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O ciclone que começou a se formar no final do domingo e contribuiu para a onda de tempestades no Rio Grande do Sul, assim como se previa, se transformou em bomba nesta segunda-feira no Oceano Atlântico a uma grande distância do continente e sem oferecer riscos mais em terra firme.

NOAA

Como tudo começou? Uma área de baixa pressão cruzou de Oeste para Leste durante o fim de semana a América do Sul na altura do Centro da Argentina. Na manhã de ontem, domingo, o centro de baixa estava entre o Rio Grande do Sul, o Uruguai e províncias do Nordeste argentino.

No final do domingo, a baixa pressão começava a se aprofundar rapidamente na costa do Uruguai, dando origem a um ciclone, enquanto organizava uma linha de instabilidade pré-frontal que avançava pelo Rio Grande do Sul com fortes a intensos vendavais, alguns destrutivos e com danos por rajadas acima de 100 km/h.

Nesta segunda, o ciclone já maduro, se intensificou ainda mais com queda acentuada da pressão atmosférica em seu centro, à medida que se distanciava do continente sobre o Oceano Atlântico.

Os mapas abaixo com a análise do modelo meteorológico europeu mostram como foi significativa a queda da pressão atmosférica neste sistema. Na manhã de domingo, a baixa pressão estava com 999 hPa na altura da província de Buenos Aires.

Hoje de manhã, o mesmo sistema estava com uma pressão de 970 hPa em mar aberto, longe do continente, nas coordenadas 40ºS e 42ºW, portanto relativamente distante de terra firme no Sul do Brasil.

METSUL

METSUL

Uma queda de 999 hPa para 970 hPa significa uma diferença de 29 hPa em 24 horas, ou seja, foi preenchido o critério para a classificação de um ciclone bomba que é de uma queda da pressão de ao menos 24 hPa em intervalo de 24 horas.

A tendência é de este ciclone se intensificar ainda mais. O modelo meteorológico europeu projeta pressão central no sistema na manhã desta terça-feira de apenas 940 hPa. São impressionantes 59 hPa a menos em 48 horas em relação à manhã do domingo.

METSUL

O sistema vai estar ainda mais longe da América do Sul do que hoje, não apresentado qualquer risco de vento em terra firme. Aliás, justamente pelo ciclone bomba ter se formado mais longe de terra, ao contrário do episódio de 2020, foi que não houve vento intenso de natureza ciclônica por horas seguidas.

O que é ciclone bomba

Um ciclone bomba é um sistema de baixa pressão atmosférica que se intensifica rapidamente em um curto período de tempo, geralmente associado a condições severas. O termo “bomba”, usado mundialmente, refere-se ao rápido aprofundamento do ciclone, caracterizado por uma queda de pelo menos 24 milibares ou hectopascais na pressão atmosférica no centro do ciclone em 24 horas, um fenômeno conhecido como “ciclogênese explosiva”.

Esse tipo de ciclone é comum em regiões onde massas de ar quente e frio interagem, como ao longo das costas marítimas ou em zonas de transição climática, casos das latitudes médias da América do Sul.

A diferença extrema de temperatura (ar quente e frio) e de pressão entre essas massas de ar gera ventos fortes, chuvas intensas e, em alguns casos, tempestades de neve ou granizo, conforme a parte do mundo e a época do ano.  Embora o termo “bomba” possa parecer alarmante, ele é uma descrição técnica e não deve ser confundido com eventos catastróficos globais.

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