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O calor pode atingir níveis jamais registrados no Brasil nesta sexta-feira, durante o fim de semana e no começo da semana que vem, alerta a MetSul Meteorologia. As temperaturas máximas podem dizimar os recordes oficiais de temperatura de todos os tempos do estado do Mato Grosso, de sua capital Cuiabá e mesmo do Brasil inteiro. O máximo do calor deve ocorrer na Baixada Cuiabana.

Modelos numéricos analisados pela MetSul Meteorologia indicam para esta sexta-feira, o fim de semana e o início da semana que vem temperaturas máximas no estado do Mato Grosso até 2ºC a 3ºC mais altas que as observadas nesta quinta, quando já fez mais de 43ºC.

Isso significa que há potencial para que sejam atingidas marcas de 45ºC ou 46ºC em algumas estações meteorológicas, o que oficialmente jamais foi observado pelo Instituto Nacional de Meteorologia no Brasil. Em algumas cidades, que não possuem medição instrumental de temperatura, máximas ainda mais elevadas podem ser registradas.

Trata-se de uma situação meteorológica extraordinária e histórica que se experimenta neste momento e tende a prosseguir no Centro-Oeste do Brasil. Há sobre a região um bolsão de ar excepcionalmente quente associado a um centro de baixa pressão sobre o Norte da Argentina e o Paraguai.

O calor excepcional se estende a Bolívia, ao Paraguai e o Norte da Argentina, com efeitos ainda em áreas mais ao Norte de São Paulo, Minas Gerais, Tocantins, Rondônia, Sul do Amazonas e do estado do Pará, onde as máximas nos próximos dias devem ficar perto ou acima de 40ºC em diferentes localidades.

Trata-se de uma situação tão extrema de calor que é muito possível que a temperatura nos próximos dias derrube o recorde nacional de temperatura máxima do Brasil de 44,8ºC, observado na estação do Instituto Nacional de Meteorologia em Nova Maringá, estado do Mato Grosso, em 4 e 5 de novembro de 2020.

Máximas observadas hoje

A maior temperatura observada hoje no Brasil se deu no estado de Goiás com 44,3ºC no município de Aragarças, na divisa com o Mato Grosso. Goiás anotou ainda hoje marcas de 40,3ºC em Porangatu e 40,1ºC no município de Goiás.

No Mato Grosso, as máximas de hoje foram de 43,3ºC em Cuiabá (estação convencional deve mostrar valor maior); 42,8ºC em Rondonópolis; 42,1ºC em Porto Estrela; 40,9ºC em Guiratinga, Gaúcha do Norte e Rosário Oeste; 40,5ºC em Paratininga; e 40,0ºC em Vila Bela da Santíssima Trindade e Pontes e Lacerda.

No Mato Grosso do Sul, as máximas desta quinta chegaram a 42,2ºC em Coxim; 42,1ºC em Porto Murtinho; 42,0ºC em Miranda; 41,5ºC em Nhumirim; 41,4ºC em Corumbá; e 40,8ºC no município de Aquidauana.

Outra bolha de calor traz o calor extremo

Uma bolha de calor, que se denomina também de domo ou cúpula de calor (em Inglês é chamada de heat dome) ocorre com áreas de alta pressão que atuam como cúpulas de calor, e têm ar descendente (subsidência). Isso comprime o ar no solo e através da compressão aquece a coluna de ar.

Em suma, uma cúpula de calor é criada quando uma área de alta pressão permanece sobre a mesma área por dias ou até semanas, prendendo ar muito quente por baixo assim como uma tampa em uma panela. Foi o que ocorreu na onda de calor histórica de setembro e novamente agora em outubro.

É um processo físico na atmosfera. As massas de ar quente se expandem verticalmente na atmosfera, criando uma cúpula de alta pressão que desvia os sistemas meteorológicos – como frentes frias – ao seu redor. À medida que o sistema de alta pressão se instala em determinada região, o ar abaixo aquece a atmosfera e dissipa a cobertura de nuvens. O alto ângulo do sol de verão combinado com o céu claro ou de poucas nuvens aquece ainda mais o solo.

Evidências de estudos sugerem que a mudança climática está aumentando a frequência de cúpulas de calor intensas, bombeando-as para mais alto na atmosfera, algo não muito diferente de adicionar mais ar quente a um balão de ar já aquecido. Por isso, vários estudos apontam aumento da intensidade, duração e frequência de ondas de calor no Brasil e ao redor do mundo.

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