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Ciclone bomba em 1/7/2020

O inverno de 2020 se aproxima do fim e o maior evento meteorológico no Sul do Brasil e no país nesta estação foi o ciclone bomba de 30 de junho e 1º de julho. Doze pessoas morreram e os danos materiais foram extensos. Muito raramente, um desastre natural traz número tão elevado de vítimas. Episódios de chuva com deslizamentos são os que têm maior propensão para gerar alto número de fatalidades no Sul do país, sobretudo em Santa Catarina.

Uma das histórias menos contadas do ciclone bomba deste inverno foi que se tratou do maior desastre a ter atingido a rede elétrica do Sul do Brasil em todos os tempos. Devido ao vento, perto de 10 milhões de pessoas ficaram sem luz em algum momento no Sul do Brasil com danos para a rede elétrica com extensão jamais observada na região.

A Defesa Civil de Santa Catarina chegou a afirmar que os estragos chegaram a ser mais extensos que os registrados no furacão Catarina de 2004, que provocou danos estimados em mais de um bilhão de reais. No evento de 2020, o evento atingiu número muito maior de municípios que em 2004.


O vento se deu em dois momentos no ciclone bomba deste ano. No dia 30 de junho, uma linha de instabilidade se formou com tempestades muito severas de vento sobre a Metade Norte gaúcha e que avançou para Santa Catarina e o Paraná, com vendavais de caráter destrutivo numa extensa faixa. Esta linha se originou no ambiente ciclogenético (de formação do ciclone) e em Santa Catarina chegou a trazer vento de 180 km/h que foi registrado por estação meteorológica na região de Joinville. No dia seguinte, o vento ciclônico que soprou forte a intensamente por horas atingiu mais o Sul e o Leste gaúcho.

CEEE/Divulgação

No Rio Grande do Sul, os impactos do ciclone bomba do começo deste inverno foram mais graves na área de concessão da CEEE-D. Cerca de 850 mil unidades consumidoras ficaram sem energia por conta do ciclone bomba da virada de junho para julho, mais de um quarto da população gaúcha. Na área da CEEE-D, no pico, 750 mil clientes estavam sem energia, especialmente no Litoral Norte e região metropolitana, mas com reflexos graves ainda no Litoral Sul e no Sul do Estado. Um levantamento da empresa mostrou que o vento derrubou 677 postes na área de concessão da CEEE-D e que 63 transformadores queimaram ou sofreram avarias.

CEEE/Divulgação

Cerca de dois mil profissionais da empresa entre eletricistas, equipes de retaguarda, terceirizados e teleatendentes foram mobilizados na recomposição da rede. Entre as principais ocorrências estiveram quedas de árvores sobre a rede elétrica, que causaram rompimento de fios e postes em toda a área de concessão. No Litoral Norte, duas linhas de transmissão foram interrompidas. Uma ligando a subestação (SE) Arroio do Sal à SE Capão Novo (que abastece mais de 33 mil clientes) e a outra que faz a conexão da SE Atlântida Sul 2 à SE Torres (que abastece mais de 51 mil clientes).

A despeito da severidade dos danos em sua rede, em menos de 72 horas chegou a 98% a normalização do serviço na área de concessão da CEEE-D. Nos Estados Unidos, após episódios muito graves de vento com intensidade semelhante ao que se viu no Sul do Brasil, tal patamar de normalização costuma ser alcançado apenas depois de uma semana, segundo dados do Departamento de Energia norte-americano. Houve casos em que a energia somente foi normalizada após meses, caso da tempestade Sandy de 2012.

Em Santa Catarina, os danos causados pelo ciclone bomba’ no dia 30 de junho à rede elétrica foram os piores da história do estado, apontou um levantamento das Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc). Mais de 1,5 milhão de imóveis chegaram a ficar sem luz, ou grande parte da população catarinense.

Celesc/Divulgação

Somente na Grande Florianópolis, foram mais de 180 postes trocados e 35 transformadores substituídos. Para concluir os reparos necessários, foram usadas mais de cinco toneladas de cabos de alumínio e cobre. A empresa definiu como “operação de guerra” o esforço para recuperar a rede destruída. Somente após dez dias, apesar de todos os esforços e tal a magnitude dos danos, foi possível normalizar o quadro para 99% dos consumidores.

Todo o contingente da Celesc foi a campo e, em parceria com as equipes de empresas terceirizadas, foi formado um batalhão de 1,3 mil profissionais para recuperar o sistema, além de mais 200 técnicos e engenheiros na operação. Com mais de 80 caminhões de manutenção pesada e 280 caminhonetes, as equipes da Celesc enfrentaram destroços, água, lama e mau tempo. Na manhã seguinte ao vento destrutivo, o fornecimento de energia havia sido restabelecido para metade dos clientes afetados. Passadas 24h, um milhão de unidades voltaram a ter luz em Santa Catarina.

Celesc/Divulgação

Não bastassem os danos definidos pela empresa como de “proporções históricas em plena pandemia”, as fortes tempestades romperam ainda cabos de fibra ótica que atendem o sistema de telecomunicação da empresa, deixando os religadores sem comando remoto e o call center sem comunicação.

No Paraná, os danos causados foram descritos pela Copel como o “pior evento climático da história da empresa”. Mais de mil eletricistas foram a campo em todo o Paraná no episódio para recuperar a rede elétrica afetada.

COPEL/Divulgação

COPEL/Divulgação

Equipes chegaram a ser deslocadas de diversas regiões para a área de Curitiba que foi uma das mais atingidas. Houve um alto número de árvores e postes caídos. A Copel contabilizou 1,8 milhão de unidades consumidoras que ficaram alternadamente sem luz, 38% do total de unidades consumidoras atendidas pela empresa.

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