Anúncios

Uma forte ressaca do mar atinge o Rio de Janeiro como consequência do ciclone extratropical que se formou na costa do Rio Grande do Sul na segunda-feira com ventos acima de 150 km/h em alto mar. Ontem, a Avenida Delfim Moreira chegou a ser fechada no Leblon com o avanço do mar.

REPRODUÇÃO

As imagens do mar avançando sobre a orla da cidade do Rio de Janeiro com a forte ressaca do mar trouxeram a memória de um episódio célebre envolvendo um dos maiores nomes do rock brasileiro.

Em 17 de maio de 1977, Raul Seixas, enquanto dirigia pelo Leblon, no Rio de Janeiro, teve seu carro atingido por uma onda durante uma ressaca do mar em uma cena icônica da história do “Maluco Beleza”, falecido em 1989.

A jornalista Glória Maria, da TV Globo, que estava cobrindo a ressaca para o Jornal Nacional, entrevistou Raul sobre o ocorrido. Raul, em sua característica postura irreverente, declarou que “a onda está certa”, defendendo a natureza e criticando os aterros na orla.

A entrevista, que se tornou famosa, mostra Raul afirmando que a ressaca era um “primeiro vômito” e um “primeiro anúncio” de que o Rio de Janeiro estava abaixo do nível do mar, e que os aterros estavam errados.

Seu carro, um Dodge Polara, foi bastante danificado pela onda. A cena foi registrada e transmitida pelo Jornal Nacional, mostrando o cantor com seu carro avariado, defendendo a natureza e criticando a ocupação da orla com edifícios.

Ciclones extratropicais que se formam no Atlântico Sul, especialmente entre o Uruguai, o Rio Grande do Sul e a região sudeste do Brasil, geram ventos muito intensos sobre o oceano.

Esses ventos fortes atuam sobre a superfície do mar e formam ondas grandes, que se organizam em sistemas chamados swell. Mesmo que o centro do ciclone esteja distante — muitas vezes a milhares de quilômetros do litoral do Rio de Janeiro — o swell gerado por ele pode viajar longas distâncias pelo oceano em direção ao Norte.

Foi o que ocorreu em 17 de maio de 1977, quando o mar inundou o carro de Raul Seixas. A imagem de satélite daquele dia mostrava uma frente fria no Sudeste do Brasil associada a um ciclone extratropical no Atlântico Sul que estava a milhares de quilômetros do Rio de Janeiro.

Imagem de satélite de 17 de maio de 1977 | NOAA/METSUL

As ondas não perdem tanta energia ao longo do caminho, e quando encontram o litoral do Sudeste, especialmente a costa voltada para sul ou sudeste, como acontece em muitas praias do Rio de Janeiro, provocam a elevação significativa da maré e da altura das ondas, gerando a ressaca.

A geografia da costa fluminense favorece esse impacto, já que muitas praias estão diretamente expostas à direção de onde vêm essas ondas profundas.

Assim, mesmo sem vento forte local ou tempo instável, o mar pode ficar muito agitado, com ondas que quebram com força e causam alagamentos costeiros, destruição de calçadões e avanço do mar. Por isso, episódios de ressaca no Rio de Janeiro costumam estar associados a ciclones extratropicais que estão muito ao sul, mas com grande capacidade de gerar swell oceânico.

A MetSul Meteorologia está nos canais do WhatsApp. Inscreva-se aqui para ter acesso ao canal no aplicativo de mensagens e receber as previsões, alertas e informações sobre o que de mais importante ocorre no tempo e clima do Brasil e no mundo, com dados e informações exclusivos do nosso time de meteorologistas.