A situação se deteriora a cada hora pela persistência da chuva e com volumes extremos em Santa Catarina. Várias regiões do Estado enfrentam problemas em consequência da precipitação excessiva com instabilidade que perdura desde sábado e ganhou força desde segunda-feira.
Há muitas ocorrências de deslizamentos de terra, inundações, cheias de rios, quedas de barreiras e problemas em rodovias. A situação se agravou muito ontem e com duas mortes em São Joaquim e tende a piorar ainda mais entre hoje e amanhã com chuva muito volumosa nesta quarta-feira em áreas do Meio-Oeste, do Sul, Leste e Nordeste catarinense.
Os modelos numéricos aumentaram muito as suas projeções de chuva para o Vale do Itajaí, na bacia do Rio Itajaí-Açu, onde o manancial subiu rapidamente nas últimas horas com cheias na região. O nível em Rio do Sul passava da cota de 8 metros no começo desta quarta-feira e a marca, conforme a Defesa Civil, atingiu a cota de emergencial.
Onde as condições se deterioram muito também entre a noite de ontem e a madrugada de hoje foi no Vale do Rio do Peixe, na região do Joaçaba e Videira, com acumulados acima de 200 mm em estações meteorológicas do Ciram na região. Ruas, prédios e casas foram tomados durante as últimas horas pela subida das águas com graves inundações.
Há registro de pessoas desabrigadas ou desalojadas em municípios como Lages, Videira, Laguna, dentre outras cidades. Vídeos circularam nas redes sociais de carros sendo arrastados pela correnteza nas cidades de Pouso Redondo e de Iomerê, mas não houve vítimas e os ocupantes dos veículos foram resgatados pelos bombeiros e populares.
VIDEO | Carros foram arrastados pela força da água e os ocupantes resgatados na SC-464, interior de Iomerê, em Santa Catarina. Em São Joaquim, dois mortos na queda de carro em riacho com forte correnteza. Leia os alertas e veja a cobertura da chuva em https://t.co/cCRIo33qLf. pic.twitter.com/CvkOIrnCmp
— MetSul.com (@metsul) May 4, 2022
💦 AGORA | Muito complicada a situação na bacia do Rio do Peixe, em Santa Catarina. Árvores inteiras são arrastadas para uma ponte nesta noite no Rio São Bento, no município de Ibicaré. Leia os alertas e acompanhe a cobertura da chuva em https://t.co/cCRIo33qLf. pic.twitter.com/ysN6cOLPE6
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💦 AGORA | Joaçaba, Videira e outros municípios são assolados por inundações e enchentes pela cheia do Rio do Peixe nesta noite. Leia os alertas e acompanhe a coberturas da chuva em Santa Catarina em https://t.co/cCRIo33qLf. pic.twitter.com/xubySVCxKQ
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A Prefeitura de Tubarão tem pronto decreto de situação de emergência e colocou toda a estrutura física e pessoal do Município à disposição da Defesa Civil. A decisão foi tomada no final da terça após avaliação de ocorrências na cidade e municípios próximos. O Rio Tubarão recebe água de quase todos os outros mananciais da região e, com o excesso de chuva em diversos pontos do Sul e do Leste catarinense, a tendência é de agravamento do quadro.
Volumes de chuva
Os mais altos volumes de chuva até agora se concentram no Meio-Oeste, Planalto Sul, Vale do Itajaí e na Grande Florianópolis. Veja os acumulados em 96 horas registrados até 6h desta quarta em estações da Epagri-Ciram:
São Joaquim: 268 mm
Urussanga: 266 mm
São Martinho: 261 mm
Florianópolis (Sul da ilha): 250 mm
Siderópolis: 240 mm
Mirim Doce: 231 mm
Rio Fortuna: 229 mm
Tubarão: 224 mm
São Cristovão do Sul: 222 mm
Braço do Norte: 219 mm
Tangará: 217 mm
Curitibanos: 216 mm
Rio das Antas: 212 mm
Videira: 206 mm
Nova Veneza: 204 mm
Timbé do Sul: 203 mm
Lages: 201 mm
Chuva excessiva hoje vai piorar enchentes
Os transtornos e os riscos aumentarão demais entre hoje e amanhã no estado catarinense com tendência de volumes localmente muito altos a extremos, possivelmente excepcionalmente altos em algumas localidades. Nesta quarta, durante todo o dia, ciclone atua muito perto da costa entre o Sul catarinense a região de Florianópolis.
Com isso, aumentará demais a chuva em pontos do Sul, do Leste e do Nordeste catarinense, embora não se descarte chuva localmente forte a intensa em outros pontos do Meio-Oeste. Bacias como do Tubarão, Araranguá, Rio do Peixe e Itajaí-Açu tendem a ser as mais críticas com elevação substancial dos níveis em diversas cidades e piora das enchentes.
Forte vento carregado de umidade soprará do mar pro continente e, ao encontrar o obstáculo do relevo da Serra, vai gerar chuva orográfica com volumes extremos nas encostas e em cidades a Leste das elevações do Planalto Sul Catarinense e do Parque Nacional dos Aparados da Serra, justamente as maiores elevações (cotas de altitude) do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.
A umidade vem do mar com o vento, alcança a barreira dos morros e montanhas, ascende na atmosfera a encontra camadas mais frias, condensando-se na forma de chuva. É o que se denomina de chuva orográfica, associada ao relevo e que não raro traz acumulados de precipitação extremamente altos.
O fluxo de umidade com vento forte do mar para o continente carregado de umidade gerará muita chuva no Sul de Santa Catarina, sobretudo em cidades na encosta ou a Leste da cadeia de morros do Parque Nacional dos Aparados da Serra e do Planalto Sul Catarinense. Efeito de orografia é esperado também na Grande Florianópolis e no Vale do Itajaí.
A BR-101 pode ter problemas tanto no lado gaúcho como catarinense da divisa estadual e a rodovia da Serra do Rio do Rastro deve voltar a ter ocorrências de desmoronamentos. O risco de chuva extrema se estende também a área mais ao Norte do litoral gaúcho entre Terra de Areia e Torres, o que inclui ainda as localidades de Três Cachoeiras e Morrinhos do Sul.
Áreas de maior risco
Os municípios que trazem a maior preocupação, a Leste das maiores elevações, no Sul de Santa Catarina incluem Praia Grande, Jacinto Machado, Tubarão, Criciúma, Sombrio, Içara, Urussanga, Forquilinha, Meleiro, Nova Veneza, Siderópolis, Orleans, Braço do Norte e Lauro Muller, dentre outros pontos destas regiões. Condição de alerta também para a Grande Florianópolis e de alto risco também no Vale do Itajaí, especialmente na zona de Rio do Sul. Nestas áreas, os riscos meteorológicos serão críticos e urge-se à população que esteja atenta às orientações de emergência das autoridades locais.