Avião norte-americano usado no combate a incêndios florestais está sendo empregado no Chile que vive uma onda de incêndios sob calor acima de 40ºC e uma megasseca que já dura treze anos | JAVIER TORRES/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Um avião-tanque está sendo usado para combater os incêndios florestais no Chile. Com a ajuda de contingentes de México, Colômbia, Espanha e Argentina, entre outros países, mais de 5.600 bombeiros e brigadistas florestais seguem tentando extinguir a onda de incêndios.

O DC-10 Ten Tanker, um avião norte-americano de combate ao fogo capaz de despejar 36 mil litros de retardante, voltou a apresentar problemas, pouco depois de retomar suas operações após uma falha mecânica anterior.

A aeronave, a maior de seu tipo disponível, chegou ao Chile na segunda-feira, e começou a operar no mesmo dia. Contudo, uma avaria em uma válvula em seu motor a deixou fora de operação. Depois de passar por reparos, voltou a atuar na quinta, mas apresentou problemas novamente no fim da tarde.

O Chile anunciou um toque de recolher noturno nas áreas mais atingidas pelos incêndios florestais no centro-sul do país, uma medida para evitar roubos e saques, enquanto o avião americano de combate a incêndios Ten Tanker voltou a apresentar problemas.

A restrição de circulação entrará em vigor à meia-noite de sexta-feira (10) e ficará ativa até as 5h da manhã. Será implementada em 28 municípios das regiões de Biobío, Ñuble e La Araucanía, onde foi declarado estado de catástrofe pelo presidente Gabriel Boric.

Em La Araucanía, o chefe militar da região, general Rubén Castillo, informou que o toque de recolher em 12 de seus municípios implica restrições ao transporte público, “principalmente na província de Malleco”.

Esta é uma das áreas mais marcadas pelos confrontos entre grupos mapuches e forças do Estado, no contexto de um conflito histórico pelas reivindicações de terras dos indígenas. Boric afirmou ontem que considerava “necessário” estabelecer toques de recolher para garantir a segurança das pessoas.

O ministro do Desenvolvimento Social, Giorgio Jackson, disse que a orientação do presidente Boric é “fazer tudo que estiver ao nosso alcance” para liberar a área para que brigadistas e bombeiros possam trabalhar, além de garantir a “segurança das famílias”.

Favorecidos por ventos moderados e fortes, temperaturas acima dos 40°C e uma seca que se arrasta há 13 anos, os incêndios florestais continuam aumentando no Chile desde seu início em 1º de fevereiro. São 323 focos ativos, e 90 estão sendo combatidos.

As autoridades elevaram os alertas para esta quinta e sexta-feira devido ao risco de o fogo se espalhar para outras regiões pelas altas temperaturas previstas. Os incêndios, que já deixaram ao menos 24 mortos e pelo menos 2.196 feridos, devastaram uma área de mais de 343 mil hectares nas regiões de Ñuble, Biobío, La Araucanía e Maule, uma superfície equivalente a um terço do território de Porto Rico.

Em uma semana, as chamas destruíram 1.205 residências e deixaram 5.570 pessoas desabrigadas, de acordo com o balanço oficial. Ivonne Rivas, prefeita de Tomé, um dos municípios onde foi imposto o toque de recolher, ressaltou à rádio Cooperativa a importância de oferecer “um pouco de tranquilidade às famílias que passaram maus bocados e que ainda estão passando por isso”.

Desde o começo da semana, partidos de oposição, prefeitos e organizações como a Corporação Chilena da Madeira (Corma), que reúne empresas florestais, pediram toques de recolher comunitários. Cerca de 20 pessoas foram presas por sua responsabilidade no início das queimadas.

A crise atual se parece cada vez mais com a do início de 2017, quando uma série de incêndios devastou 460 mil hectares. Deixou 11 mortos, cerca de 6 mil feridos e mais de 1,5 mil casas destruídas. Na época, os focos também haviam começado em áreas agrícolas e florestas, e depois avançaram para zonas habitadas.