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Falta um mês para o Natal, as decorações natalinas já podem ser vistas adornando casas e apartamentos, mas o que se sente na rua não diz que estamos quase no fim do mês de novembro. A sensação é estar no começo do outono com chuva, vento e frio.

Gramado, decorada para o Natal, tem fim de semana com chuva e frio | DENIS GOERL

Ontem, o Rio Grande do Sul registrou mínimas de 7,3ºC em Pinheiro Machado; 8,4ºC em Pedras Altas; 9,4ºC em Herval; 10,0ºC em Aceguá; 10,3ºC em Hulha Negra; 10,4ºC em Cerrito; 10,8ºC em Jaguarão; 10,9ºC em Canguçu; 11,0ºC em Bagé; 11,2ºC em Pedro Osório; 11,3ºC em Piratini; 11,4ºC em Candiota; 11,5ºC em São Gabriel; 11,5ºC em Pelotas; 11,6ºC em Vila Nova do Sul; 11,8ºC em Uruguaiana e Lavras do Sul; e 11,9ºC em Dom Pedrito e Quaraí.

Hoje cedo, as mínimas no estado foram de 5,8ºC em Pinheiro Machado; 7,8ºC em Bagé; 8,1ºC em Pedras Altas; 8,5ºC em Hulha Negra; 8,8ºC em Herval; e 9,6ºC em São José dos Ausentes.

Mas o frio não tem se limitado durante a noite. Com abundante nebulosidade e até chuva e garoa no Nordeste gaúcho, as baixas temperaturas para esta época do ano têm prosseguido durante o dia, especialmente na Serra.

Ao meio-dia deste domingo, estações meteorológicas indicavam apenas 11,1ºC em São José dos Ausentes; 11,7ºC em Cambará do Sul; 11,8ºC em Rolante; 12,8ºC em Canela; 13,2ºC em Gramado; e 13,8ºC em Morro Reuter. Porto Alegre, com céu encoberto, estava com apenas 20ºC a 21ºC e vento que soprou durante a manhã com quase 50 km/h.

Mas o que está acontecendo neste fim de novembro com frio fora de época e baixas temperaturas até durante a tarde? O que explica isso.

São duas condições concomitantes que estão em cena e favorecendo frio muito tardio: uma está na Antártida e outra no Oceano Pacífico, com impactos no clima mundial e que afetam o Sul do Brasil. Como elas devem persistir, este não será o último frio do ano e dezembro também terá alguns dias com temperatura baixa.

Mudança de ventos na Antártida favorece chegada de ar frio

A chamada Oscilação Antártica (AAO) ou Modelo Anular Sul ou Meridional é uma das mais importantes variáveis que impacta as condições no Brasil e no Hemisfério Sul, tanto na chuva como na temperatura. Desde a metade de outubro ela tem sido negativa e, nos últimos dias, tem estado ainda mais negativa.

Do que se trata? Trata-se de um índice de variabilidade relacionado ao cinturão de vento e de baixas pressões ao redor da Antártida. A Oscilação Antártica tem duas fases. A positiva e a negativa.

ARTE: LEANDRO MACIEL

Na positiva, o cinturão de vento ao redor da Antártida se intensifica e se contrai em torno do Polo Sul. Já na fase negativa, o cinturão de vento enfraquece e se desloca para Norte, no sentido do Equador, obviamente sem atingir a faixa equatorial.

À medida que há uma maior ondulação da corrente de jato na fase negativa, crescem as chances de episódios tardios de frio porque o ar polar não fica retido na Antártida e consegue avançar até as latitudes médias, como é o caso do Sul do Brasil.

La Niña também impacta

Atualmente, o Pacífico Equatorial está em condições de La Niña, o que proporciona frio tardio na primavera porque altera o padrão de circulação atmosférica na América do Sul. Em anos de La Niña, o jato subtropical costuma ficar mais ondulado, o que facilita a incursão de massas de ar frio que avançam com maior profundidade pelo Cone Sul e alcançam o Brasil mesmo em meses mais tardios da estação.

A primavera em anos de La Niña tende a ser mais dinâmica, com contrastes fortes entre períodos de calor e entradas de ar frio, aumentando a probabilidade de episódios tardios de temperaturas baixas com ciclones e ondas de tempestades severas quando as massas de ar frio e quente se encontram.

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