2021. O que você vê acima é a temperatura no mundo de 1850 (esquerda) até 2021 (direita).

Cada listra representa um ano. Nota-se como há um século predominavam anos de temperatura mais baixa (em azul) e como o mundo ficou mais quente (vermelho e marrom) nos últimos anos, mas, especialmente, agora nesta última década.

O anúncio da nova listra foi feito pelo pelo cientista do clima Ed Hawkins, professor da University of Reading, no Reino Unido, e do National Center for Atmospheric Research, dos Estados Unidos.

Hakwins se tornou uma das figuras mais importantes na comunidade climática justamente ao criar as listras do clima, uma forma simples e didática de comunicar o aquecimento de cidades, países e do mundo em um tema complexo e técnico como as mudanças climáticas.

De acordo com a Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos (NOAA), depois de dois anos consecutivos (2019 e 2020) classificados entre os três mais quentes já registrados, a Terra ficou menos quente em 2021.

Mas não muito. De acordo com uma análise de cientistas dos Centros Nacionais de Informações Ambientais da NOAA (NCEI), 2021 ficou em sexto lugar na lista dos anos mais quentes já registrados, desde 1880.

A temperatura média da superfície terrestre e oceânica da Terra em 2021 foi 0,84ºC acima da média do século 20. Também marcou o 45º ano consecutivo (desde 1977) com temperaturas globais subindo acima da média do século 20. Os anos de 2013-2021 estão todos entre os dez anos mais quentes já registrados.

A temperatura média global da superfície da Terra em 2021 empatou com 2018 como a sexta mais quente já registrada, de acordo com análises independentes feitas pela NASA, em conjunto com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA).

A NASA usa o período de 1951-1980 como linha de base para ver como a temperatura global muda ao longo do tempo. Os últimos oito anos são os anos mais quentes desde que os registros modernos começaram em 1880, diz a agência espacial.

De acordo com o registro de temperatura da NASA, a Terra em 2021 estava 1,1ºC mais quente do que a média do final do século 19, o início da revolução industrial.

“A ciência não deixa margem para dúvidas: a mudança climática é a ameaça existencial do nosso tempo”, disse o administrador da NASA, Bill Nelson. “Oito dos 10 anos mais quentes do nosso planeta ocorreram na última década, um fato indiscutível que ressalta a necessidade de ações ousadas para salvaguardar o futuro do nosso país – e de toda a humanidade.

A pesquisa científica da NASA sobre como a Terra está mudando e ficando mais quente guiará comunidades em todo o mundo, ajudando a humanidade a enfrentar o clima e mitigar seus efeitos devastadores”, afirmou o administrador da NASA.

Já a Berkeley Earth, assim como NASA e NOAA, igualmente concluiu que 2021 foi nominalmente o 6º ano mais quente desde o início das observações diretas com temperatura 1,2°C acima do pré-industrial.

As temperaturas em 2021 foram mais baixas do que em 2020, em parte devido a um evento persistente de La Niña. As temperaturas em 2021 foram semelhantes a 2015 e 2018 e, dadas as incertezas, esses 5º, 6º e 7º anos classificados estão todos essencialmente empatados, destacou. No entanto, os últimos sete anos se destacam como os sete anos mais quentes desde o início das medições instrumentais.

Embora não seja um ano recorde, a maior parte da superfície da Terra teve temperaturas bem acima do que era típico em meados do século 20. No total, 25 países parecem ter estabelecido novos recordes para sua temperatura média anual, incluindo China, Coréia do Sul, Bangladesh, Arábia Saudita e Nigéria.

A temperatura média nacional da China atingiu 2,0 °C acima da pré-industrial pela primeira vez em 2021. Na taxa recente de aquecimento, o mundo atingirá 1,5°C acima do pré-industrial ao redor de 2033 e 2,0°C em torno de 2060, segundo a previsão da universidade.