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Meios de imprensa da Baixada Santistas noticiam que a cidade de Santos foi atingida ontem por um furacão. A Defesa Civil de São Paulo foi forçada a publicar comunicado em que desmente, com correção, a notícia. Não há, de fato, qualquer procedência sobre um furacão ter atingido a região.

Violento vendaval atingiu a cidade de Santos e outros municípios da Baixada Santista na tarde de ontem, causando muitos estragos. Estação meteorológica da Praticagem do Porto de Santos registrou rajada de vento de 151 km/h durante a passagem do temporal pela cidade do litoral paulista.

Uma rajada de vento de 151 km/h é equivalente à força do vento de furacão categoria 1 na escala Saffir-Simpson de furacões, que vai até 5, mas isso não significa que tenha sido um furacão a causa do vento extremamente forte que atingiu Santos e região na tarde de ontem.

Vários fenômenos meteorológicos conhecidos, que não um furacão (ciclone tropical), podem provocar vento com força de 150 km/h. Entre eles estão ciclones extratropicais, correntes descendentes de vento violentas (downbursts), tornados e frentes de rajada.

Justamente uma frente de rajada acompanhando uma poderosa linha de instabilidade na dianteira de uma frente fria associada ao ciclone extratropical em formação na costa do Rio Grande do Sul foi a causa do violento vendaval na Baixada Santista. Estas linhas de instabilidade, conhecidas em Inglês com squall lines ou QLCS, são capazes de gerar ventos horizontais e violentos.

Imagem de satéllite do GOES-16 das 15h da sexta em que se observa a linha de instabiidade avançando pelo estado de São Paulo e atingindo a baixada Santista | METSUL

O Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC) define em seu glossário um furacão como “um ciclone tropical de núcleo quente em que o vento de superfície máximo sustentado (usando a média de 1 minuto) é de 64 nós (119 km/h) ou mais”.

O termo furacão é usado para designar ciclones tropicais com esta velocidade de vento sustentado mínima no Hemisfério Norte a Leste da Linha Internacional da Data até o Meridiano de Greenwich. O termo tufão (que é o mesmo que um furacão) é usado para ciclones tropicais no Oceano Pacífico ao Norte do Equador, a Oeste da Linha Internacional da Data.

Nenhum ciclone tropical atuava ontem no Atlântico Sul, muito menos perto de Santos. Havia um ciclone extratropical em formação na costa gaúcha, a mil quilômetros ao Sul da Baixada Santista. Sem ciclone algum no litoral de São Paulo ou sequer perto, e em não sendo de natureza tropical, por óbvio Santos não foi atingida por um furacão.

Por fim, a velocidade de vento de 151 km/h no Porto de Santos foi uma rajada de vento, violenta, porém rápida, na escala de segundos, enquanto furacão gera vento sustentado acima de 120 km/h por horas seguidas, o que, obviamente, também descarta que o vendaval possa ser classificado como um furacão.