Um ciclone bomba no Atlântico Sul se aprofundou 62 hPa em apenas dois dias, conforme análise do modelo do Centro Meteorológico Europeu. Trata-se de uma intensificação que pode ser descrita como notável e impressionante, uma vez que para um ciclone ser classificado como bomba a pressão deve cair ao menos 24 hPa em 24 horas.
O ciclone bomba estava nesta terça-feira muito ao Sul no Atlântico, ao Norte das Ilhas Geórgia do Sul e Sandwich do Sul, com o seu centro a 2.500 quilômetros a Sudeste do Rio Grande do Sul, sem oferecer qualquer risco para o território brasileiro.
Foi a formação deste ciclone na noite de domingo junto ao litoral do Uruguai que organizou uma linha de instabilidade e a frente fria com temporais fortes a severos no Rio Grande do Sul com vento acima de 100 km/h em alguns pontos e que deixaram milhões de gaúchos sem luz, além de ter causado danos e transtornos em diversas cidades.
Embora ciclones muito intensos não sejam incomuns mais ao Sul do Atlântico, que se registre um ciclone bomba no Atlântico Sul com queda de pressão de mais de 60 hPa em apenas dois dias é muito pouco frequente de se observar, portanto é um evento que não é nada habitual nesta época do ano.
Os mapas abaixo com a análise do modelo meteorológico europeu mostram como foi significativa a queda da pressão atmosférica neste sistema. Às 9h da manhã de domingo, a baixa pressão estava com 999 hPa na altura da província de Buenos Aires.
Às 9h de ontem, o mesmo sistema estava com uma pressão de 970 hPa em mar aberto, longe do continente, nas coordenadas 40ºS e 42ºW, portanto relativamente distante de terra firme no Sul do Brasil.
Uma queda de 999 hPa para 970 hPa significa uma diferença de 29 hPa em 24 horas, ou seja, foi preenchido o critério para a classificação de um ciclone bomba que é de uma queda da pressão de ao menos 24 hPa em intervalo de 24 horas.
Hoje, às 9h da manhã, o ciclone estava com pressão central de 937 hPa muito ao Sul do Atlântico, uma queda da pressão de 62 hPa em relação ao mesmo horário no domingo, quando era uma baixa pressão em aprofundamento na ciclogênese (formação do ciclone) no Centro da Argentina.
Para se ter uma ideia de quão intenso é este ciclone extratropical muito ao Sul do Atlântico, a sua pressão de 937 hPa na manhã de hoje era equivalente a de um furacão categoria 4 (920 hPa a 944 hPa) fosse um ciclone tropical no Atlântico Norte.
Foi justamente pelo ciclone bomba ter se formado mais longe de terra firme e ter se distanciado rapidamente, ao contrário do episódio de julho de 2020, foi que não houve vento intenso de natureza ciclônica por horas seguidas no Rio Grande do Sul na segunda-feira.
Mesmo muito distante, como é um ciclone enorme e muitíssimo intenso, o seu campo de vento forte em mar aberto é muito amplo. Por isso, o ciclone bomba provoca uma enorme área de swell no Atlântico Sul.
Com isso, a agitação marítima aumentou hoje no Litoral Sul do Rio Grande do Sul e as ondas devem aumentar a partir de agora também em praias do Litoral Norte gaúcho, de Santa Catarina e do Paraná com risco de ressaca, mas que não deve ser muito grande.
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