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Um homem passa por um carro danificado ao longo de uma rua inundada, após fortes chuvas no distrito de Mentougou, em Pequim. A capital chinesa tinha as ruas quase desertas nesta segunda após o governo apelar para que as pessoas trabalhassem em casa. | PEDRO PARDO/AFP/METSUL METEOROLOGIA 

Pelo menos 11 pessoas morreram e 13 estão desaparecidas depois que fortes chuvas atingiram Pequim, informou a mídia estatal a China nesta terça. A chuva submergiu estradas e inundou bairros com lama. A tempestade Doksuri, um ex-super tufão, varreu o Norte da China depois de atingir a província de Fujian, no Sul, na sexta-feira.

As fortes chuvas começaram a atingir a capital e arredores no sábado, com quase a média de chuva para todo o mês de julho em Pequim em apenas 40 horas. É um dos maiores episódios de precipitação em anos na capital chinesa.

Nas margens do rio Mentougou, uma das áreas mais afetadas, os repórteres da AFP viram detritos lamacentos espalhados pela estrada. Um homem disse à AFP que não via inundações tão graves desde julho de 2012, quando 79 pessoas morreram e dezenas de milhares foram evacuadas.

“Desta vez é muito maior do que isso”, disse ele, recusando-se a dar seu nome. “É um desastre natural, não há nada que você possa fazer”, disse à AFP um jovem de 20 anos, de sobrenome Qi, que esperava um táxi com sua avó em frente a um hospital. “(Nós) ainda temos que trabalhar duro e reconstruir”.

Nesta terça-feira, a emissora estatal CCTV informou que as chuvas mataram pelo menos 11 pessoas, duas das quais eram trabalhadores “mortos em serviço durante resgate e socorro”. Treze pessoas estão desaparecidas, mas outras 14 foram encontradas em segurança, disse a emissora.

O presidente Xi Jinping pediu na terça-feira “todos os esforços” para resgatar aqueles “desaparecidos ou isolados ” pelas chuvas. Mais de 100.000 pessoas consideradas em risco em toda a cidade foram evacuadas, de acordo com o jornal estatal Global Times. As autoridades alocaram 110 milhões de yuans (70 milhões de reais) para o trabalho de socorro em Pequim e nas províncias vizinhas, informou a CCTV.

Cerca de uma dúzia de veículos de emergência, incluindo caminhões com tanques de água e escavadeiras, foram vistos na estrada entre os distritos de Shijingshan e Mentougou. Partes da estrada ainda estavam fechadas e trabalhadores em capas de chuva laranja estavam usando pás para limpá-la.

O florista Wang Yongkun, 62, havia empilhado sacos de areia ao redor da porta de sua loja, mas o chão ainda estava coberto de lama. Ele disse que em 15 anos trabalhando lá nunca havia experimentado nada parecido com os últimos dias. “Começamos a limpeza ontem à tarde e acordamos novamente às sete hoje para continuar”, disse ele. “Você apenas tem que lidar com isso. Vamos suportar o que pudermos”.

Rio Yongding transbordou após fortes chuvas no distrito de Mentougou, em Pequim. Fortes chuvas atingiram o Norte da China, matando ao menos duas pessoas em Pequim enquanto arrastavam carros e inundavam estações de metrô com a capital emitindo seus maiores alertas para inundações e deslizamentos de terra. | PEDRO PARDO/AFP/METSUL METEOROLOGIA 

Cerca de 150.000 residências em Mentougou ficaram sem água corrente, informou o jornal local do Partido Comunista Beijing Daily, com 45 caminhões-pipa enviados para fornecer suprimentos de emergência. Mais ao Sul, no distrito de Fangshan, o rio Dashi transbordou, com árvores ao longo da margem parcialmente submersas e algumas seções da estrada isoladas.

As estradas estavam cobertas de lama, folhagem e vários detritos. Repórteres da AFP viram pontes desabadas em dois locais, com moradores dizendo que os danos ocorreram durante as chuvas. Vídeos anteriores de mídia social marcados em Fangshan mostraram vários carros sendo arrastados por estradas transformadas em rios.

Imagens ao vivo da emissora CCTV na manhã de terça-feira mostraram uma fileira de ônibus meio submersos na enchente. No estacionamento de um complexo de apartamentos, carros empilhados uns sobre os outros, alarmes ainda soando, enquanto as pessoas faziam fila com baldes e outros recipientes para coletar água potável.

A mídia local publicou na segunda-feira imagens de cenas caóticas a bordo de trens de alta velocidade parados nos trilhos por até 30 horas, com passageiros reclamando que ficaram sem comida e água.

As autoridades “devem realocar adequadamente as pessoas afetadas, trabalhar rapidamente para reparar a infraestrutura danificada de transporte, comunicação e eletricidade e restaurar a ordem normal de produção e vida o mais rápido possível”, disse Xi na terça-feira.

A capital ativou um reservatório de controle de enchentes na segunda-feira pela primeira vez desde que foi construído em 1998, disse o Beijing Daily. Partes da província vizinha de Hebei permanecem sob alerta vermelho para tempestades, com as autoridades alertando sobre possíveis enchentes e deslizamentos de terra.

Em Handan, na província de Hebei, equipes de resgate levantadas por um guindaste alcançaram um homem preso em seu carro na enchente, levantando-o em segurança antes que o carro fosse virado e arrastado pela corrente.

A China tem experimentado clima extremo e registrado temperaturas recordes neste verão, eventos que os cientistas dizem que estão sendo exacerbados pelas mudanças climáticas. O país já está se preparando para a chegada de outro tufão – Khanun, a sexta tempestade do ano – ao se aproximar da costa Leste da China.