Devastação em Surigao, na Filipinas, depois da passagem do supertufão Rai com vento de 200 km/h e chuva intensa | PHILIPPINE COAST GUARD (PCG)/DIVULGAÇÃO/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Um poderoso tufão deixou pelo menos 19 pessoas mortas, cortou energia e comunicações em províncias inteiras e causou destruição generalizada no Centro das Filipinas. Um governador disse que sua ilha “desapareceu”. O supertufão Rai, o mais potente a atingir as Filipinas neste ano, arrancou árvores, derrubou linhas de transmissão e inundou cidades inteiras.

As ilhas Dinagat, uma das primeiras províncias a serem atingidas pelos ventos arrasadores do tufão, seguiam incomunicáveis neste sábado devido aos cortes de energia e de linhas de comunicação. O governador Arlene Bag-ao, contudo, conseguiu publicar um comunicado no site da província para dizer que a ilha de cerca de 180.000 foi “destruída”.

Mais de 300 mil pessoas abandonaram casas e hotéis à medida que o ciclone Rai avançava pelas regiões Centro e Sul do país, interrompendo as comunicações em algumas áreas e arrancando telhados dos edifícios. Além dos moradores, há muitos turistas nacionais. O supertufão chegou à ilha com vento sustentado de 195 km/h.

As autoridades filipinas anunciaram que pelo menos 19 pessoas morreram na passagem do ciclone que se dirigia para a turística ilha de Palawan antes de entrar no Mar da China Meridional em direção ao Vietnã. Muitos voos foram suspensos, e dezenas de portos permanecem temporariamente fechados, diante da advertência de grandes ondas que podem provocar “inundações fatais” em áreas costeiras baixas.

“Estamos vendo pessoas perambulando pelas ruas, muitas em estado de choque”, relatou Dennis Datu, correspondente da emissora local ABS-CBN, falando da cidade devastada de Surigao, na ilha de Mindanao. “Todos os prédios estão seriamente danificados, incluindo o escritório provincial da agência de desastres. Parece que foi atingido por uma bomba”, acrescentou.

Graves inundações nas Filipinas com a chuva extrema trazida pela passagem do supertufão Rai que se formou muito tardiamente e fora da temporada normal de ciclones tropicais intensos na região | PHILIPPINE COAST GUARD (PCG)/DIVULGAÇÃO/AFP/METSUL METEOROLOGIA

“Esta tempestade monstruosa é aterrorizante e ameaça atingir comunidades costeiras como um trem de carga”, advertiu ontem o diretor da Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho nas Filipinas, Alberto Bocanegra. “Estamos muito preocupados que a mudança climática esteja tornando os tufões mais violentos e imprevisíveis”, acrescentou.

Na província central de Bohol, que foi atingida diretamente pelo tufão, a guarda costeira disse que seu pessoal a bordo de botes resgatou moradores que estavam em telhados e árvores para buscar refúgio das águas que subiam rapidamente.

Nomeada como “Odette” nas Filipinas, a tempestade Rai se formou de forma tardia na temporada de tufões, que costuma se estender de julho a outubro. Um “supertufão” é um ciclone extremamente violento, equivalente a um furacão de categoria 5 (máximo da escala Saffir-Simpson) no Atlântico. Apenas em torno de cinco são registrados a cada ano no mundo.

Rai se tornou um dos ciclones tropicais mais intensos no planeta neste ano na quarta-feira e entrou para a pequena lista dos sistemas que atingiram categoria 5. O planeta teve antes cinco tempestades de categoria 5, a grande maioria no Oceano Pacífico.

Foram os casos do supertufão Mindulle no Noroeste do Pacífico em 26 de setembro; o supertufão Chanthu no Noroeste do Pacífico e perto das Filipinas em 10 de setembro; o supertufão Surigae no Noroeste do Pacífico e perto das Filipinas em 17 de abril; o ciclone tropical Faraji no Sudoeste do Oceano Índico em 8 de fevereiro; e o ciclone tropical Niran no Oceano Pacífico Sul em 5 de março, conforme levantamento do meteorologista Jeff Masters da Yale Climate Connections.