O fim de semana terá a volta da chuva ao Rio Grande do Sul e com volumes elevados na Metade Norte do estado, prevendo-se pouca chuva para a Metade Sul gaúcha. Dados analisado pela MetSul indicam a possibilidade de pontos da Metade Norte registrarem apenas entre amanhã e domingo 75% a 100% da média histórica do mês de junho todo.
Esta sexta-feira é ensolarada no Rio Grande do Sul e os rios estão baixando, exceção do Uruguai na Fronteira Oeste, mas amanhã haverá uma grande mudança do tempo durante o dia com aumento de nebulosidade seguido de chuva.
O retorno da chuva será favorecido inicialmente pelo avanço de ar mais quente sobre Santa Catarina e o Paraná em altitude que, ao encontrar a massa de ar frio sobre o Sul do Brasil, vai instabilizar a atmosfera.
Na sequência, com um centro de baixa pressão na costa e o avanço de uma nova massa de ar frio de Sul, organiza-se uma frente fria que traz chuva mais forte para a Metade Norte.
O novo episódio de chuva vai ocorrer no momento em que diversos rios do Rio Grande do Sul estão com os seus níveis muito altos e alguns ainda acima da cota de inundação, o que traz um cenário hidrológico demasiadamente preocupante.
O tempo começa a se instabilizar ainda na manhã de sábado com chuva em pontos da Metade Norte gaúcha. Da tarde para a noite, a instabilidade ganha força com chuva na maior parte do estado, exceção de algumas localidades da fronteira com o Uruguai.
No domingo, com uma área de baixa pressão na costa e o avanço do ar mais frio sobre a massa de ar quente mais ao Norte, a chuva tende a se intensificar muito em horas entre a madrugada e de manhã na Metade Norte gaúcha com a frente fria, diminuindo e parando em muitos pontos da tarde para a noite, embora ainda chova em alguns locais como o Sul pela circulação da área de baixa pressão.
Na segunda-feira, com o ingresso de ar mais frio, o tempo firma na maior parte do estado com sol e nuvens, mas algumas localidades ainda devem ter momentos com maior nebulosidade e chance de chuva ou garoa passageira, especialmente no Leste e no Nordeste do estado.
Veja as últimas projeções de chuva
Os mapas abaixo mostram as projeções de chuva da rodada da 0Z de hoje dos modelos do Centro Meteorológico Europeu (ECMWF), do Centro Alemão (Icon), do Met Office do Reino Unido (UKMET) e do nosso modelo de alta resolução WRF.

METSUL

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Há um consenso entre os dados que as regiões que terão mais chuva serão as Missões e o Noroeste, o Planalto Médio, os vales, a Serra, os Campos de Cima da Serra, e o Litoral Norte. Nestas áreas, volumes de 50 mm a 100 mm devem ser generalizados com marcas de 100 mm a 150 mm em alguns pontos, não se afastando volumes isolados superiores.
Em alguns pontos, a chuva tão-somente entre o final do sábado e o início do domingo, em intervalo de apenas 12 horas, pode atingir marcas perto e acima de 100 mm em algumas localidades, o que potencializa o risco de alagamentos, inundações repentinas e movimentos de massa em encostas com deslizamentos de terra e quedas de barreiras.
Os mais recentes dados deslocaram a faixa de chuva volumosa um pouco mais para o Norte, reduzindo a chuva na área metropolitana de Porto Alegre. Dados que apontavam acumulados na Grande Porto Alegre de até 100 mm ou mais na quarta e ontem reduziram as projeções hoje para 50 mm a 75 mm no setor Norte da área metropolitana e 30 mm a 50 mm mais ao Sul, não se afastando marcas superiores. Ou seja, deve chover mais em municípios como Campo Bom e Novo Hamburgo que em Guaíba ou Barra do Ribeiro.
Mesmo com a redução dos volumes indicadas nos modelos para a área metropolitana, o cenário segue de risco de alagamentos. Vários arroios, ademais, estão sendo represados pelos níveis altos do Guaíba e dos rios, o que pode trazer extravasamento.
Chuva causará nova subida de rios
Os altos volumes de chuva e mesmo localmente excessivos indicados para este fim de semana vão levar inevitavelmente a uma piora do quadro hidrológico em parte do Rio Grande do Sul, notadamente nas bacias que têm suas nascentes na Metade Norte do estado.
A redução da chuva na Grande Porto Alegre pelos modelos não tem grande impacto na previsão do Guaíba e dos principais rios porque relevante é que o chove nas nascentes (Planalto, Serra e Litoral Norte) e na parte superior das bacias do rios, estando a área metropolitana já na parte final das bacias antes do desague no delta do Jacuí.
De acordo com a análise da MetSul, os grandes rios que mais devem ser impactados por este evento de chuva devem ser o Uruguai na Fronteira Oeste (pela chuva que cairá no Noroeste e no Norte do estado assim como na nascente no Rio Pelotas nos Campos de Cima da Serra), Taquari, Caí, Paranhana, Sinos e Gravataí.
Estes cinco rios que cortam os vales têm suas nascentes na Serra, nos Campos de Cima da Serra e entre a Serra e Litoral Norte, onde deve chover muito. O Taquari ainda recebe na macrobacia a água da chuva que cai no setor mais a Leste do Planalto Médio, onde também choverá com elevados volumes.
Como alguns destes rios seguem altos ou muito altos, uma nova onda de vazão com certeza trará repiques de cheias (Taquari, Caí e Paranhana) e agravamento das cheias que prosseguem (Sinos e Gravataí).
A chuva deve ainda novamente cair com altos volumes nas nascentes do Jacuí, no Norte do estado, mas na maior parte da bacia, em especial no Centro do estado, não deve chover muito. Com isso, o Jacuí voltará se elevar, mas sem atingir as cotas da última semana.

Modelo hidrológico indica maior impacto da chuva deste fim de semana nos rios Uruguai, Taquari, Caí, Paranhana, Sinos e Gravataí | ECMWF
O Guaíba (acompanhe o nível aqui) recebe as águas de todos estes rios (Jacuí, Taquari, Caí, Sinos e Gravataí). Uma vez que o nível estará ainda muito alto e haverá uma terceira onda de vazão, e que pode ser significativa, inevitavelmente o nível subirá na semana que vem, com terça a quinta sendo os dias de maior preocupação pelo tempo que a vazão leva para percorrer os rios chegar a área de Porto Alegre.
Enfatizamos mais uma vez que os volumes de chuva, embora altos, mesmo com o Guaíba elevado (vai estar mais baixo que hoje quando começar a subir novamente semana que vem), não indicam uma repetição de maio de 2024.
No melhor cenário (otimista), alcançará marcas próximas do pico da última quarta (ao redor dos 3 metros no Cais Mauá) e no pior cenário (pessimista) atingirá marcas perto ou ao redor dos picos das duas cheias do segundo semestre de 2023 (3,15 metros a 3,50 metros). Há o agravante que haverá vento muito forte na Lagoa dos Patos no domingo, antes mesma da chegada da vazão dos rios, e vento Sul com menor intensidade no decorrer da semana que vem, quando estiver chegando a vazão do rios.
Lembramos que Guaíba muito alto agrava a situação da inundação em Canoas, na praia de Paquetá, e represa o Sinos e o Gravataí nas pontas finais das bacias com alto risco em Canoas, Gravataí, Cachoeirinha e o Arroio Feijó (Alvorada).
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