Milton se transformou nesta segunda-feira em um furacão de categoria 5 – o máximo da escala Saffir-Simpson, sobre o Golfo do México, e se intensificou a uma velocidade recorde e absurda enquanto avança em direção à costa Oeste do estado norte-americano da Flórida.
Espera-se que o furacão atinja a costa na quarta-feira ou no início da quinta-feira como um “grande e poderoso furacão”, de acordo com o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC).
O órgão alerta para potencial maré oceânica devastadora de até cinco metros de altura em algumas áreas, com risco para a vulnerável Baía de Tampa. O escritório local de Tampa do Serviço Nacional de Meteorologia alertou que se a trajetória prevista se mantiver a região sofrerá o pior desastre em mais de um século.
Desde a noite de domingo, a taxa de intensificação da tempestade atingiu níveis extremos, passando de um furacão de categoria 1 para categoria 5. Na tarde desta segunda-feira, os ventos de pico chegaram a 290 km/h, um aumento de 145 km/h em pouco mais de 12 horas.
O Centro de Furacões descreveu o ritmo de intensificação da tempestade como “notável”. Esse desenvolvimento explosivo ocorreu sobre águas extremamente quentes no Golfo, com o calor extremo associado às mudanças climáticas causadas pelo homem que aquece cada vez mais os oceanos. Quanto mais quente as águas, mais energia para a intensificação de um ciclone.
A Climate Central em análise afirmou que “as temperaturas da superfície do mar na área região onde Milton ganhou força estão em níveis recordes ou acima deles. Uma análise rápida de atribuição determinou que essas temperaturas se tornaram até 400 a 800 vezes mais prováveis devido às mudanças climáticas nas últimas semanas.
Milton é o furacão mais forte no Golfo do México nesta época do ano desde pelo menos 1966 e o mais forte de qualquer mês desde Rita, em 2005. Ele está empatado como o quarto furacão mais forte no Atlântico ou no Golfo do México já registrado, com base na intensidade dos ventos.
É ainda o segundo furacão de categoria 5 da temporada de furacões do Atlântico de 2024, junto com a tempestade Beryl. Desde 1950, outros 5 anos tiveram dois ou mais furacões de categoria 5 do Atlântico: 1961 (Esther e Hattie), 2005 (Emily, Katrina, Rita e Wilma), 2007 (Dean e Felix), 2017 (Irma e Maria), e 2019 (Dorian e Lorenzo).
Os ventos máximos sustentados registrados hoje de Milton de 180 mph (290 km/h) foram os mais fortes para um furacão no Golfo do México tão tardiamente no ano civil já registrado. O último furacão no Atlântico com ventos neste patamar ou acima foi Rita em 22 de setembro de 2005.
A pressão atmosférica no centro do furacão Milton estava hoje à tarde em 905 hPa. Apenas cinco furacões atlânticos desde 1979 tiveram uma pressão mínima menor: Wilma em 2005 com 882 hPa; Gilbert em 1988 com 888 hPa; Rita em 2005 com 895 hPa; Allen em 1980 com 899 hPa; e Katrina em 2005 com 902 hPa. Os furacões Mitch (1998) e Dean (2007) também tiveram pressões mínimas de 905 hPa.
Embora Milton possa se intensificar um pouco mais além da força impressionante vista na tarde desta segunda-feira, há um limite para o quão forte um furacão pode se tornar, dado o seu ambiente – o que é chamado de intensidade potencial máxima. Para Milton, em sua localização atual, esse limite é calculado em cerca de 200 mph (320 km/h), com uma pressão central em torno de 890 mb.
A previsão é que o furacão atinja a costa Oeste da Flórida na tarde ou noite de quarta-feira e no máximo no começo da quinta. Apesar de algum enfraquecimento, Milton deve seguir um furacão intenso com categoria 3 ou acima, conforme o NHC, com ventos em torno de 200 km/h.
O campo de vento de Milton vai se expandir, o que fará com que a tempestade empurre a água contra a costa de maneira. O Centro Nacional de Furacões está alertando para uma maré de tempestades de até 2 a 5 metros ao longo de grande parte da costa do Golfo a Flórida, com o pior ao redor da Baía de Tampa.
Dependendo do trajeto exato de Milton, Tampa pode ficar na parte mais perigosa do furacão. A cidade é uma das mais vulneráveis nos Estados Unidos à elevação do mar por furacão e pode sofrer bilhões de dólares em danos no pior cenário, com alguns bairros completamente inundados e inacessíveis.
Meteorologistas norte-americanos entendem ser muito provável que o furacão Milton seja altamente destrutivo, custando mais de 10 bilhões de dólares para a Flórida, figurando entre os furacões de maior prejuízo já registrados nos EUA, dependendo dos detalhes finais de seu impacto. O risco também é alto de que Milton seja muito mortal se as pessoas em áreas baixas não seguirem as ordens de evacuação e não fugirem do furacão.
Em algum momento, provavelmente durante a noite ou amanhã, como ocorre com a maioria das tempestades de categoria 5, a tendência é de Milton enfraquecer por meio de um ciclo de substituição da parede do olho (eyewall replacement cycle).
Isso se dá quando uma nova parede de tempestades começa a se formar ao redor da parede do olho interna menor, sufocando sua fonte de umidade e criando um olho muito maior do furacão. Essa evolução provavelmente fará com que Milton enfraqueça gradualmente na terça-feira, mas aumente em tamanho.
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