A MetSul Meteorologia alerta que a baixa pressão que dará origem a um ciclone na costa do Sudeste do Brasil entre terça e quarta-feira pode provocar chuva localmente forte e temporais isolados risco de granizo e vento forte em ao menos seis estados nesta segunda-feira (24).

Modelos europeu indica instabilidade mais forte pela baixa pressão nesta segunda entre Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Minas Gerais | METSUL
O risco se concentra no Norte do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná (mais no Leste dos dois estados), São Paulo (todas as regiões), Rio de Janeiro (muito isolado) e em Minas Gerais (maior risco no Sul mineiro). O Norte do Rio Grande do Sul já teve tempo severo com granizo grande neste domingo.
A instabilidade associada ao centro de baixa pressão gerará movimentos convectivos na atmosfera, especialmente da tarde para a noite, com a formação de nuvens carregadas capazes de gerar chuva localmente forte a intensa e temporais isolados de granizo (com variado tamanho) e vento forte.
A presença de ar muito quente sobre o Centro do Brasil com calor intenso vai contribuir para a forte instabilidade do centro de baixa pressão. Neste domingo, a temperatura durante a tarde atingiu 35ºC no interior de São Paulo e a 37ºC no Mato Grosso do Sul.
A baixa pressão que trará os temporais nesta segunda vai formar o ciclone entre os litorais de São Paulo e Rio de Janeiro na terça, alterando o padrão de tempo no Sudeste e influenciando áreas do Sul e do Nordeste. O sistema chama atenção por se desenvolver mais ao Norte do que costuma ocorrer no Atlântico Sul, onde a maior parte dos ciclones se origina em latitudes mais altas, entre a Argentina e o Rio Grande do Sul.
Nesta segunda (24), no fim do dia, o sistema se aprofunda junto à costa paulista, reforçando a instabilidade na Região Sudeste e novamente em áreas do Paraná, Santa Catarina e do Norte gaúcho. Na terça-feira (25), inicia-se a ciclogênese propriamente dita, com o sistema ganhando força enquanto se afasta gradualmente do continente.
Nessa fase, o ciclone deve provocar chuva no Leste paulista, no Rio de Janeiro, no Norte e Leste de Minas Gerais e no Espírito Santo. Especialmente no território capixaba, há risco de chuva forte e temporais.
Entre quarta (26) e quinta (27), o sistema estará plenamente configurado no oceano, próximo das coordenadas 27ºS e 35ºO, mais distante da costa e com pressão mínima entre 995 hPa e 997 hPa. A partir daí, o ramo frontal associado ao ciclone avança para o Norte, levando precipitação forte para o Norte do Espírito Santo, Norte de Minas e Sul da Bahia, onde pontos isolados podem registrar volumes muito altos em curto período.
Para o restante da semana, as projeções indicam que o ciclone seguirá se afastando rapidamente em direção ao Leste-Sudeste, permanecendo em mar aberto até se dissipar entre 30 de novembro e 1º de dezembro, já muito longe da América do Sul.
A chuva mais volumosa é prevista para São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais e está associada principalmente à fase inicial da baixa pressão. Quando o ciclone amadurecer, o fluxo oceânico tende a trazer ar mais seco para o Sudeste.
Os modelos indicam acumulados muito elevados entre o extremo Nordeste de Santa Catarina, litoral do Paraná e partes do Sul e do litoral de São Paulo, onde a combinação com relevo pode gerar marcas de 100 mm a 200 mm ou até mais, oferecendo risco de inundações e deslizamentos. No interior paulista, em áreas do Rio, Minas e Espírito Santo, são previstos acumulados isolados de 50 mm a 100 mm, com picos localizados superiores. No Norte de Minas, a chuva pode ser ainda mais volumosa, alcançando 100 mm a 200 mm em alguns pontos.
Em relação ao vento, as rajadas mais fortes ficarão no mar, acima de 100 km/h, o que reduz o potencial de impacto direto em terra. Mesmo assim, o Rio de Janeiro pode registrar rajadas de 50 km/h a 70 km/h na terça-feira, com picos isoladamente maiores.
O sistema deve começar com características limítrofes entre extratropical e subtropical, tornando a classificação subjetiva. A Marinha é responsável por definir se o ciclone será subtropical ou não, embora meteorologistas ressaltem que o ideal seria essa atribuição caber ao Inmet.
Se ganhar força suficiente — com vento sustentado de pelo menos 63 km/h — e for classificado como subtropical, o sistema será nomeado Caiobá. A atribuição de nome, porém, não indica maior potencial destrutivo. Ciclones extratropicais intensos continuam sendo os sistemas de maior impacto histórico no Atlântico Sul, inclusive mais do que os sistemas subtropicais ou tropicais, que são menos comuns.
