A MetSul Meteorologia reforça o alerta que um centro de baixa pressão agora sobre o estado de São Paulo vai dar origem a um ciclone na costa do Sudeste do Brasil entre amanhã (25) e quarta-feira (26) com risco de chuva localmente forte e temporais isolados risco de granizo e vento forte.

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A instabilidade associada ao centro de baixa pressão e à ciclogênese (formação do ciclone) gerará movimentos convectivos na atmosfera, especialmente da tarde para a noite, com a formação de nuvens carregadas capazes de gerar chuva localmente forte a intensa e temporais isolados de granizo (com variado tamanho) e vento forte nesta segunda-feira entre o Sul e o Sudeste do Brasil.
A presença de ar muito quente sobre o Centro do Brasil com calor intenso vai contribuir para a forte instabilidade do centro de baixa pressão com risco de novos temporais de granizo, assim como já ocorreu no fim de semana tanto no Sul do Brasil como no interior de São Paulo.
A baixa pressão que trará os temporais nesta segunda vai formar o ciclone entre os litorais de São Paulo e Rio de Janeiro amanhã, alterando o padrão de tempo no Sudeste e influenciando áreas do Sul e do Nordeste.
Nesta segunda (24), no fim do dia, o sistema de baixa se aprofunda junto à costa paulista, reforçando a instabilidade na Região Sudeste e novamente em áreas do Paraná, Santa Catarina e do Norte gaúcho.
Amanhã (25), inicia-se a ciclogênese propriamente dita, com o sistema ganhando força e ainda perto do continente. Nessa fase, o ciclone deve provocar chuva no Leste paulista, no Rio de Janeiro, no Norte e Leste de Minas Gerais e no Espírito Santo. Especialmente no território capixaba, há risco de chuva forte e temporais.
Entre quarta (26) e quinta (27), o sistema estará plenamente configurado no oceano, próximo das coordenadas 27ºS e 35ºO, mais distante da costa e com pressão mínima entre 995 hPa e 997 hPa. A partir daí, o ramo frontal associado ao ciclone avança para o Norte, levando precipitação forte para o Norte do Espírito Santo, Norte de Minas e Sul da Bahia, onde pontos isolados podem registrar volumes muito altos em curto período.
Para o restante da semana, as projeções indicam que o ciclone seguirá se afastando rapidamente em direção ao Leste-Sudeste, permanecendo em mar aberto até se dissipar entre 30 de novembro e 1º de dezembro, já muito longe da América do Sul.
Chuva volumosa pelo ciclone
O principal efeito no continente da área de baixa pressão e do ciclone subsequente será a ocorrência de chuva, que tende a ser localmente volumosa a excessiva com acumulados de 100 mm a 200 mm em pontos do Sul, Sudeste e mesmo do Nordeste do Brasil.
Os modelos indicam acumulados muito elevados entre o extremo Nordeste de Santa Catarina, litoral do Paraná e partes do Sul e do litoral de São Paulo, onde a combinação com relevo pode gerar marcas de 100 mm a 200 mm ou até mais, oferecendo risco de inundações e deslizamentos.
Nas últimas horas, pelo efeito da baixa pressão com uma frente semi-estacionária, já choveu muito no Nordeste catarinense com acumulados até o fim da manhã desta segunda de 150 mm em Balneário Barra do Sul, 149 mm em São Francisco do Sul, 148 mm em Araquari, 124 em Itapoá e 113 mm em Luiz Alves. Em Joinville, que registrou alagamentos, caíram 70 mm. No Paraná, a chuva já atinge 110 mm em Guaratuba.
No interior paulista, em áreas do Rio, Minas e Espírito Santo, são previstos acumulados isolados de 50 mm a 100 mm, com picos localizados superiores. No Norte de Minas e no Sul da Bahia, pelo ramo frontal do ciclone, a chuva pode ser ainda mais volumosa, alcançando 100 mm a 200 mm em alguns pontos.
Em relação ao vento, as rajadas mais fortes ficarão no mar, acima de 100 km/h, o que reduz o potencial de impacto direto em terra. Mesmo assim, o Rio de Janeiro pode registrar rajadas de 50 km/h a 70 km/h na terça-feira, com picos isoladamente maiores.
Ciclone Caiobá?
O sistema deve começar com características limítrofes entre extratropical e subtropical, tornando a classificação subjetiva. A Marinha é responsável por definir se o ciclone será subtropical ou não, embora meteorologistas ressaltem que o ideal seria essa atribuição caber ao Inmet. Em nossa análise, o ciclone deve ser subtropical entre terça e quinta, o que não ocorre no Atlântico Sul desde a tempestade Biguá em dezembro de 2024.
Se ganhar força suficiente — com vento sustentado de pelo menos 63 km/h — e for classificado como subtropical, o sistema será nomeado Caiobá. A atribuição de nome, porém, não indica maior potencial destrutivo. Ciclones extratropicais intensos continuam sendo os sistemas de maior impacto histórico no Atlântico Sul, inclusive mais do que os sistemas subtropicais ou tropicais, que são menos comuns.
